Na terça-feira última o BC não procedeu a efetivação de intervenção no mercado de câmbio à vista com oferta de moeda combinada com oferta de contratos de swaps reversos no mercado futuro/derivativo, e este fato proporcionou que o preço da moeda americana, com o mercado mantendo expectativas de melhora do fluxo cambial e não tendo a participação do BC “ancorando” o preço pela ação contra efeito no mercado futuro, procedesse a forte ajuste do preço do dólar.
Já, ontem, retomou a intervenção combinada de oferta no mercado à vista que irriga a liquidez no mercado à vista combinada com a oferta de contratos de swaps cambiais reversos que contrai a liquidez no mercado futuro, mas houve sinais de que ocorreu fluxo cambial normal para o mercado adicionalmente a ação do BC.
Ao que tudo indica o BC continuará com a sua ação de intervenção combinando oferta no mercado à vista para liquidez e oferta de swaps reversos no mercado futuro contraindo os efeitos da liquidez gerada no mercado à vista , até quando o mercado demonstrar que tem necessidade da presença da autoridade monetária promovendo o ajuste da liquidez no mercado à vista, mas esta tende a ir se reduzindo na medida em que houver recuperação do fluxo cambial normal para o país, e assim, o que se pode esperar é que na intensidade deste movimento no fluxo ocorra também a apreciação do real frente ao dólar.
Evidentemente, há perspectivas de melhora futura do fluxo cambial para o país decorrente de recursos externos oriundos do pré-sal e das privatizações, e, ainda de eventual melhora de fluxo de recursos não especulativos para o mercado financeiro, em especial renda variável, tendo em vista que não há apelo de atratividade para o capital especulativo e nem para renda fixa face o estreitamento do juro externo com o interno.
A expectativa é que ocorra a diminuição gradual do fluxo de saída do país de volumes de recursos estrangeiros, o que deverá tornar cadente a intervenção do BC no mercado dada a queda da demanda e até o ponto de interrompê-la caso ocorra a concomitância da melhora de fluxo de ingressos no país.
Percebe-se, também, que após o movimento de troca de passivos externos por passivos internos, ocorrem sinalizações por parte de empresas nacionais focando captações no mercado externo, de vez que o recuo do juro no exterior até negativo torna oportuno para as mesmas os parâmetros viáveis de custos possíveis de obtenção neste momento, para o que contribui também o fato do CDS do Brasil estar baixo.
Este é mais um ponto que pode incrementar a retomada de fluxos externos para o país, contribuindo para a superação dos fluxos negativos.
Este contexto prospectivo parece absolutamente crível neste momento e assim acentua a convicção de que o preço do real deva acentuar gradualmente o viés de apreciação frente ao dólar, na medida em que o mercado recompor seus fluxos de liquidez normais, a despeito de alguns impactos externos sobre o comportamento da moeda americana no mercado global decorrentes dos conflitos comerciais e medidas de politica monetária do FED, que poderão ter efeito de contenção ou de expansão da apreciação esperada.
Com a Reforma da Previdência superada, embora não seja solução imediata para os graves problemas do Brasil, seguramente ocorrerá melhora das perspectivas para o país conseguir reequilibrar-se na crise fiscal, e a sequência de Reformas como a Tributária e Administrativa deve se agregar como fatos positivos para a mudança do cenário prospectivo e atratividade do país.
O comportamento da taxa cambial deverá reagir de forma pendular, na medida em que diminua a intervenção nas duas pontas do BC e aumente o fluxo cambial normal a taxa do Real irá sendo apreciada.
Ontem, o BC vendeu US$ 450,0 MM à vista, dos US$ 525,0 MM ofertados, combinado com o mesmo montante de swaps cambiais reversos no futuro, mas como a taxa cambial cedeu tecnicamente pode-se admitir que houve melhora do fluxo cambial normal no dia e nas expectativas, que causou o efeito de apreciação do real.
O FLUXO CAMBIAL está negativo no ano em US$ 19,195 Bi, revelando melhora de US$ 634,0 Mi na semana de 14 a 18/10, com os bancos com posições vendidas de US$ 30,316 Bi e a oferta consolidada de moeda à vista pelo BC atingindo US$ 19,340 Bi.
O cenário para o câmbio tende a se tornar gradativamente benigno e é possível que o preço da moeda americana recue a menos de R$ 4,00, tornando-se uma grata contribuição para a manutenção da inflação em níveis compatíveis.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO