A potencialização das incertezas cria um ambiente no cenário global absolutamente nebuloso, ficando uma sensação de que “tudo pode acontecer”, com a Europa concentrando o foco principal, mas inegavelmente…
A potencialização das incertezas cria um ambiente no cenário global absolutamente nebuloso, ficando uma sensação de que “tudo pode acontecer”, com a Europa concentrando o foco principal, mas inegavelmente há outros sinais preocupantes do setor imobiliário e do crédito “paralelo” na China e dos Estados Unidos, mesmo neste onde o FED volta a “animar” o mercado financeiro com perspectivas de um provável “QE3”, ao mesmo tempo em que revê para pior o crescimento do PIB e não demonstra otimismo com o desemprego.
Blefe grego para colocar-se fora do euro? Fragilidade política do Parlamento para assumir comprometimentos implícitos no plano de resgate, que poderão ser repudiados pela população? Busca de comprometimento da população com os termos do acordo?
Pode ser um pouco de cada, mas o fato é que, até entre os membros governistas dentro do Parlamento grego há divergências, e tanto o Primeiro Ministro que já ampliou o conceito do referendo para continuidade ou não na eurozona, quanto os líderes europeus, Alemanha e França, do plano de resgate que resolveram “jogar pesado” e praticamente condicionar à liberação da parcela de Euros 8 Bi de plano anterior à aceitação do novo plano.
Enfim, um “imbróglio” generalizado, tendo o Primeiro Ministro grego convocado uma reunião emergencial dos parlamentares, que pode até inviabilizar a realização do referendo, como consequência de falta de apoio político ao Primeiro Ministro.
Ao que tudo indica a Grécia terá que aceitar a ajuda do plano para preservar-se na eurozona e não ir ao “default”, mas as pressões populares deverão intensificar-se e poderão precipitar a realização de eleições antecipadas face à fragilização do Primeiro Ministro, até com a sua renúncia. Contudo, se ocorrer o referendo, certamente a resultante não será somente da aceitação ou não do plano, envolvendo também a permanência da Grécia na eurozona.
A reunião do G-20 também concentra as atenções, embora dê destaque aos posicionamentos e debates de temas relevantes este Grupo das 20 maiores economias não é deliberativo, portanto “reúne, mas não decide”.
O BCE tomou a decisão hoje de reduzir a taxa de juro básica de 1,50% para 1,25%, após 2 anos.
Nos Estados Unidos a realidade pode ser exposta de inúmeras formas pelo FED, mas a interpretação do conteúdo permanece a mesma, a economia tende a crescer menos do que o previsto, o próprio FED fez a revisão para 1,7% e o desemprego não encontra solução e, pior, pode até ampliar-se além do 9,1%. A rigor, o desemprego nos Estados Unidos é bem maior, e, segundo analistas, atinge 20% se o subemprego for considerado como desemprego.
Mas o FED emitiu sinais, pelo menos foi este o entendimento do mercado, de que poderão vir novas benesses e isto foi o suficiente para excitar os ânimos das bolsas americanas e demais segmentos do mercado financeiro, que mais uma vez deixa evidente o baixo comprometimento efetivo com a realidade da situação econômica do país.
Na China, além das perspectivas de desaceleração da atividade econômica ainda serem questionadas se ocorrerão de forma “suave” ou “abrupta”, surgem indícios de que a “bolha” no segmento imobiliário pode estar próxima de gerar os efeitos nefastos temidos, visto que os imóveis vêm sofrendo desvalorizações muito rápidas e isto deverá repercutir na cadeia de financiamento.
O cenário externo, entendemos que é bastante preocupante e pode sofrer agravamentos maiores em relação ao ambiente atual.
No Brasil, onde a desaceleração da atividade econômica ocorre mais rápido do que o previsto, a BOVESPA devolve a alta pouco sustentável que registrou no mês passado.
O dólar, como já destacamos anteriormente, não tem fundamentos para que sofra exacerbação decorrente da crise europeia, estando com sua cotação diretamente formada pelo fluxo cambial, já que o mercado de derivativos, porta pela qual entra a especulação, está neutralizada pela incidência do IOF de 1% que neutraliza fortemente sua liquidez.
No nosso entender, o entorno de R$ 1,70 é o ponto de equilíbrio do preço no cenário atual, com flutuação até R$ 1,75 quando ocorrem pressão mais acentuada de demanda.
O BC vem agindo corretamente não atuando com leilões no mercado à vista, forçando assim a manutenção de posição “comprada” pelos bancos, que resulta em “colchão de liquidez” para dar suporte à demanda.
O preço da moeda americana, em nossa perspectiva, tende a ser mais pressionada do final do ano em diante, quando vislumbramos performance menos benigna do fluxo cambial para o Brasil.