Conduzido à condição de instrumento de política monetária pró-contenção inflacionária pelo governo brasileiro, o câmbio está sendo relegado a um plano secundário na sua efetiva e principal função na economia, para focar um objetivo que tudo leva a crer está acima da sua capacidade de influência, deixando evidente que pode estar ocorrendo uma perda de tempo, um erro, cuja “conta” será apresentada posteriormente, repetindo mais do mesmo que já foi presenciado num passado recente, com alto grau destrutivo da indústria nacional.
Conduzido à condição de instrumento de política monetária pró-contenção inflacionária pelo governo brasileiro, o câmbio está sendo relegado a um plano secundário na sua efetiva e principal função na economia, para focar um objetivo que tudo leva a crer está acima da sua capacidade de influência, deixando evidente que pode estar ocorrendo uma perda de tempo, um erro, cuja “conta” será apresentada posteriormente, repetindo mais do mesmo que já foi presenciado num passado recente, com alto grau destrutivo da indústria nacional.
Os tempos mudaram para o Brasil e muito rapidamente. Crescemos de menos e temos inflação demais, e este é um quadro extremamente difícil de ser superado corrigindo estes descompassos ao mesmo tempo.
Vacilar na tomada de decisões pode custar o agravamento de ambos os problemas, fazendo com que fique cada vez mais incontornável a reversão do quadro, abrindo espaço para que novos problemas, como enfraquecimento do ritmo do emprego e renda, passem a ser incorporados na formação das expectativas.
A contração dos investimentos, fundamentais para alavancar o crescimento, ocorre naturalmente num ambiente em que não se tem clareza sobre as perspectivas futuras, e, com esta atitude ocorre o travamento do crescimento.
De há muito vimos salientando que o mundo havia mudado a forma de observar o Brasil, deixando de focar nossas virtudes e passando a observar com rigor nossas fragilidades.
O país que se via vitima de “guerra cambial” ou “tsunamis monetários”, duas ficções que não nos atingiram efetivamente, mas que serviram para mascarar nossos próprios deméritos e imperfeições, que uma vez atenuados levaram embora os “encantos do real”, que chegou a ser a 2ª moeda em giro nos principais mercados por obra direta dos especuladores, agora convive com uma queda acentuada na sua atratividade perante o mercado internacional.
Nosso fluxo cambial capenga e predomina o negativo, no confronto do mesmo período de 2012 com este ano a queda de ingressos líquidos chega a US$ 20,0 Bi, e isto tem mantido a consistência do fluxo desfavorável, que tem sido pouco olhado e comentado, mas que é de suma importância para um país que precisa de substancial volume de ingressos para financiar seu crescente déficit em transações correntes.
Fluxo cambial ruim e necessidade de financiamento do déficit em transações correntes são fatores que, logicamente, conduzem o preço da moeda americana a alta. E é neste ambiente desfavorável que o governo busca apreciar o real para utilizá-lo como antídoto às pressões inflacionárias, contudo, notoriamente, de baixo alcance e isto está evidente, pois não vem impactando na dinâmica inflacionária presente.
Tudo leva a crer que está sendo utilizada a terapia errada para o mal conhecido que acomete a economia brasileira, em razão do constrangimento presente de utilização do instrumento certo e adequado.
O governo que fez da redução do juro sua bandeira, reconhecidamente meritória, parece constrangido para dar um passo atrás e elevá-lo neste momento em que se faz necessário e com isto acaba permitindo que a inflação se acelere de forma cada vez mais preocupante.
Busca atalhos para mitigar as pressões inflacionárias através de cortes em itens relevantes do custo Brasil e do consumo da família brasileira, com o intuito, quem sabe, de evitar que tenha a necessidade de elevar o juro, mas os impactos têm sido baixos e se ocorrem são de curto prazo e não sensibilizam a dinâmica da inflação, que é o ponto preocupante.
Estamos fechando o 1º trimestre e o que se presenciou é preocupante e urge que o governo dê clareza à política monetária e cambial, recolocando as peças nos seus devidos lugares, findando as improvisações, permitindo que o juro retome seu papel no controle da inflação e que o câmbio retome a sua formação de preço a partir do mercado e em prol da economia e seu crescimento.
Ainda há tempo de resgatar o ano de 2013, mesmo considerando a complexidade do desafio de almejar o crescimento num ambiente de inflação bastante aquecida.