Câmbio News

Análise do Mercado – 10/05/2011

O baixo volume revelado pelo giro no interbancário do mercado de câmbio no dia de ontem evidencia que a liquidez perdura baixa, o que pressiona como consequência o mercado de cupom cambial-DDI que provoca que o juro sobre dólar fique elevado…

O baixo volume revelado pelo giro no interbancário do mercado de câmbio no dia de ontem evidencia que a liquidez perdura baixa, o que pressiona como consequência o mercado de cupom cambial-DDI que provoca que o juro sobre dólar fique elevado, onde os “hedge funds” permanecem com posição líquida “vendida” de US$ 10,5 Bi, e isto resulta em pressão altista no preço da moeda americana.

Parece influência externa, mas as causas estão mais aqui do que lá fora, tanto é que abriu hoje com a discreta melhora da liquidez no nosso mercado, o dólar registrou desde o início queda no preço, embora a moeda americana estivesse na abertura sendo operada no exterior em alta frente ao Euro e a Libra Esterlina, situação que revela discreta volatilidade, mas se sustenta.

Certamente, os “hedge funds” estão aguardando que o BC entre no mercado com oferta de “swaps cambiais reversos”, mas ao que tudo indica a autoridade monetária não parece propensa a promover o alívio que esta intervenção traria, o que aumenta o risco de perda dos mesmos com o posicionamento atual.

Os fundamentos da formação do preço da moeda americana no nosso mercado estão mais atrelados em aspectos técnicos internos do que econômicos globais.

Contudo, o forte e surpreendente superávit comercial da China no mês de abril, coincidindo com indicativos de que está em andamento novo “socorro” financeiro à Grécia e ainda negócios corporativos nos Estados Unidos envolvendo a compra da Skype pela Microsoft, promovem a retomada do otimismo no mercado global, em especial nas bolsas de valores, afetando também a nossa BOVESPA, e reanimando o mercado de “commodities”.

A China apurou expressivo superávit comercial de US$ 11,43 Bi em abril, com crescimento das exportações de 29,9% e de 21,8% nas importações na comparação com abril de 2010, desfazendo as preocupações advindas do fato de ter registrado um déficit comercial de US$ 1,02 Bi no 1º trimestre deste ano. Importante ressaltar que houve uma redução de importação de minério de ferro da ordem de 11% em abril, o que impacta diretamente nos interesses brasileiros.

Até o petróleo, cujo mercado futuro foi afetado por elevação das margens pela CME e abriu em queda, já retomou o alinhamento de alta.

Os BCs concluíram ontem na Basiléia manifestando a obviedade de que o vai e vem nos preços das “commodities” pode refletir especulação, e se continuarem altos poderão contaminar outros setores e ampliar o impacto da inflação em toda a economia. Parece que olharam para o retrovisor, pois esta é uma situação presente e forte. Por outro lado, o BIS recomendou que os emergentes procurem desaquecer o ritmo de suas atividades, atribuindo aos mesmos a responsabilidade em parte da pressão sobre os preços das “commodities”.

A nossa BOVESPA vai aquém das perspectivas, mas na realidade perde atratividade para outras bolsas emergentes e mesmo Wall Street que acumula alta de 7% no ano enquanto aqui perdemos 7%, e as nossas “blue chips” maiores, Petrobrás e Vale têm sofrido restrições por parte dos investidores, visto que a 1ª não tem repassado as altas dos preços do petróleo para o preço do combustível nas bombas e a 2ª está sob observação, pois há o receio de interferência maior do governo na empresa. Bancos, embora com retrospectiva de substanciais lucros, são observados com maior rigor em cenário da atividade econômica tendente à perda de ritmo.

O que se acentua é o “sentimento de que a inflação está presente e forte” por parte da população, no exato momento em que o mercado financeiro vem alterando seu posicionamento para melhor acerca da formação das expectativas sobre a política governamental para a contenção das pressões inflacionárias.

Para um país que tem um histórico ainda recente de convivência com fortes índices inflacionários é sempre preocupante quando o sentimento da população começa a repercutir a percepção de que está comprando menos com o mesmo recurso.

Embora todo o cenário prospectivo sinalize que a “onda” de reajustes mais pesados já tenha passado e que a curva da inflação tende a convergir para índices mais baixos, não se pode perder de vista que, no começo do 2º semestre, terão início as negociações salariais que poderão promover outra rodada de pressão sobre os indicadores.

Este quadro é bastante sugestivo de que as elevações da SELIC mais graduais, por si só, não terão efeito isoladamente para promover a contração da curva inflacionária na medida necessária, razão pela qual, embora as autoridades se esforcem para desmentir, até porque não há condições para que assumam, pois seria desestimulante ao setor produtivo, acreditamos que o “real apreciado” deverá continuar sendo estimulado pelas intervenções do BC no mercado de câmbio, de forma sutil e técnica, pouco perceptível pela grande maioria, o que lhe permitirá atribuir como causa o fluxo.

Naturalmente, esta tese pública resistirá na medida em que o fluxo continue positivo.

 

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