Primeiro devemos considerar que do primeiro ano do novo mandato a Presidenta Dilma só restam 7 meses, o que é pouco tempo para implementar “sem agravamento do quadro ainda deteriorado da economia” cortes da ordem de R$ 70 ou 80 Bi, valor que para se ter dimensão é maior do que o superávit fiscal que se objetiva para este ano, em torno de R$ 66, e que os analistas mais rigorosos já estão considerando inatingível pelo governo e projetam em 0,8% após 0,9% anterior.
É bem possível que o governo não consiga ter respostas da economia que deem respaldo ao alcance do superávit objetivado e nem mesmo consiga tornar o corte a que se propõem por ser pretensioso demais para um período curto.
Se a economia demonstrar-se incapaz de promover o retorno que o governo almeja, optará pelo retrocesso e o setor produtivo dispensará empregados, afetando renda e consumo.
Aliás, já há sinais concretos neste sentido, com queda do emprego, da renda e do consumo, mas o mais importante é que setores relevantes estão dando férias coletivas, presságio de que as demissões ocorrerão, como acontece com o setor automobilístico de forma bastante evidente e que afetará junto todas as empresas envolvidas no processo produtivo, que representa mais de 20% do PIB nacional.
Isto deixa latente nas expectativas o risco de perda do grau de investimentos, e o Ministro Levy, sempre que tem oportunidade, destaca este fato.
O Boletim FOCUS apurou as projeções medianas para o IPCA 2015 em 8,31%; a SELIC em 13,50%; a produção industrial recuando 2.80%. Por outro lado o TOP 5 que reúne as instituições que mais acertam projeta o IPCA 2015 acima de 9,0% e a SELIC em 13,75%. As projeções de inflação para os próximos 12 meses e para o ano de 2016 projetadas em 5,93% e 5,50% respectivamente parecem incompatíveis, pois representariam queda muito acentuada em relação a projeção para o ano de 2015. Salvo se ocorrer demissões em massa e forte impacto na renda e no consumo, ou seja uma deterioração intensa da economia frustrando as expectativas.
O país corre o risco de cada vez mais perder atratividade. A perspectiva de investimentos chineses deve ser encarada como uma disputa dura, os chineses não vêm aqui para cometer benesses, mas são duros nas negociações e visam seus próprios interesses, como agora que desejam construir a estrada entre o MT viabilizando saída de produtos, parte produzidos em suas próprias áreas, pelo Peru barateando os custos de transporte, mas também dando acesso aos seus produtos que chegam ao Brasil.
E mais, grande parte do investimento deverá ser com seus próprios produtos, que se transformam em exportações e dinamizam suas próprias indústrias.
Por isso, é que temos enfaticamente defendido a tese de que o peso dos problemas internos brasileiros é maior do que os que poderão ocorrer a partir do exterior.
O BC precisa efetivamente monitorar a oferta de contratos de “swaps cambiais” para rolagem, havendo sinais de que está excessiva e acaba gerando volatilidade e apreciação descabida do real.
Já vai longe o tempo da desarmonia entre os objetivos do BC e do MF, onde um buscava colocar em prática uma estratégia e o outro a contrariava. Assim, o que se observou naquela oportunidade foi a dubiedade de querer fazer o país crescer com inflação alta e a economia acabou indo para a ampla deterioração.
Esperamos que agora BC e MF estejam alinhados, por isso causa estranheza que o MF deseje um dólar sem artificialização e o BC haja com certa inércia com a volatilidade que acaba por inibir as decisões de negócios, e que revela atipicidade.