O ambiente letárgico da economia mundial se sustenta demonstrando sua incapacidade de reação da atividade econômica e sem vislumbrar alternativas consistentes para a saída do atual “status quo”, porém o comportamento dos…
O ambiente letárgico da economia mundial se sustenta demonstrando sua incapacidade de reação da atividade econômica e sem vislumbrar alternativas consistentes para a saída do atual “status quo”, porém o comportamento dos preços e indicadores dos ativos financeiros oscila, chegando-se a conclusão que os mesmos fatos que “justificam” as altas num momento, vistos por ótica diferente servem para explicar as baixas num momento seguinte, sendo perceptível que, ocorre um “requentar” de mesmas causas, para o bem ou para o mal, provocando então movimentos ao estilo “gangorra”.
É a velha máxima de que os agentes financeiros ganham com o giro e num ambiente como presente, fomentam este ou aquele ponto dentro de um contexto presente quase estático, e assim temos altas e baixas com fundamentos extremamente frágeis, quando não inexistentes.
As bolsas asiáticas fecharam em baixa pelo quarto pregão seguido nesta quarta-feira, com preocupações sobre uma desaceleração do crescimento econômico global. Seria esta uma percepção nova? Evidentemente que não!
As bolsas europeias seguem a mesma “toada”, agregando os seus problemas “intestinos” representados pelos países periféricos com situações fiscais e emprego de difícil articulação, a despeito dos enormes aportes financeiros recebidos, e com um viés de tendência de que novos países passem a integrar esta zona de preocupação. Pesquisa do Goldman Sachs sugere que 9 das 91 instituições de crédito analisadas nos “testes de estresse” poderão ser reprovadas, o que exigiria aportes de capital da ordem de Euros 29 Bi. E, ainda há sinais de que o BCE possa vir a elevar o juro.
As bolsas americanas que ainda estão no “azul” no ano, não têm motivos para tanto, já que o desempenho da economia americana está revelando quadro antagônico às expectativas, e, parece que a recuperação gradual sempre destacada pelo Presidente do FED, Ben Bernanke, possa estar emitindo sinais de retrocesso. Neste mês chega ao fim o “QE2” que retirará parte da liquidez presente no mercado.
Os números da economia americana têm sido tão ruins que por si só dão um diagnóstico bastante transparente da situação. Contudo, o mercado ainda aguarda encontrar algum novo sinal na fala de Ben Bernanke, hoje à tarde, sempre com a esperança que novos planos de socorro venham a ser instituídos, mas o governo Obama está muito cerceado para novas benesses, face ao elevado endividamento e forte oposição do Congresso.
A bolsa brasileira não foge à regra, não se pode esperar desempenho destacado num ambiente de atividade econômica cadente, o que impacta nos papéis da indústria e de consumo, enquanto que os papéis de “commodities” devem sustentar volatilidade.
O fluxo de recursos externos destinados a investimentos em renda fixa, principalmente, poderão perdurar estimulados pela ampliação dos diferenciais de crescimento e das taxas de juros entre países emergentes e desenvolvidos. Contudo, a diminuição da liquidez internacional poderá provocar alguma contração. Para a renda variável não acreditamos que seja retomado de forma sustentável, ocorrendo somente em momentos pontuais, como IPO´s.
Fatores pontuais e transparentes determinam oscilações entre as paridades de dólar, euro e yens, e são constantes as flutuações na medida em que ocorre a percepção sobre “quem está pior”, além de fatores adicionais como taxa de juro, etc.
Desta forma, as “commodities” têm se tornado alternativa defensiva para os investidores, porém, notoriamente os parâmetros de preços atuais são incompatíveis com um cenário econômico global fragilizado em sua atividade e com dificuldades de retomada, revelando ocorrência de especulação.
Evidentemente, que os desajustes nos preços das “commodities” não se sustentarão se a recuperação da economia mundial não emitir sinais consistentes, e este parece ser o risco mais efetivo presente no momento, por isso, toda vez que um ou mais preços aponta para baixo as preocupações aumentam, da mesma forma quando a China, demandadora fundamental no cenário presente, adota medidas que sugerem pretender crescer menos.
No Brasil é a semana da reunião do COPOM que deliberará sobre a taxa de juro SELIC. A expectativa consensual é de elevação de 0,25%, passando-a para 12,25%. Porém, há muita expectativa sobre as sinalizações que o COPOM poderá emitir em sua Ata que será divulgada na quinta-feira da próxima semana.
Os resultados que a estratégia do governo vem mantendo, mixando medidas prudenciais com uma graduação de elevação da taxa SELIC menos afoita, sugere que a “terapia de tratamento das pressões inflacionárias” impõe, sempre e cautelarmente, observação das reações, não sugerindo comprometimentos maiores sobre decisões futuras.
É notório que os resultados alcançados até o presente chegam a surpreender os agentes do mercado, que viam solução somente pela elevação substantiva da taxa SELIC, prática contumaz dos governos antecedentes.
Contudo, o atual governo precisava retirar os “excessos” que restaram presentes no mercado financeiro e que fomentavam as pressões inflacionárias, para, a partir daí, fazer a gestão de controle.
A atividade econômica está cadente, os PIB´s dos trimestres próximos certamente evidenciarão esta realidade, tendendo a algo entre 3,5% a 4,0% no ano, e a retração das pressões de demanda deverá contribuir para o controle da inflação.
Ademais, há dois outros pontos relevantes.
O dólar depreciado continua sendo estimulado pelo BC na medida em que fomenta a continuidade das posições “vendidas” no mercado físico pelos bancos, situação que também se fortalece pelas posições “vendidas” nos derivativos mantidas pelos “hedge funds”, e este quadro é, também, um forte antídoto às pressões inflacionárias, principalmente as oriundas dos reflexos dos preços das “commodities”.
E, não podemos deixar de salientar que, com a atividade cadente, a dinâmica de criação de emprego tende a evidenciar os reflexos, que poderão influenciar a propensão ao consumo da população.
Concluindo, entendemos que as mutações externas e internas nos preços e indicativos dos ativos que se verificam no momento são carentes de fundamentos sustentáveis, portanto não revelam tendências, parecendo mesmo que o contexto global está aguardando por algo que esta por vir, enquanto isto gira os negócios, procurando dar algum dinamismo com base na supervalorização de um ou outro fato pontual.