O comportamento do fluxo cambial na semana de 24 a 28 de outubro merece destaque e emite um sinal que precisa ser melhor considerado, e, embora tenhamos sempre manifestado ponto de vista apontando viés de tendência de reversão a…..
O comportamento do fluxo cambial na semana de 24 a 28 de outubro merece destaque e emite um sinal que precisa ser melhor considerado, e, embora tenhamos sempre manifestado ponto de vista apontando viés de tendência de reversão a negativo, nos surpreendeu pelo volume num breve período em que se pontificou uma apreciação maior do real, deixando a impressão de que a demanda reprimida que vem aguardando a queda do preço para consumar-se pode ser um pouco maior do que se pode estimar.
Afinal a economia globalizada tem vasos comunicantes muito relevantes. Os dados divulgados revelam que os Estados Unidos exportam cerca de US$ 400,0 Bi por ano para a Europa e tem cerca de US$ 1,0 Tri de investimentos lá, enquanto os bancos têm mais de US$ 5,0 Tri em risco de crédito de vários tipos para as empresas europeias, indivíduos e governos. Há também tanto dos Estados Unidos quanto da Europa movimentos de exportações, importações, empréstimos e investimentos com a China, que naturalmente deve refletir na sua economia o quadro recessivo americano e europeu.
O Brasil certamente não deixará de ter impactos decorrentes deste quadro e, por isso, temos sido menos entusiastas do que o governo e alguns analistas quanto às projeções de IED´s, que no nosso entender tendem a ser postergados, ainda com o risco da parte de empréstimos “inter-company” contabilizados pelo governo como IED´s sofrer o risco de serem requisitados pelas matrizes.
O fluxo cambial na semana de 24 a 28 foi negativo em US$ 3,972 Bi, com acentuado movimento de pagamento das importações que vinham sendo postergados e saídas financeiras, que podem ter sido de dividendos, lucros e juros s/capital, além de investimentos brasileiros no exterior. O fluxo comercial foi negativo em US$ 2,379 Bi e o financeiro em US$ 1,593 Bi. O fluxo do mês até 28 está negativo em US$ 105,0 M.
Os bancos que viraram setembro com posições compradas no mercado à vista no total de US$ 1,296 Bi e que ao longo do mês foram elevadas até o entorno de US$ 5,0 Bi, devem deter agora pouco menos de US$ 1,2 Bi, sendo bastante provável que na virada de outubro para novembro possa estar menor, acentuando a probabilidade de virar “vendida”.
Como é o fluxo que está determinando a formação do preço da moeda americana no nosso mercado, será muito importante o acompanhamento do comportamento do fluxo, pois se acentuar-se o viés de tendência negativa, a taxa poderá sofrer pressão de alta, até porque os bancos detêm volume baixo de posição “comprada” que poderá ser revertida à “vendida”, que hoje tem limitações, ficando então a expectativa sobre a atitude do BC, que, a rigor, deveria tornar-se “vendedor” em seus leilões no mercado à vista se a liquidez for afetada.
Por enquanto, o preço deve flutuar entre R$ 1,70 a R$ 1,75, com baixo impacto do cenário externo, mas podemos ter uma alteração de comportamento antes do previsto.