Análise do Mercado – 10/08/2011

Não há razões para bom humor e nem otimismos, mas os mercados globais reagem como se estivessem querendo sair de uma forte “ressaca”, que ainda lhes deixa meio zonzos e sem saber o que fazer, até mesmo com reações inconsistentes e mutantes ante o mesmo fato…

Não há razões para bom humor e nem otimismos, mas os mercados globais reagem como se estivessem querendo sair de uma forte “ressaca”, que ainda lhes deixa meio zonzos e sem saber o que fazer, até mesmo com reações inconsistentes e mutantes ante o mesmo fato.

Depois das bruscas quedas na segunda-feira, até em percentuais muito exacerbados, e na terça-feira reações recuperatórias tão inconsequentes quanto às baixas extremada s da véspera.

Afinal, o FOMC trouxe a boa notícia de que os juros permanecerão baixos, entre zero e 0,25%, até meados de 2013, mas não “acendeu a luz no fundo do poço” que todos esperavam, ao contrário, expressou uma preocupação maior ao afirmar que a retomada da atividade econômica está consideravelmente mais lenta, e, não sinalizou a retomada das benesses financeiras, angustiosamente esperada pelo mercado financeiro.

As bolsas americanas vinham em forte alta e a manifestação do FOMC foi uma “ducha de água fria” no primeiro momento, provocando um mergulho rápido, para logo em seguida retomarem a linha de alta e assim encerraram seus pregões.

Os T-Bills, que ontem superaram bem o primeiro teste com um leilão de US$ 32,0 Bi ao prazo de 3 anos sem nenhuma repercussão nos custos do “downgrade” ocorrido, logo após a manifestação do FOMC acentuaram suas valorizações, com a curva de juro “yeld” para os títulos de 10 anos dando um mergulho até 2,03%, para depois fechar o dia sinalizando 2,18%.

Este comportamento dos T-Bills demonstra que é acentuada a demanda como refúgio seguro no movimento em curso do “fly to quality”, o mesmo sendo sinalizado pelo ouro.

No nosso entender os mercados financeiros estão sem tendências e sem perspectivas convictas, por isso, poderemos ter ainda muita volatilidade de forma bastante generalizada.

Não há tendências, e não acreditamos que seja possível tê-las no curto prazo.

O FED já inundou o mercado financeiro de recursos, ao mesmo tempo em que reduziu o juro que assim se mantém, e não logrou êxito. O problema americano é de falta de confiança, por isso o consumo está retraído, o que como consequência inibe os investimentos privados, e consequentemente não há expansão do emprego e da renda. Inundar o mercado financeiro com recursos outra vez só serviria para outra vez criar euforismos a partir da retomada de movimentos especulativos e assimétricos em relação à realidade do país.

Parece que está na hora do Presidente Obama conclamar o povo americano outra vez com o seu chavão eleitoral: “We can”, pois o que está faltando é a retomada da determinação de que é possível superar o quadro atual.

Já na Europa o problema é mais sério e vai exigir mais do BCE, seja como atuação forte demonstrando que poderá dar sustentabilidade às frágeis economias da comunidade, comprando seus títulos e equacionando seus endividamentos, e mais, procurando revisar o sistema organizacional do euro com regras e controles mais efetivos e procurando mitigar os riscos assumidos pelo sistema bancário com a excessiva alavancagem, que hoje impede de que as negociações possam reconhecer a realidade de que muitos países detêm passivos impagáveis, pois levaria muitos bancos à bancarrota.

Por aqui, a BOVESPA deu um “suspiro forte” ontem na busca da recuperação, mas há inúmeros fatores que não estimulam otimismo sobre o seu desempenho neste ano.

No mercado de câmbio uma volatilidade que representou 3% com o preço da moeda americana sendo pressionada até R$ 1,65 e caindo inesperadamente ao final do dia a R$ 1,59.

É natural admitirmos que as pressões normais, como temos salientado, possam elevar o preço um pouco acima de R$ 1,60, já que há saída de recursos estrangeiros aplicados em renda variável e acentuam o ritmo as remessas de passivos externos em moeda estrangeira, bem como de dividendos, lucros e juros s/capital, ao mesmo tempo em que, como consequência do cenário externo, diminuem os ingressos, ficando a oferta dependente dos exportadores com suas novas exportações ou das antigas que já tem os dólares “estocados” no exterior e que atingem algo como US$ 16,0 Bi.

Mas uma oscilação de 3% da forma ocorrida sugere que os “players” que estão “oversold” nos derivativos tenham realizado movimento no sentido da reversão, o que pode ter provocado a exacerbação um pouco além do ponto, e, depois que o FOMC anunciou que o juro nos Estados Unidos vai continuar baixíssimo até meados de 2013, a pressão e pressa para a reversão tenha sido relaxada e a taxa cedeu tão rápida e abruptamente.

Mas de toda forma foi um movimento atípico, que precisa ser melhor observado para uma análise mais precisa.

Como temos salientado, o Brasil está bem, melhor agora do que na crise de 2008, com o crédito de ter superado aquela crise e ter sabido utilizar bem suas reservas cambiais e os volumosos depósitos compulsórios dos bancos que detém para suprir o mercado interno e o seu dinamismo, não havendo dependência externa.

Problema no mercado de câmbio somente estes “players” que construíram posições especulativas extremamente excessivas pró-real, portanto “vendidas”, e que estão em situação de desconforto, e toda vez que fizerem movimentos no sentido de revertê-las provocarão impactos na taxa cambial.

 

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