A virada do mês no mercado de derivativos revelou significativa mudança dos posicionamentos dos “players”, com os ajustes ocorridos no 1º dia útil de outubro quando venceram contratos e ocorreu a complementariedade da não rolagem por…
A virada do mês no mercado de derivativos revelou significativa mudança dos posicionamentos dos “players”, com os ajustes ocorridos no 1º dia útil de outubro quando venceram contratos e ocorreu a complementariedade da não rolagem por parte do Banco Central do Brasil de posição vincenda equivalente a US$ 2,0 Bi de “swaps cambiais reversos” e mais uma oferta nova de “swap cambial” de 106,975 contratos, equivalentes a US$ 5,3 Bi, ou seja, uma oferta de “venda” no total de US$ 7,3 Bi dos quais o mercado absorveu US$ 3,7 Bi.
No mercado de “dólar futuro” os “hedge funds” reduziram suas posições de US$ 11,8 Bi “comprados” líquidas para US$ 3,5 Bi. Os bancos na contraponta reduziram suas posições “vendidas” líquidas de US$ 12,8 Bi para US$ 3,7 Bi.
As mutações foram substantivas e só não foram além porque não aceitaram as condições definidas pelo Banco Central do Brasil para as ofertas de dos “swaps cambiais”. Certamente, o Banco Central do Brasil fez exigências que os “players” do mercado recusaram.
Mas, a autoridade monetária, como esperávamos, cumpriu a expectativa de entrar no mercado ofertando “swap cambial”, já que havia clara evidência do fator de pressão no preço da moeda americana. Demonstrando acerto na ação, hoje o BC faz nova oferta de 90,5 mil contratos equivalentes à US$ 4,525 Bi. O volume é adequado para a zeragem dos posicionamentos remanescentes, podendo haver como fator contrário às condições das operações, já que o Banco Central do Brasil está gerando liquidez, mas não está sendo generoso.
Esta “despressurização” do fator interno atípico presente no mercado de derivativos certamente eliminará uma das fontes da forte alavancagem ocorrida no preço da moeda americana.
Contudo, acreditamos, como já preconizamos em comentário anterior, que a curva do fluxo cambial à vista tenha se tornado negativa, e, um movimento pontual acentuando a demanda face ao cenário externo conturbado, agora no mercado à vista, pode promover a sustentabilidade da taxa cambial ainda por um breve período nos parâmetros atuais.
Mas, em perspectiva não vemos a taxa cambial permanecendo nos preços atuais, até porque seria um fator de pressão inflacionária e que poderia comprometer até a clara intenção do governo de dar continuidade aos cortes na taxa de juro SELIC.
A indústria brasileira já dá sinais de desaceleração e teve queda de atividade de 0,2% em agosto, embora ainda registre crescimento de 1,8% na comparação anual.
Acreditamos que o Banco Central do Brasil persista fortemente na ação de eliminar os fatores de pressão na alta do dólar e deverá obter sucesso.
Pode estar havendo por parte dos “hedge funds” e bancos, após os ajustes fortes ocorridos nas posições, uma postura de gradualidade na zeragem das posições remanescentes no mercado de derivativos, razão pela qual hoje absorveram em torno de 1/3 da oferta, aguardando que o preço do dólar recue e as condições aceitas pelo Banco Central do Brasil melhorem.
Certamente o BC está monitorando o comportamento do mercado à vista, e, havendo uma efetiva inversão do fluxo cambial não deve ser descartada a ocorrência de oferta de dólares neste mercado, muito embora os bancos, acreditamos, ainda não tenham sofrido cortes nas suas linhas de crédito e assim poderiam ficar, dentro dos parâmetros permitidos, “vendidos”.
No exterior, muitas conversas, poucos avanços efetivos e piora perceptível da crise que afeta Europa e Estados Unidos.
Na Europa, parece que restam tão somente Alemanha e França para atuarem no resgate de todos os demais. Mas a elevação do CDS Credit Default Swap da Alemanha pode ser um indicativo de que este resgate pode ser um desafio maior do que sua capacidade.
O agravamento é rápido e as decisões são lentas. A Grécia parece absolutamente “sem saída” para a crise e predestinada ao “default”, já tendo manifestado sua incapacidade em cumprir as metas fiscais que lhe foram atribuídas pelos organismos financiadores.
Já há sinais de fragilização de grupos financeiros, que estão sendo observados pelas agências de risco e suscitaram reuniões das autoridades europeias.
Não definem o aporte ao FTT e nem sobre o lançamento de um “Bond” comum para a rolagem dos papéis vincendos dos países com dificuldades fiscais.
Um problema efetivo com a Grécia, certamente arrastaria certamente Portugal, Espanha, Irlanda e Itália, mas não pararia por ai, pois atingiria o sistema financeiro europeu, e ai desponta a França, cujos bancos são detentores de créditos relevantes destes países em maiores dificuldades.
O maior risco no momento é a instalação do “pânico”, que acabaria por desestruturar tudo.
Nos Estados Unidos, o Senado vota um projeto focado no enfrentamento do câmbio chinês. A proposta de um senador democrata está sendo criticada por analistas, pois pode provocar muitos atritos com a China, mas a sua aprovação não está sendo descartada.
Bernanke falou hoje mantendo o discurso costumeiro, sem grande entusiasmo, mas reafirmando que está monitorando o comportamento da economia, desemprego, consumo, etc. No fundo nada demais.
Os números expressam bem o quadro com as bolsas caindo pelo mundo e o Euro naufragando frente ao US$ cotado a US$ 1,3275, enquanto os T-Bills de 10 anos bastante demandados como “segurança” fecham sua curva de juro “yeld” para 1,78% e o petróleo, outro sensor importante, afunda o preço do barril na Nymex para US$ 76,31, queda de 1,68%.
Como temos salientado, a única certeza que se sustenta é que “não há risco de melhora no horizonte”!