A inflação continua sendo projetada muito baixa, algo como 3,08% para este ano, como divulga o boletim FOCUS, mas enquanto os alimentos ficam contidos com a estratégia de manter uma taxa do dólar administrada, os preços administrados e nem tanto assumem percentuais preocupantes porque impactam direto na população e tornam pouco crível a inflação propagada.
O otimismo exacerbado por sinais primários de recuperação da atividade econômica que decorrem em grande parte dos agentes econômicos e menos do governo, não denota grande preocupação com riscos efetivos presentes e que decorrem do baixo apoio que o governo Temer agrega no Congresso e que podem colocar em risco a aprovação das reformas, o que poderia comprometer o equilíbrio das contas públicas.
Então, a SELIC teria que fazer meia volta e o governo usaria o que sabe fazer bem, aumentar tributos e inibir o ainda incipiente crescimento econômico.
É importante observar que há baixa sinergia intersetorial, o que faz o crescimento ser dispare e não ter a sustentabilidade como verdade absoluta, afora problemas estruturais que devem dificultar o crescimento.
A reforma da Previdência que é a principal e prioritária sinaliza que tem 280 deputados apoiando quando o governo tem necessidade mínima de 308 ou um pouco mais como margem de segurança. E devemos considerar que a grandeza da reforma já foi mitigada. O fato é que os políticos sabem que este é um catalisador de antipatias e 2018 será ano eleitoral, então ninguém pensa no que é imperioso para o país, mas somente nos seus próprios interesses.
Houve um discreto incremento na renda familiar e isto proporcionou um aumento de consumo, porém é inegável que o número de desempregados ainda é soberbo e preocupante e há um substantivo percentual de inadimplência, concentrado em sua maioria nas piores fontes de crédito do mercado como conta especial nos bancos, cartões de crédito de bandeiras conhecidas e agora também nos cartões de crédito de lojas.
Temos ainda uma relativa nebulosidade sobre o aumento de consumo, se causada por melhora de renda ou por crédito. A renda familiar caiu 9% entre 2014 e 2016.
Em matéria publicada no jornal Valor, Daniel Leichsenring, economista da Verde Asset Management, se revela como uma das poucas vozes que demonstra sensatez ao abordar as perspectivas reais sobre a economia brasileira e não se entusiasma com 2018, destacando os pontos nevrálgicos e vulnerabilidades que afetam a sustentabilidade do crescimento econômico.
O mercado financeiro, Bolsa e Câmbio, demonstra que prega o otimismo por seus interlocutores, mas convive com insegurança, visto que qualquer fato ou perspectiva negativa reverte rapidamente sua tendência.
Taxas de juros baixas incentivam os investimentos, mas não é esta a resposta que vem sendo obtida da economia, mas por outro lado na medida em que o país mantenha uma taxa de dólar irreal pode inibir o investimento externo em conta capital e o juro baixo também pode inibir os investimentos em renda fixa.
Juro baixo no Brasil, há quem prognostique abaixo de 7% o ano que vem, pode ser perturbador se o FED americano, sob nova direção, for mais agressivo. Então o dólar poderá sofrer um tranco reversivo forte com a saída dos investidores externos especulativos aqui presentes e a inibição de novos investidores. E o dólar abaixo de R$ 3,00.
Em nossa opinião estes prognósticos são erráticos, pois causariam efeitos contrários aos objetivados. As importações de bens de capital e consumo poderiam conspirar contra a indústria nacional estimulados por uma taxa cambial fora do ponto, da mesma forma que podem ser desestimulantes ao agronegócio que tem preços em dólares cotados nas Bolsas, mas a taxa de conversibilidade tem grande importância na rentabilidade.
Há ainda o fator eleição presidencial no ano que vem recheado de incertezas, que naturalmente devem impactar sugerindo posturas mais defensivas dos investidores nacionais e estrangeiros, especulativos ou não.
Não se trata de ser negativo, mas é relevante que haja precaução, ainda não há convicção de que teremos “céu de Brigadeiro” adiante, poderá ser muito ao contrário.
Recomendamos atenção aos fatos presentes e indefinidos no campo econômico e político, pois os indicadores atuais são ainda bastante frágeis e vulneráveis, não assegurando tendência.
Quando “parece” que está dando uma melhora é o momento de se aguçar a atenção e não assumir tudo que se propaga como verdade absoluta.
Lembrando sempre que o CÂMBIO é o ponto mais sensível aos fatos econômicos e políticos nos países emergentes, e no Brasil pode se revelar extremamente vulnerável.