Análise do Mercado – 06/12/2010

É crivel admitir-se que as medidas adotadas pelo BC, em linha uniforme com o Conselho Monetário Nacional, já tenham influência da nova dinâmica a ser introduzida pelo novo governo na condução da política monetária, permitindo-se…

É crivel admitir-se que as medidas adotadas pelo BC, em linha uniforme com o Conselho Monetário Nacional, já tenham influência da nova dinâmica a ser introduzida pelo novo governo na condução da política monetária, permitindo-se antever que outros mecanismos estratégicos de gestão tendem a ser utilizados, em detrimento da via única da elevação sistêmica da taxa SELIC, sempre que a inflação evidencia aquecimento.

A vanguarda do mercado que foca sempre a utilização da elevação da taxa de juros nos mo-mentos em que as pressões inflacionárias se acentuam, certamente foi surpreendida pois estava convencida de que a velha e costumeira prática seria acionada, e, acreditamos que a alta da SELIC foi tirada de foco para a reunião do COPOM desta semana, e, a atitude apertan-do a liquidez e o crédito ao consumo, já conspira contra as projeções mais exacerbadas de juros para o final de 2011.

A impressão que fica, embora prematura, é que a nova gestão de política monetária estará mais próxima do que vem sendo adotada pela China, que foca mais o controle da liquidez na gestão do controle inflacionário do que o aumento de taxa de juro.

O mercado conhece sobremaneira a relação causa-efeito das elevações da taxa SELIC, mas não há um visão consensual sobre os impactos na inflação do aperto na liquidez e no crédito ao consumo, que certamente atingirá mais as classes emergentes que tinham demandas reprimi- das e estavam consumindo forte com o crédito fácil e longo, determinando um crescimento não sustentável do PIB brasileiro e um sério risco da ocorrência de “bolha” pela assunção de dividas além da capacidade de pagamento.

Assim, utilizando novos instrumentos, o que não invalida que use de forma mais moderada e-ventual elevação da SELIC, poderá liberar o câmbio apreciado por indução da função de “coad-juvante” no controle da inflação, por vezes até instrumento principal, para que busque um preço mais equilibrado gradualmente, já que não pode fazê-lo de imediato por ainda existir a dependência, e assim viabilize a retomada da exportação da industria não agrícola de forma a compensar a queda do consumo interno.

Cresce a percepção de que a taxa SELIC deixará de “reinar” isoladamente, passando a ser um dos instrumentos, no controle da inflação e forçando a mudança cultural a respeito ao abrir a utilização de um leque maior de alternativas estratégicas para inibir as pressões inflacionárias.

Embora as medidas devam impactar já neste final do ano, será necessário observar-se a eficá-cia das mesmas por um período breve, e, até então, o BC deverá continuar utilizando o real a-preciado, até mesmo como instrumento principal e mais imediato, como antídoto as pressões inflacionárias.

Inegável nos parece a forte evidência de que o câmbio deixará de ser servil à política monetá-ria como tem sido, porém não se deve esperar nenhum preço explosivo, mas certamente mais equilibrado, viabilizando nossas exportações, pois precisaremos de um desempenho melhor da balança comercial, e, neutralizando as importações supérfluas que vem concorrer com a nossa industria nacional, em condições de desigualdade.

O Boletim FOCUS divulgado na sexta feira, dia 3 passado, já desconsidera a possibilidade de uma alta da SELIC na reunião do COPOM desta terça e quarta, mantendo-a para o final do ano em 10,75%, porém deixa evidente que ainda não ocorreu a sensibilização dos fatos novos para a projeção da SELIC em 2011, mantida em 12,25%, bastante improvável a partir dos novos indi-cios de um controle inflacionário com mais instrumentos.

Projeta o US$ no final do ano a R$ 1,71, mas acreditamos que com o COPOM não sancionando alta da SELIC, face as pressões inflacionárias presentes, poderá fechar abaixo deste piso, acen-tuando-se o seu papel de “ancora” deste controle, até que as medidas recentes revelem resul-tados. Em realidade, vislumbrava-se um câmbio mais elevado ao final do ano, contudo, o cenário global tem mudado muito e constantemente nos últimos meses, e a inflação oriunda das “commodities” passou a pressionar forte o IPCA, forçando o governo a utilizar o preço da moeda americana mais acentuadamente no controle da inflação.

Não compartilhamos das projeções colocadas para 2011, visto que temos uma transição de governo que aponta com mudanças de gestão de política monetária, cambial, fiscal, etc…….. e no mundo globalizado se tem predominantemente mais incertezas do que certezas, tendo sido uma surpresa a manifestação do Presidente do FED americano, de que o “quantitative easing 2” poderá ir alem dos montantes anunciados e que não vê a economia americana sob risco in-flacionário.

A única coisa que parece certa é que o Brasil crescerá menos!

 

Compartilhar :
plugins premium WordPress