Questão para o BC: rolar ou não a posição vincenda de “swaps cambiais”

O BC fará hoje uma pesquisa de demanda com as instituições para a rolagem da posição de US$ 8,87 Bi de “swaps cambiais” vincenda em 1º de novembro, lote este colocado antecedente ao programa de oferta diária de liquidez mínima.

Notoriamente o preço da moeda americana no nosso mercado está deformado e se prestando a inúmeras finalidades, com maior destaque para conter pressões inflacionárias oriundas do próprio dólar quando atingiu preço em torno de R$ 2,45 e que causaram danos aos índices de inflação, que agora o BC procura reverter utilizando o extremo oposto.

É um “big corner” que precisará ser superado pelo BC de forma a não provocar uma deterioração maior da taxa cambial, apreciando ainda mais o real, ou levando o preço da moeda americana a alcançar reajuste brusco repondo o preço mais próximo da realidade baseada nos fundamentos, e isto pode representar uma alta em torno de 4%.

Como a consulta é feita às instituições financeiras e estas são grandes interessadas em manter o real apreciado, visto estarem “vendidos” no mercado à vista e no futuro, é bem provável que haja aprovação geral para a rolagem absoluta.

Mas é preciso reconhecer que o país está efetivamente precisando de ingresso de divisas e tem reagido, embora com fluxos ainda negativos, à expectativa de que o volume de ingressos possa melhorar para o país e assim cobrir pelo menos parcialmente o “gap” existente entre o déficit em transações correntes projetado em torno de US$ 80,0 Bi ante a projeção de IED´s da ordem de US$ 60,0 Bi.

E o fato concreto é que, com a forte apreciação do real que o trouxe às proximidades de R$ 2,15, sem, contudo, alterar as projeções de que o preço da moeda americana tende a fechar no entorno de R$ 2,30 ao final do ano, investidores de curtíssimo prazo, predominantemente especulativos, que poderiam migrar seus recursos para o Brasil neste intervalo do questionamento dos problemas fiscais americanos e mesmo com a perspectiva de que o FED postergará sua decisão acerta do programa de incentivo monetário, poderão sentir que o risco presente é maior do que a atratividade da rentabilidade do juro, e contrariarem as expectativas presentes no mercado cambial.

Parece-nos que a decisão mais sensata seria rolar somente 50% ou menos em tranches de curto prazo, quem sabe vincendas em dezembro e janeiro, e assim a taxa cambial poderia voltar ao intervalo de R$ 2,20 a R$ 2,25, para caminhar para R$ 2,30 ao final de dezembro.

Mitigando o risco cambial, certamente, o Brasil poderia ter seus fluxos de recursos externos aumentados e ainda que não resolvam a carência de recursos externos na dimensão necessária, pelo menos poderia atenuar este quadro.

Há expectativa quanto ao bônus a favor do governo relativo ao leilão do campo de Libra que será realizado hoje e cujo ingresso está previsto para novembro. Tendo como base o montante de R$ 15,0 Bi isto equivaleria a um ingresso de quase US$ 7,0 Bi. Contudo, o Ministro Mantega falou que não terá nenhum impacto cambial, estamos considerando que o ingresso dar-se-á diretamente para o Tesouro, sem curso no mercado de câmbio.

O BC “gastou” seu arsenal de alternativas no câmbio este ano, mas, se observarmos a tendência para o ano que vem, o cenário, a rigor, tende a ser mais severo, salvo se o governo obter sucesso na participação de investidores estrangeiros, com recursos próprios e não do BNDES, nas concessões/privatizações focando a recuperação da infraestrutura do país.

Colocação massiva de lotes de “swaps cambiais”, estímulo à prática operacional pelos bancos com “posição vendida” evitando assim que tenha que ser ofertada parte das divisas das reservas cambiais do país, etc., certamente não deixarão de ser observadas de forma mais rigorosa pelos investidores, já que representam atipicidades e tendem a assumir montantes expressivos.

Portanto, será muito relevante a decisão que o BC adotar em relação à posição vincenda no próximo de 1º de novembro de “swaps cambiais” de US$ 8,87 Bi.

O Boletim Focus do BC divulgado hoje com data de 18, compila as projeções medianas de uma centena de instituições financeiras e propaga:

IPCA nos próximos 12 meses – revista de 6,24% para 6,25%

IPCA para final deste ano – revista de 5,81% para 5,83%.

US$ para final deste ano – revista de R$ 2,29 para R$ 2,25.

Selic para final deste ano – revista de 9,75% para 10,00%

PIB para o ano – revista de 2,48% para 2,50%.

Produção industrial – revista de 1,80% para 1,84%.

Défici em CC – mantida em US$ 79,0 Bi

Balança comercial – revista de US$ 1,99 Bi para US$ 2,0 Bi

IED´s – mantido em US$ 60,0 Bi

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