O FMI errou muito nos momentos antes da crise e durante a crise, e, agora surge com uma sugestão, no mínimo, “sui generis” sugerindo controle de fluxo cambial e juro baixo, após vários países já terem adotado diferentes modelos de “obstrução” ao…
O FMI errou muito nos momentos antes da crise e durante a crise, e, agora surge com uma sugestão, no mínimo, “sui generis” sugerindo controle de fluxo cambial e juro baixo, após vários países já terem adotado diferentes modelos de “obstrução” ao ingresso de recursos externos, combinados com atitudes diversas sobre os juros praticados.
No caso do Brasil a adoção de medidas restritivas mais rigorosas, como “quarentena” ou assemelhado, poderia provocar efeitos desgastantes para um país que necessita do capital externo para financiar seu déficit em transações correntes, pois mesmo que o fizesse seletivamente, acabaria por criar insegurança e poderia provocar um efeito de retração maior do que o objetivado.
Juro baixo no Brasil é algo impensável , visto que ainda não se conseguiu um bom fundamento crível para explicá-lo porque tão soberbamente alto para um país “investment grade”, mas também não se consegue eliminar a utilização desta circunstância como elemento principal de contenção das pressões inflacionárias.
Estamos assistindo no presente a reação persistente do mercado financeiro, por seus analistas, ao esforço tentativo das autoridades monetárias na busca de estratégia alternativa à contenção inflacionária, não priorizando o juro, mas sim a redução da liquidez e a retração da demanda de consumo das pessoas físicas.
Esperamos que as autoridades monetárias não sejam envolvidas por estas sugestões do FMI, para não complicar mais o quadro atual que já está afetado por um emaranhado de normas novas restritivas e tributárias focando a redução dos ingressos de recursos externos.
O momento sugere que as autoridades monetárias adotem as medidas de forma mais incisiva e sem grande alarde prévio, que é uma prática negativa para o mercado, pois fomenta expectativas e especulações, visto que há uma substantiva demora entre o “plantio” da idéia e a sua consumação.
A ação das autoridades monetárias deve focar diretamente os posicionamentos, sobre os quais tenha autoridade para interferir, buscando neutralizá-los nas consequências que se opõem aos objetivos da política monetária atual.
O cerceamento abrupto dos limites de posições “vendidas” dos bancos no mercado de câmbio físico, grande fonte de ingressos de curto prazo pelo mercado de câmbio gerando liquidez no mercado financeiro, até por uma questão de coerência, deveria ter sido adotado no mesmo momento do normativo que estabeleceu o IOF de 6% para os empréstimos externos de prazo até 360 dias. No caso das posições “vendidas”, a medida deve reduzi-las a um mínimo, para utilização transitória, e descaracterizá-la como uma posição “operacional”, que viabiliza formação de caixa em reais no país, além de ter um viés fomentador de apreciação do real.
As autoridades monetárias estão absolutamente “tardias” na atuação mais incisiva.
Se eliminar as posições “vendidas” dos bancos no mercado físico, determinando um prazo curto para enquadramento, provocará uma recuperação do preço da moeda americana e eliminará um fator fomentador a apreciação do real, forçando também a mutação dos posicionamentos no mercado de derivativos.
E, nesta linha, não deverá mais utilizar os instrumentos financeiros denominados “swaps cambiais reversos”, pois é forte indutor à apreciação do real, contrariamente ao que pode sugerir a sua definição teórica.
O fluxo cambial divulgado pelo BC hoje, com data base dia 1º de abril câmbio liquidado, efetivo da movimentação do mercado até 30 de março, demonstra que estava positivo em US$ 12,660 Bi, faltando agregar os volumes de 31 de março, liquidados em 4 de abril, e que ao longo de março o BC havia comprado US$ 8,825 Bi e os bancos estavam vendidos em US$ 8,830 Bi mais US$ 438 MM realizados em 30 e liquidados data base 1º de abril, ou seja US$ 9,268 Bi.
Não se apura pelos números a ocorrência de grande fluxo de ingresso líquido de divisas no mercado de câmbio, até o dia 30, que pudesse justificar a apreciação do real ocorrida, que, assim, confirma-se ter decorrido dos posicionamentos nos mercados de derivativos, em especial, por parte dos “hedge funds” que já detinham expressiva posição “vendida” especulativa.
Na mesma data, os bancos que estavam “vendidos” no mercado físico em US$ 9,268 Bi, tinham posições “compradas” de US$ 3,5 Bi no futuro de dólar e US$ 6,7 Bi no cupom cambial-DDI.
Enquanto o mercado convive com as expectativas de que novas medidas virão para afetar o câmbio, a taxa cambial perdura neste “marasmo” de mais do mesmo.
Urge, então, que o governo tome as medidas!!!!
A Bloomberg está anunciando “MANTEGA TO SPEAK AT 18.30 ON CURRENCY MEASURES IN BRASILIA”, e a taxa do dólar já está subindo. Esperamos que desta vez venham as medidas.