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O Brasil que imaginamos ter e o Brasil que temos efetivamente

O novo Presidente eleito dos Estados Unidos assusta o mundo, principalmente os emergentes e, em especial o Brasil.

Mas se atentarmos o Brasil sequer foi objeto de qualquer menção por parte do novo presidente, que simplesmente nos ignorou a despeito do nosso tamanho geográfico, mas de efetiva pouca relevância no mundo econômico, visto que não consegue superar os seus problemas de atividade econômica e política fiscal no momento, que praticamente pouco ou nada mudaram do governo antecedente que saiu por “impeachment”.

Trump falou de política referindo-se a América latina, focando diretamente sua repugnância ao México, e não a América do sul, onde efetivamente está o Brasil.

Estamos frágeis perante o mercado externo, não temos como influenciar, mas criamos ideário que coloca o país em situação que gostaríamos de ter e que está distante da que efetivamente temos.

O governo discursa, demonstra anseios, mas não evolui e nem consegue mudar o quadro decrépito da economia e da política fiscal, mantendo-se “prisioneiro político do Congresso” tanto quanto a situação primitiva assumida.

O mundo nos vê como lugar para ganhos especulativos oportunos e isto conduz o fluxo cambial que chega a empolgar o mercado financeiro, sem, contudo, conseguir promover a superação do fluxo negativo liquido, provocado por um forte fluxo negativo financeiro liquido atenuado pela boa performance ainda da balança comercial, principalmente no período de safras.

O BC tem usado e abusado no direito de interferir na formação do preço do dólar, amplamente tendente a apreciação se for deixado solto e absolutamente necessário para estimular a atividade econômica.

O BC foca o “troféu” queda da inflação na direção do centro da meta, mas com este objetivo tem provocado a distorção do preço da moeda americana, colocando-a a serviço desta causa, mas na contrapartida sacrifica a retomada da atividade econômica, amplamente dependente da moeda americana em preço de equilíbrio.

O efeito TRUMP causou um impacto que conduziu o preço a sua realidade.

Mas passada uma semana o BC volta a intervir focando a artificialização do preço, só que embora o faça de forma contundente ofertando ontem ao mercado 10.000 contratos de swaps cambiais e rolando 20.000 contratos vincendos em dezembro já não consegue mascarar o preço aos níveis recentes.

Instituições internacionais veem o nosso conceito de crédito piorar e isto encarecerá as nossas importações, outras teoricamente apuram que o país está pronto para sair da recessão profunda que o atinge, mas os números continuam mostrando que o desemprego, renda e consumo são cadentes, que os anseios do governo continuam sendo propalados embalados por gastos crescentes.

O que é melhor para o país? Dólar a preço justo estimulando o setor agrícola e produtivo da economia e tirando o país do marasmo ou a inflação, sob controle, de forma estimulada e sem motivar a economia?

Quando observamos o Boletim FOCUS este quadro esta evidente. Inflação cadente, nada dependente da taxa de juro, pois sofre o efeito direto da recessão, com PIB, produção industrial e agora já a balança comercial cadentes evidenciando a fragilidade da nossa capacidade econômica, que acaba por fomentar a política fiscal negativa.

O Brasil precisa viver a sua realidade, deixar de se auto proclamar forte e inatingível pelos efeitos da crise mundial e reconhecer que neste momento tem importância nenhuma no contexto e é bastante vulnerável.

O Brasil precisa tomar um choque de humildade, que o leve a ver sua realidade e suas limitações. Fala-se em perspectiva para 2017, sem embasamento em fundamentos, da mesma forma que se falará 2018, quem sabe 2019…

É preciso admitir que com o preço do dólar desajustado em tempos de fluxos externos carentes, a economia terá quase nenhuma chance de sair do marasmo atual e acabaremos tendo que passar por momentos altamente negativos.

Portanto, acreditamos que o BC terá maiores dificuldades em manipular a taxa cambial neste momento, a despeito da intensidade dos instrumentos que utilize que poderão motivar maior volatilidade, tudo que os especuladores desejam nos emergentes.

O governo precisa reconhecer as limitações atuais ao invés de demonstrar ignorá-las e não sair do lugar.

 

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