Termômetro Broad: Nota da fazenda sobe, mas avaliação do BC recua em outubro

Termômetro Broad: Nota da fazenda sobe, mas avaliação do BC recua em outubro

Por AE Broadcast

São Paulo, 04/11/2015 – Em um mês marcado pela piora do cenário macroeconômico, incluindo nova redução da meta fiscal e postergação para 2017 da convergência à meta de inflação pelo Banco Central, as avaliações dos agentes de mercado sobre o BC e a Fazenda oscilaram ligeiramente, de acordo com o levantamento Termômetro Broad. A nota do Ministério da Fazenda avançou de 3,8 para 4,0 no período enquanto a nota do BC ficou em 4,8 ante 5,0 em setembro, no menor nível desde dezembro de 2014. O levantamento contou com a participação recorde de 63 instituições que responderam ao questionário entre os dias 23 e 30 de outubro.

Dentro das demais avaliações da Fazenda, a nota de Política Fiscal passou de 3,4 em setembro para 3,5 no mês de outubro, mas a de Comunicação saiu de 3,7 para 3,4 no mesmo período. No caso do Banco Central, das outras três notas atribuídas à autoridade monetária, a avaliação de Política Cambial subiu de 4,5 para 5,0 na passagem de setembro para outubro, mas as outras duas apresentaram oscilação para baixo – a nota de Comunicação passou de 4,9 para 4,7 e a de Política Monetária caiu de 5,0 para 4,8.

Fonte: AE Dados

No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do dia 21 de outubro, que acompanhou a decisão de manter a taxa Selic inalterada em 14,25% ao ano, o BC passou a considerar o “horizonte relevante”, que vai até outubro de 2017, para fazer convergir a inflação para a meta. A mudança do cenário base para a inflação já estava em estudo, conforme antecipado pelo Broadcast, ainda que o BC não admitisse. O BC vinha insistindo em cumprir essa promessa em 2016, mas o mercado já a considerava inexequível.

Fatores como a alta do dólar, dos preços administrados e, principalmente, o desarranjo fiscal em um cenário de recessão explicam a dificuldade de conter os preços. Além disso, a falta de confiança e as incertezas ajudam a descontrolar as expectativas de inflação, fato que por si já é um componente importante de pressão para a inflação corrente. A espera agora é pelos dois dígitos para o IPCA, já anunciados pelo IGP-M de outubro.

Na ata da decisão do colegiado, chamou atenção o fato de ter sido suprimido do documento o trecho em que o BC defendia que avanços da política monetária indicavam que a estratégia estava na direção correta. Ainda assim, o BC reforçou que está “vigilante”, deixando a porta aberta para eventuais ajustes da taxa no futuro.

Na política cambial, em que pese o fato de a volatilidade ter diminuído no mês passado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, reforçou na semana passada que nenhum instrumento está fora do alcance do BC para lidar com excessos no câmbio. Também avisou no início de outubro que as empresas não estavam excessivamente expostas a riscos cambiais, mas que a autoridade monetária monitora a situação.

Na semana passada, o Federal Reserve sinalizou que vê espaço para aumento da taxa de juros nos Estados Unidos ainda em dezembro, o que dificulta ainda mais os trabalhos do Banco Central brasileiro, com perspectiva de valorização mais intensa do dólar.

Não bastasse a mudança do BC, a Fazenda também fez a sua terceira alteração de meta fiscal desde ano, agora traduzida em déficit de 0,9% do PIB (R$ 51,8 bilhões) podendo chegar a mais que o dobro disso a depender do modelo de pagamento das pedaladas. A alteração, feita na semana passada devolveu ao mercado o temor de um segundo rebaixamento por agência de risco. Vale lembrar, no entanto, que a Moody’s sinalizou no mesmo dia que a revisão não era surpresa e que o cenário da agência já incorporava um déficit primário de 1% em suas projeções e que a revisão teria impacto “mínimo” na avaliação da força fiscal do Brasil.

A Fitch, que já havia surpreendido o mercado no dia 15 de outubro ao reduzir a nota soberana em um nível e colocar o rating em perspectiva negativa, se pronunciou também após a revisão do governo avisando que o tema fiscal continua sendo uma preocupação.

Em Londres, Levy ouviu muitos temores de investidores estrangeiros, mas não conseguiu dar um prazo sobre quando acontecerá a virada de página fiscal. A equipe econômica depende de receitas significativas que, por sua vez, estão atreladas a medidas e projetos que param no Congresso. É o caso da medida de repatriação de recursos do exterior não declarados ao fisco brasileiro e da criação da CPMF.

Não bastasse a dificuldade com os parlamentares, o ministro Joaquim Levy também enfrentou no mês passado críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT contra o ajuste fiscal e, ainda que a presidente Dilma tenha defendido o ministro, o mercado voltou a ventilar comentários sobre uma eventual saída de Levy da Fazenda.

O Termômetro Broad é produzido mensalmente pelos profissionais do AE Dados junto a bancos, corretoras, consultorias, gestoras de recursos, instituições de ensino, departamentos econômicos de empresas e outros com histórico de realização periódica de projeções de indicadores econômicos.

A divulgação dos resultados é feita nos serviços em tempo real do Broadcast na quarta-feira mais próxima do dia 5 de cada mês. Em caso de feriado, a divulgação ocorre no primeiro dia útil subsequente.

São publicados apenas os resultados consolidados da pesquisa. As respostas individuais das instituições ficam em sigilo. A redação da Agência Estado não tem acesso às respostas individuais. O questionário, enviado por e-mail, deve ser respondido uma única vez por instituição, na última semana de cada mês.

Pesquisa Termômetro Broad – Resultado Outubro/15

Divulgado no AE Broadcast no dia 05/11/2015

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