Percepção externa prospectiva sobre o Brasil está melhor que a interna!

Pontos relevantes como um CDS de 119 pontos, inflação baixa com viés de continuidade da tendência, juro baixo, ações do governo com sucesso na implementação da Reforma da Previdência e iniciando a Reforma Tributária, planos de desestatização da economia, reforma administrativa em foco, imunidade a crise cambial face deter soberbas reservas cambiais, etc…, parecem fatos pouco considerados internamente no país que está fortemente absorvido pelo confronto ideológico que não reconhece o lado positivo mas tão somente o negativo, que na grande maioria das vezes absorve a atenção maior relegando a plano secundário o que mais acontece de efetivamente importante.

A despeito de todo o imbróglio que se faz presente no burburinho do dia a dia brasileiro, há avanços substantivos e meritórios em andamento, e isto parece merecer melhor consideração quando visto do exterior, por parte dos investidores estrangeiros, que denotam estar com o Brasil “sob observação” porque conhecem também as dificuldades fiscais do país, o grave problema do desemprego e suas consequências e a combalida atividade econômica.

Mas o mundo como um todo está com desajustes magnânimos e que estão ensejando revisões das políticas monetárias das suas principais economias, não afastando de muitas o risco de recessão, o que atenua a baixa projeção do PIB brasileiro, num ambiente absolutamente adverso.

A economia global sofre os reflexos diretos do embate comercial entre USA e China, há perdas para todos e ganhos temporários pontuais para um ou outro, mas há mesmo incertezas e riscos para a globalização, visto que o “protecionismo” ressurge com força e este fato é na realidade um retrocesso.

Há um questionamento do tipo “o que será do amanhã?”, sem que se possa ter uma visão consistente e sustentável.

A projeção para crescimento do PIB brasileiro circunda o 0,8% e era tido como drástico, como de fato o é ante a necessidade do país para solver seus problemas mais imediatos, mas já é mais “tolerado” na medida em que economias fortes revelam a fragilidade do baixo crescimento ou até mesmo da recessão. Não é bom, mas compreensivelmente não mais caótico.

Pelo que se lê e se observa de manifestações de organismos e instituições internacionais o Brasil começa a ser mais detidamente observado e é bem possível que reverta a falta de atratividade.

O Banco Mundial estimou que o país precisa de R$ 290,0 Bi de investimentos estruturais e que o governo só tem capacidade para realizar R$ 130,0 Bi, então, num tempo em que os recursos externos estão sendo “punidos” com juro negativo, o Brasil aparece como um “oásis” de oportunidades, bastando que o governo implemente as ações e conquiste apoio político, porque junto com o fluxo do capital estrangeiro acontece a recuperação do emprego e a geração de renda e consumo, e na margem, absoluta melhora fiscal.

O governo fala muito em privatizações, mas precisa sair do discurso para a ação efetiva e objetiva.

Há inúmeras opções para fomentar a recuperação da atratividade e atrair fluxos de recursos estrangeiros não especulativos, mas construtivos, e já não parece haver tanta aversão ao risco Brasil, visto o CDS é um excelente indicativo.

Cabe ao governo sinalizar efetivamente as oportunidades e agir de forma melhor articulada, pois plagiando Roberto Campos, há todo o risco de dar certo!

Por enquanto o dólar a R$ 4,10/R$ 4,15 repercute a realidade conjuntural do momento, mas não é improvável que o real retome a linha de apreciação gradual na medida em que os fluxos de recursos se acentuem para o país, ancorados na atratividade, visto que não é possível imaginar-se novo “boom” das commodities que inundaram o país com recursos externos e afora o acúmulo de reservas cambiais com aumento da dívida pública, não foram consolidados avanços concretos, havendo tão somente um sentimento de riqueza que foi tão efêmero quanto a sua irrealidade.

O Brasil vive experiências novas como juro interno e externo baixo, inflação baixa, risco baixo etc.. que no passado tinham perfil bem diferente e permitiam o ganho fácil e a atratividade especulativa.

Poderemos ter o dólar com preço em patamar expressivamente mais baixo, não de forma tão imediata, mas numa conjuntura que o faça acontecer de forma sustentável, pois o BC já deu mostras de que não há risco cambial e que, o que era teoria funcionou na prática, quando necessário utilizará adequadamente as reservas cambiais.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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