Análise do Mercado – 10/03/2011

As economias desenvolvidas procuram a saída ainda não encontrada para a superação da crise iniciada em 2008 que as afetou, e as emergentes, ao que tudo indica, começam a conviver mais intensamente com os problemas decorrentes de…

As economias desenvolvidas procuram a saída ainda não encontrada para a superação da crise iniciada em 2008 que as afetou, e as emergentes, ao que tudo indica, começam a conviver mais intensamente com os problemas decorrentes de quase terem se tornado desenvolvidas

Enfim, aparentemente, não há economia no cenário global sem problemas e incertezas, mesmo a China com a sua grandiosidade, visto que não tem mercado consumidor interno capaz de compensar o recuo das grandes economias, e já tem pressões inflacionárias fortes que sugerem que reduza o potencial de crescimento.

Enfim, quem estava mal, continua mal e quem acreditava estar muito bem, começa a perceber que os “bons ventos presentes até recentemente já não ventam como antes” e podem determinar mudanças de trajetórias.

Juros altos, juros baixos, moedas depreciadas, moedas apreciadas, descontroles fiscais, dificuldades crescentes para rolagens de dívidas por alguns países, conceitos de riscos mutantes, ações individualizadas na base do cada um por si, e se não bastasse, conflitos importantes em países produtores de petróleo, deposições consumadas e estimulantes a que novas sejam intentadas com agravamento de riscos de insuflar mais ainda o preço do petróleo, etc.

Parece cada vez mais difícil a superação deste quadro traumático em que foi colocada a economia mundial, que ficou à mercê das consequências das irresponsabilidades de governos e que fomentam os movimentos especulativos construídos rapidamente a partir dos cenários conflitantes e temerários.

Faltam certezas, propagam-se as incertezas! Dificílimo juntar os cacos!

Nosso Brasil do PIB de 7,5% em 2010, construído sobre infraestrutura frágil e muito crédito estimulando consumo das pessoas físicas, terá que, nos próximos 2 ou 3 anos, pagar o preço do euforismo ancorado na gastança sem se preocupar com a poupança, o que levou à exaustão os ganhos com arrecadação e colocou em risco severo o desequilíbrio fiscal. O ano de 2010 está revelando ter deixado para 2011 um “espólio” de difícil gestão.

A inflação contida à taxa de juro elevada e a dólar depreciado já não se revela responsiva à estratégia, que agora tem como elemento adicional cortes orçamentários da ordem de R$ 50,0 Bi ainda não bem digeridos pelos analistas e medidas prudenciais.

O governo quer crescer 5% e colocar a inflação na rota do centro da meta que é 4,5%. Os especialistas consideram incompatíveis entre si estes 2 objetivos, e já colocam a perspectiva de crescimento do PIB no entorno de 4,0% com viés de baixa e a inflação próxima de 6,0%.

A economia do país vai desaquecer, esta é a idéia, mas a percepção deste prognóstico ainda é frágil, os bancos oficiais ainda estão concedendo farto crédito ao consumo de pessoas físicas, a demanda ainda está acima do desejado e os números de empregos gerados em fevereiro, pré-anunciados pelo Ministério do Trabalho, acima de 205 mil, deixam evidente que o ritmo da economia ainda é muito forte.

A indústria nacional está desaquecendo pela firme invasão dos produtos importados, que no último trimestre de 2010 representaram 80% do crescimento dos produtos industrializados.

O COPOM vê a inflação aquecida até o 3º trimestre deste ano, parte como contribuição inercial de 2010, num ambiente em que partindo do dólar a R$ 1,65 e juro a 11,25% aa. projeta a inflação de 2011 acima do centro, sem, contudo, mencionar a projeção.

Mas deixou claro que continua confiando nas medidas prudenciais e num dólar no patamar atual.

O Ministério da Fazenda, desde a última sexta-feira, criou um fato, lançou a expectativa de que medidas serão baixadas visando à contenção da apreciação do real, e isto tem mantido o mercado financeiro e, em especial, o segmento câmbio em postura de atenção.

O fato é que não é uma verdade absoluta que o fluxo cambial seja o determinante do real apreciado. O BC retirou do mercado todo o excedente do fluxo cambial o ano passado e mais de US$ 20,0 Bi adicionais, o que, em termos de oferta e procura, deveria dar sustentabilidade ao preço. Porém, ao retirar montante além do excedente, estimulou a apreciação do real a partir das posições “vendidas” no mercado de câmbio dos bancos.

O real apreciado fez parte da política do governo para controlar a inflação e assim, ele mesmo, governo, incentivou a apreciação do real aos parâmetros atuais, e até menos num passado não tão recente. O fato é que “afundou” ao máximo o preço da moeda americana, utilizando-a como “co-âncora” no controle da inflação e estimulando as importações.

Colocado no limbo onde foi colocado por interesse da política governamental de controle da inflação, o preço da moeda americana não tem como recompor-se, pois não há demanda forte no mercado de câmbio e as “técnicas” utilizadas para apreciar o real não são aplicáveis para depreciá-lo.

Em razão disto é que vemos com muitas ressalvas quaisquer medidas que o governo venha a adotar focando a depreciação do real, até porque os recursos que têm ingressado no país, tanto em janeiro quanto em fevereiro, são oriundos de captações de recursos externos por empresas/bancos, já que o fluxo para investimentos em títulos de renda fixa e BOVESPA, foram negativos.

A melhor opção para o governo, nos parece, é render-se ante à realidade de que não conseguirá apreciar o preço da moeda americana, e assim, deixá-la no patamar atual onde contribui para o controle da inflação e desonerar as exportações não agrícolas e onerar as importações de bens não essenciais para nossa economia.

Quarentena, nova elevação do IOF, etc., só provocarão mais críticas, sem alcançar os objetivos desejados.

Evidentemente, não descartamos nunca medidas focando a modernidade operacional do nosso mercado de câmbio físico, ampliando-o em sua diversidade operacional promovendo aumento de volume e melhor formação do preço da moeda americana.

Pré-anúncios, sondagens abertas, etc., não são as melhores formas de introduzir medidas na área de câmbio.

No câmbio, não se avisa, baixa-se a norma e ponto final.

 

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