O atual e futuro Ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem enfatizando veementemente novas diretrizes e estratégias no desenvolvimento da política monetária e fiscal, que, naturalmente, repercutirão na política cambial, que, se tudo…
O atual e futuro Ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem enfatizando veementemente novas diretrizes e estratégias no desenvolvimento da política monetária e fiscal, que, naturalmente, repercutirão na política cambial, que, se tudo acontecer como está sendo dito, naturalmente estará menos servil ao controle inflacionário como tem estado ao longo do atual governo, e poderá proporcionar uma taxa cambial para a moeda americana mais equilibrada, viabilizando as exportações dos setores não agrícolas.
As medidas recentemente anunciadas pelo BC em conformidade com o CMN, que é presidido pelo Ministro da Fazenda, foram “prudenciais” no sentido de evitar “bolhas” pelos excessos de crédito às pessoas físicas e por prazos longos, mas tem objetivos macroeconômicos e efeitos pontuais sobre as pressões inflacionárias advindas do consumo interno aquecido.
Mas apesar dos anúncios do Ministro da Fazenda e das medidas adotadas, nos parece que o mercado financeiro está reticente em “acreditar” em tudo que ouve, e, ainda não tem uma percepção muito clara sobre os efeitos das medidas restritivas à liquidez e aos financiamentos longos de bens duráveis e de consumo às pessoas físicas, além de mudanças envolvendo o BNDES que deverão repercutir no segmento de pessoas jurídicas.
Por isso continua agindo e projetando, como sempre tem feito, com base na utilização de um único mecanismo de controle inflacionário, a alta da SELIC, ignorando por vezes que a taxa do real apreciado é também consequência de indução estratégica dos gestores governamentais para controlar a inflação e não consequente do tão decantado fluxo cambial.
Este “descrédito” parece fundamentar-se na dificuldade de admitir que o governo possa alterar tão radicalmente a sua postura, a ponto de diferenciar-se tão fortemente do governo que sucede e que foi determinante para o sucesso eleitoral.
Não identificamos algo como um “enfrentamento”, mas como “querer ver para crer”, pois, além das medidas recentes do BC, tudo o mais é retórica até o momento.
Mas consideramos que há consideráveis razões para que o modelo de controle de inflação seja alterado em seus mecanismos, mantendo-se fidelidade ao regime de metas, pois um crescimento menor exigirá que seja reaberta a janela das exportações para os setores industriais que vinham encontrando no mercado interno a compensação pela inviabilidade de exportar em decorrência da taxa cambial excessivamente deprimida.
Na reunião que se inicia hoje do COPOM não esperamos alteração da taxa SELIC. A intensificação da apreciação do real, mesmo em momentos em que o dólar se recupera lá fora, parece ser um sinal de que a estratégia de contenção da inflação está sendo maximizado por este atalho, e assim o novo governo terá um intervalo de 45 dias para aferir os sinais iniciais das medidas impactando na liquidez e no crédito.
O fortalecimento gradual da apreciação do real, seguramente induzida pelo BC com a manutenção e ampliação das “posições vendidas” dos bancos no mercado à vista, funciona como antídoto alternativo e mais imediato as pressões inflacionárias, e isto nos faz crer que poderá determinar que seja mantido até o final deste ano.
No cenário externo, a cada fato novo reações imediatas, para o bem ou para o mal.
Hoje o anúncio do acordo do Presidente Barack Obama com os republicanos, prorrogando por mais 2 anos o estímulo de cortes de impostos concedido pelo então Presidente Bush, gera otimismo. Economistas não consideram que seja um estímulo efetivo, visto que somente mantém as taxas atualmente em vigor, mas consideram que se os impostos voltassem a subir com o termino da concessão, o crescimento poderia ser prejudicado. A renúncia fiscal é estimada entre US$ 600 bi a US$ 800 bi, e é vista como positiva no curto prazo, mas danosa no longo prazo. A diferença em questão é que os republicanos desejam o beneficio para todos, ricos e pobres.
Como a medida sinaliza que recursos que poderiam sair da economia não sairão, os mercados financeiros repercutem com otimismo.
O Euro se valoriza ante o US$ valendo US$ 1,34. Os T-Bills abrem suas taxas de rentabilidade para os papéis de 10 anos passando de 2,94% para 3,05% e o petróleo em alta é negociado a US$ 90,19 o barril na Nymex.