Análise do Mercado – 10/06/2011

O mercado financeiro global teve ontem um “espasmo” de melhora dentro do cenário negativo que tem prevalecido, contudo, como decorreu de fatores pouco consistentes, não se sustenta hoje e, assim, retoma o seu estado letárgico e a…

O mercado financeiro global teve ontem um “espasmo” de melhora dentro do cenário negativo que tem prevalecido, contudo, como decorreu de fatores pouco consistentes, não se sustenta hoje e, assim, retoma o seu estado letárgico e a convivência com vastas incertezas.

Ontem, o mercado americano valeu-se do indicativo de um déficit comercial menor dos Estados Unidos em abril, decorrente de uma discreta alta nas exportações e uma substantiva redução de 25% das importações japonesas, e, de outro dado, absolutamente desalinhado com os indicadores mais recentes da economia, evidenciando a 3ª alta seguida da confiança do consumidor americano, justificada como consequência da queda dos preços da gasolina, um dado absolutamente volátil, que teria provocado melhora nas perspectivas (sic!) dos cidadãos.

Enquanto na Europa, envolvida pela decadência das economias periféricas e por desentendimentos sobre os critérios de novas rodadas de ajuda entre a Alemanha e o BCE, teria reagido pela oportunidade de ações com preços de oportunidade, principalmente do setor de “commodities”.

No “wake up” de hoje, reacendeu a percepção da realidade pouco promissora presente, e, assim o humor negativo foi retomado.

O sentimento de que a economia mundial está encontrando sérias dificuldades para sustentar a recuperação, não permite que se restabeleçam perspectivas mais favoráveis e nem se dissipem as incertezas. Há mesmo sinais de retrocessos, novos e renovados na economia americana; na Europa, com problemas fiscais com países periféricos e no Japão, recessão.

A China dá sinais de que pode estar com atividade mais lenta, com as exportações crescendo menos do que as importações, sendo que as vendas externas tiveram elevação de 19,4% em maio, base anual, após ter registrado 29,9% em abril, enquanto as compras externas cresceram 28,4% em maio base anual, após ter registrado 21,8% em abril. Poder-se-ia dizer que aumentando o volume de compras externas contribui com os mercados carentes em vendas externas, mas a China é uma processadora industrial, se diminuir suas vendas externas, certamente, em linha, também importará menos.

Então, os reflexos consequentes são naturais. Bolsas americanas e europeias voltam ao negativo, os T-Bills americanos de 10 anos sustentam taxa de rentabilidade de 2,96% aa em queda e o preço do petróleo perde força, cotado a US$ 99,25 o barril na Nymex. E, no jogo de quem está menos ruim, desta vez o US$ se recupera discretamente ante o Euro cotado a US$ 1,4404.

No Brasil, a nossa BOVESPA, carente de investidor estrangeiro e muito atrelada aos papéis de “commodities”, opera com forte queda, acompanhando sinalização de um “selloff” nas bolsas americanas que pode se intensificar.

A questão que se coloca no mercado global e atemoriza é: quando haverá o “estouro da boiada” ajustando os preços dos ativos inflados?

Esta é a pergunta que não deve ser feita e que preocupa a todos os “players” no cenário dos mercados globais.

O mundo globalizado parece menos preparado hoje, face à não existência de alternativas eficazes, para um repique do que aconteceu entre 2008/2009, com os problemas agora centrados nas economias e nos governos, que trouxeram para si os problemas oriundos dos mercados financeiros e mais especificamente de inúmeras instituições financeiras de grande porte.

Quando se foca este ponto, ganha lógica a proposta do Ministro das Finanças da Alemanha que deseja que as instituições financeiras credoras dos países em dificuldades, compartilhem dos “socorros financeiros” com a Comunidade Europeia e FMI.

Afinal, onde todos erraram, não parece certo que alguns fiquem na área de conforto.

No Brasil, dados do IBGE evidenciam que o emprego industrial teve uma leve queda em abril de 0,1% com ajuste sazonal, mas neste ano a expansão é positiva em 2,4%. É possível que este seja um sinal discreto da tendência que deverá se fortalecer nos próximos meses, já que a economia está em desaceleração.

O IBGE também divulgou que as vendas no varejo tiveram em abril a primeira queda em um ano, com a maioria das atividades pesquisadas apresentando retração frente ao mês anterior. Na comparação anual, a expansão em abril foi de 10,0%, abaixo da projeção dos analistas que era 11,0%.

No mercado de câmbio, reflexos dos posicionamentos dos “hedge funds” elevadamente “vendidos” no mercado de derivativos, US$ 20,3 Bi, ante o nervosismo presente no mercado externo que sempre coloca presente um risco de ajuste mais forte nos mercados globais que estão com ativos e indicadores exacerbados por especulação. A especulação tem sérias dificuldades de conviver com incertezas reais, portanto, não estimuladas pelos mesmos.

Isto está provocando a depreciação do real no nosso mercado neste momento, pois o volume da exposição a risco dos “hedge funds” é expressiva.

 

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