O macro ambiente da economia global continua com a prevalência absoluta das incertezas, não havendo, portanto, tendências, mas sim constante volatilidade, repercutindo dados pontuais e não sustentáveis…
O macro ambiente da economia global continua com a prevalência absoluta das incertezas, não havendo, portanto, tendências, mas sim constante volatilidade, repercutindo dados pontuais e não sustentáveis.
Nos Estados Unidos sinais preocupantes de que pode estar desacelerando a atividade econômica de forma bastante evidente, contrariando as expectativas de recuperação lenta, num momento em que o FED está prestes a finalizar o “EQ2”. Numa economia dependente do consumo interno como ativador maior da recuperação, os sinais mais recentes foram fortemente decepcionantes.
E o pior é que as opções para fomentar a revitalização vão ficando escassas, até porque o governo já não dispõe de condições de realizar novos planos de ajuda, sem ter que suportar ferrenha oposição no Congresso e, até mesmo, por não haver clareza “por onde começar”.
Na Europa também perduram os quadros de dificuldades dos países periféricos, e está claro que numa segunda rodada de “socorro” a alguns países que não conseguiram superar seus problemas fiscais, emprego, retomada da atividade econômica, etc. após a 1ª rodada de considerável ajuda da Comunidade Europeia e FMI, haverá a imposição de intervenção na gestão fiscal, e, isto pode ser um entrave considerável.
Na Ásia, o Japão em recessão e a China sinalizando preocupações com a inflação, o que vem determinando medidas que podem impactar no ritmo de crescimento.
Este macro ambiente não tem revelado sinais de melhora, muito pelo contrário, o que torna atemorizante qualquer sinal de ajuste nas carteiras de ativos por parte dos investidores, posicionadas de forma especulativa, já que os níveis de preços são incompatíveis com o cenário econômico fragilizado nas principais economias.
Por outro lado, o Banco para Pagamentos Internacionais – BIS alerta para a alta do fluxo de capitais direcionados aos emergentes visando aplicações em títulos de renda fixa e variável, utilizando formas as mais diversas de ingresso nestes países, estimulados pela ampliação dos diferenciais de crescimento e das taxas de juros entre países emergentes e desenvolvidos.
No Brasil o real continua oscilando num piso muito baixo, após ter registrado alguma recuperação no mês de maio, mas não se pode atribuir ao fluxo cambial, que tem sido em sua quase totalidade esterilizado do mercado de câmbio físico pelo Banco Central do Brasil, que desta forma continua estimulando a manutenção das posições “vendidas” pelos bancos neste segmento.
A causa maior está nos posicionamentos dos “hedge funds” nos derivativos, dólar futuro e cupom cambial-DDI, e, não se pode negar que este nível de preço da moeda americana é um forte antídoto ao aumento das pressões inflacionárias, tornando-o importante fator complementar à taxa de juro SELIC na estratégia de contenção por parte do governo.
O cenário externo não recomenda movimentos especulativos fortes, pois é absolutamente factível que em algum momento possa ocorrer ajuste de posições decorrente de um agravamento de cenário.
Ajustes podem apreciar o dólar e depreciar as “commodities” que tinham um IC-Br do BC de 124,19 em maio do ano passado e subiram a 163,06 em maio deste ano, já em linha de desaceleração após 173,55 em março último, havendo, portanto, muita “gordura” nos preços, que não condizem com o comportamento da economia mundial.
Nesta semana teremos a reunião do COPOM que deliberará sobre a taxa SELIC, sendo consensual uma alta de 0,25%, passando-a para 12,25%, porém nutre-se expectativa pelo conteúdo da ATA que somente será divulgada na 5ª feira da semana próxima, e que poderá trazer alguma sinalização.
A inflação tem um viés cadente, respondendo as medidas adotadas pelo governo, e a atividade econômica está em desaceleração efetiva, com base nos números divulgados.
Embora o PIB tenha crescido no 1º trimestre 1,3%, há absoluta convicção de que nos próximos trimestres será cadente, e a perspectiva é de que fique entre 3,5% a 4,0% no ano.
O Boletim FOCUS, divulgado hoje com data de 3 de junho, continua atenuando as projeções do IPCA que agora foi reduzida de 6,23% para 6,22% no ano, mantendo 5,04% para os próximos 12 meses. No todo, as projeções permanecem inalteradas, exceto uma piora no crescimento da produção industrial que recuou de 3,73% para 3,50%