Ruídos políticos perduram, mas tendência é de ajuste gradual no dólar e Bovespa!

Há inegável perda de importância os ruídos políticos da oposição, tendo em vista que demonstrações recentes deixaram evidente que o Governo está mais forte do que imaginado, e isto, fragiliza os contrários e deve acelerar o processo de tramitação da Reforma da Previdência.

Não se trata de popularidade, até porque não se pode esperar crescimento de popularidade para um governo que propõe medida de impacto social como ato primeiro que têm repercussões as mais diversas desfavoráveis aos setores corporativos, com grande influência e acesso a mídia.

O governo é desarticulado politicamente, mas surpreende o apoio popular que ficou evidente, por isso a tramitação, por vezes, perde o ímpeto necessário, mas de toda forma, como é fundamental, não há dúvidas de que a Reforma da Previdência será aprovada, a convicção é crescente.

E por que isto é importante para os segmentos do mercado financeiro?

Porque o contexto político e o andamento da Reforma sobrepujaram fortemente a importância dos demais fatores colocando-os como fatores determinantes do comportamento das tendências econômicas do país.

Simples assim, se os sinais positivos em torno da tramitação e aprovação da Reforma da Previdência se fortalece, reacendem-se as perspectivas favoráveis ao país, ensejando a retomada sensata do otimismo ainda para este ano.

A situação econômica do país está travada, a crise fiscal o imobiliza, mas se melhorar o cenário prospectivo devem começar a ter sinalizações mais concretas de que será possível a retomada do desenvolvimento e da atividade econômica.

O número de geração de empregos recentemente divulgada provocou certo alento, e cria convicção de que se houver sinais concretos de melhora do cenário pode haver estímulo para a retomada dos investimentos, com geração com maior intensidade de emprego, e, por conseguinte, renda, consumo e da arrecadação por parte do governo.

Esta percepção interna pode motivar aos investidores estrangeiros a dar início ao retorno de investimentos no mercado financeiro brasileiro, e isto pode determinar recuperação da Bovespa e o fim da desenfreada especulação sem fundamentos ou sustentabilidade ocorrida de forma intensa sobre a formação do preço da moeda americana, a partir do mercado futuro de dólar, não pelo aumento do fluxo cambial, mas pelo afastamento da hipótese do caos que era o alicerce do movimento especulativo.

Junho poderá ser o marco da reversão concreta das expectativas no mercado financeiro com a recuperação da Bovespa e depreciação do dólar frente ao real, e, até mesmo com o COPOM promovendo redução da taxa SELIC com o objetivo de incentivar o investimento.

Os números do fluxo cambial continuam confirmando que não há fuga de capitais do país, e, doravante poderá ocorrer a intensificação de ingressos.

Maio até o dia 23, segundo dados do BC, o fluxo cambial mensal está positivo em US$ 1,153 Bi sendo US$ 1,195 Bi positivo no comercial e US$ 41,0 mm negativo no financeiro. Absolutamente normal, ainda evidenciando o recuo dos ingressos de investidores estrangeiros, mas de toda forma também sinalizando que não há saídas.

Estes dados servem para confirmar, o que nem sempre é entendida, que não há demanda pressionando o mercado de câmbio à vista, sendo notória a especulação na formação de preço da moeda americana no mercado futuro de dólar, ao qual, corretamente, o BC ignorou por sabê-la insustentável e sem fundamentos, dada a excelente situação do país no contexto cambial.

Mas tudo indica que, ainda que ocorra com certo gradualismo devido à resistência dos especuladores que ficam sujeitos a perdas, o esvaziamento do movimento especulativo sobre o dólar é consistente e irreversível como tendência.

Em nossa percepção estamos atingindo o ponto de inflexão, e, o país tende a dar início a recuperação do seu desenvolvimento.

Bolsa em alta, ainda que moderada por enquanto, e dólar com viés de depreciação frente ao real, a despeito do esforço de resistência dos especuladores.

Esta é a nossa perspectiva.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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