O novo governo “antecipou” sinalizações de que utilizaria mais mecanismos de controle inflacionário, que não somente a via única do juro, ao ter divulgado ainda pelo antigo governo, mas com o mesmo Ministro da Fazenda, medidas prudenciais…
O novo governo “antecipou” sinalizações de que utilizaria mais mecanismos de controle inflacionário, que não somente a via única do juro, ao ter divulgado ainda pelo antigo governo, mas com o mesmo Ministro da Fazenda, medidas prudenciais visando contenção da liquidez via elevação dos depósitos compulsórios dos bancos, e, ao mesmo tempo contração no crédito ao consumidor pessoa física.
Tornou-se perceptível de que “velhas práticas” de controle e de comportamento do governo já não poderiam ser replicadas pelo novo governo, simplesmente por serem insustentável.
Conter o consumo alavancado por crédito farto e taxas de juro atraentes e reduzir o gasto excessivo do governo comprometendo a política fiscal, passaram a fazer parte da retórica do novo governo, indicando que o enfrentamento das pressões inflacionárias seria fortalecido pela ação sobre as causas, deixando de ser sobre as consequências.
Assim, o juro deixaria de ser a única opção na estratégia de contenção das pressões inflacionárias, e, o real apreciado perderia a função de ser o coadjuvante.
Porém, não é possível promover-se tão relevante alteração de gestão no curtíssimo prazo, ainda mais quando há acentuado aumento da pressão inflacionária.
Assim, o COPOM elevou a SELIC em 0,5% na reunião de janeiro, elevando-a para 11,25%, mas o mercado, que trabalha com foco na “velha estratégia”, projeta até mais 4 altas de 0,50%, e pode estar incorrendo em relevante erro ao desconsiderar a eficácia das medidas prudenciais.
Os primeiros sinais dos efeitos das medidas não são desprezíveis, juro em alta e maior dificuldade para crédito, com o setor automobilístico evidenciando um recuo de demanda de 33%, quando na pior hipótese admitia 27%. Estas medidas têm efeito lento, mas progressivo, e devem efetivamente alcançar a equivalência a 1% em termos de alta da SELIC.
Lamenta-se, dada à demora, o não anúncio até agora do corte no orçamento, para revitalizar a credibilidade no rigor fiscal. Se for anunciado um montante expressivo, certamente impactará nas perspectivas inflacionárias ainda presentes.
Mas claro está que o BC de Tombini tem diferenças em relação ao BC de Meirelles.
No câmbio então são notórias as dinâmicas operacionais que gradualmente fortalecem o mercado de câmbio físico em detrimento do mercado futuro da BM&F. Há sinais de tendência à modernização deste “velho” mercado de câmbio físico cheio de limitações.
Não diríamos que as medidas têm o objetivo primário de elevar o preço da moeda americana, mas ao retomar operações estratégicas no mercado de câmbio físico procura retirar influência no mesmo do mercado futuro/derivativos da BM&F.
Nos parece que o BC procura fortalecer o mercado de câmbio físico no papel de formador do preço, ao mesmo tempo em que com a estratégia a termo reduz expressivamente o custo de carregamento das divisas que agrega as reservas cambiais brasileiras no conceito de liquidez internacional. E mais, muito importante, não terá mais uma rubrica aberta do custo deste carregamento com operações a termo, visto que o mesmo ficará agregado ao preço do ativo, no caso o dólar, até a data da efetiva liquidação e então se agregando as reservas cambiais brasileiras no conceito de caixa.
Contudo, se obter sucesso, como foi sinalizado na estréia quando se estima ter comprado US$ 1,0 Bi a termo, e se conseguir alongar prazos e acumular montante substantivo, a redução do custo de carregamento (embutido no preço) da elevação das reservas cambiais poderá ser fortemente reduzido.
Contabilizado o ativo (dólar) pelo preço de aquisição, certamente alivia a emissão de títulos da DP e o ônus fiscal do carregamento.
Por isso, não descartamos que a “abertura” operacional do mercado de câmbio físico possa persistir dando acesso a empresas, desde que com operações lastreadas.
Otimizando uma melhor formação do preço da moeda americana pelo próprio mercado de câmbio físico, certamente, em perspectiva, poderá fazê-lo ter um preço mais equilibrado, compatível com fundamentos.
Agrada-nos as sinalizações emitidas pelo novo governo. Naturalmente, para que fiquem mais transparentes e materializados os resultados primários será necessário pelo menos este 1º semestre, havendo razões para otimismo.
Contudo, urge, por imperativo, que seja anunciado o corte orçamentário e dê mostras efetivas de que será efetivado o rigor fiscal.