O mercado de câmbio reagiu formando a taxa de câmbio absolutamente dentro do esperado, apreciando o real com fundamento na projeção prospectiva de aumento considerável do fluxo de recursos para o país, seja na forma de Pagamentos Antecipados às Exportações, que prevemos mais imediato, seja na forma de tomada de empréstimos
O mercado de câmbio reagiu formando a taxa de câmbio absolutamente dentro do esperado, apreciando o real com fundamento na projeção prospectiva de aumento considerável do fluxo de recursos para o país, seja na forma de Pagamentos Antecipados às Exportações, que prevemos mais imediato, seja na forma de tomada de empréstimos externos por parte das empresas, que imaginamos deva se acentuar mais ao início do ano, embora já sendo incluídos de imediato no planejamento orçamentário das mesmas para 2013.
Embora o Ministro Mantega tenha manifestado que o governo poderá liberar outras “travas” do câmbio, nos parece que as já ocorridas são suficientes para reestabelecer, neste momento, volumes de ingressos de divisas à vista para dar suporte à demanda.
Está absolutamente evidente que o governo não deseja o preço da moeda americana acima de R$ 2,10, por ter preocupações com a inflação. Embora a veja acima da meta neste ano de 2012 como citado na Ata da reunião do COPOM, acredita que com a manutenção da taxa SELIC por tempo “suficientemente prolongado” o IPCA tenderá a convergir para a meta estabelecida pelo governo, de 4,5%.
Nossa percepção tem sido que o BC deverá flexionar a taxa cambial elevando-a gradativamente, desde que os indicadores inflacionários cedam, num movimento tipicamente pendular.
Salvo engano, deveremos ter um período de “mercado cambial sem graça e sem emoções” neste final do ano, pois se é esperado um aumento da demanda, agora é possível imaginar-se um aumento da oferta.
Mas, mais importante do que isto é que a quebra das amarras ocorrida cria melhores perspectivas para o fluxo cambial a partir de janeiro, e, particularmente, tínhamos sérias preocupações de que pudéssemos iniciar o ano no vermelho, o que seria muito ruim.
À margem das medidas no segmento câmbio da economia, o governo, que parece ter sido surpreendido negativamente pelo PIB do 3º trimestre deste ano, passou a agir demonstrando estar seriamente preocupado, e, como consequência passou a anunciar uma enorme pauta de ações focando as deficiências estruturais do país que são relevantes.
O grande desafio é superar as barreiras da burocracia, que são maiores do que os anseios e necessidades do país, o que de forma contumaz cria expectativas fortes quando medidas são anunciadas e desapontamentos na execução por deficiências de gestão.
Mas é preciso dar um voto de confiança, afinal o Brasil tem pressa para não voltar a ser o “país do futuro”. E afinal, já está bem claro que 2013 será um ano difícil, provavelmente não muito diferente de 2012 a nível global, e o Brasil precisa fazer diferente para não sucumbir junto.