Nem câmbio alto e nem juro baixo estimulam economia, foco no curto prazo inibe!

O que impera no momento é a incerteza que neutraliza a convicção para tomada de decisões, sendo que no Brasil há um desordenamento das propostas reformistas que não permite que se identifique o que é prioridade e que desta forma estão sem o dinamismo esperado para imediatamente após a Reforma da Previdência.

O mundo não consegue “se enxergar” no médio e longo prazo, então ocorre a insegurança e a incerteza que são fatores neutralizantes de decisões relevantes no campo econômico-político, e se antes era factível alguns presságios enquanto envolvia China e Estados Unidos, agora com os temores no em torno do vírus coronavírus há uma absoluta imprevisibilidade, por maior que seja o empenho neste sentido.

Na defensiva, o mundo global tende a tentar o convívio entre as grandes economias, mas penalizando drasticamente as menores, ditas emergentes.

Nestas, a volatilidade predomina e há a imprevisibilidade de “como será o amanhã”.

No Brasil transitamos retroativamente do otimismo exagerado para um ambiente já não tão confiante, onde cresce a percepção de que o governo não tenha agenda de prioridades bem definidas, ora é a reforma tributária, ora a reforma administrativa ou a PEC 186, mas o fato é que nenhuma tem a impulsão no ritmo desejado e há uma notória dispersão de esforços após a Reforma da Previdência, com o tempo passando e aumentando a inquietação.

O governo, por vezes, parece desconectado entre seus gestores, não conduzindo as matérias como “de governo”, mas sim deste ou aquele Ministro, e a ele faltando o necessário e imprescindível apoio, e muitos embates com o Congresso Nacional de efeitos mais midiáticos, acabam postergando e dificultando a evolução das proposituras.

O Ministério da Economia criou a estratégia de política econômica visando restabelecer o “espírito empreendedor” do setor produtivo visando colher as resultantes consequentes para solução de “n” problemas que afligem a economia brasileira, de “CÂMBIO ALTO E JURO BAIXO”, para assim contornar todos os problemas maiores que assolam o país e que não são passíveis de correção no tempo necessário.

O que ganha evidência fortalecida em números ruins da economia é que nem CÂMBIO ALTO fortalece as exportações como esperado, porque falta competitividade ao produto brasileiro e há falta de confiança na sustentabilidade da estratégia, e nem JURO BAIXO motiva o investimento por parte do setor produtivo quando não se consegue ter perspectiva de médio e longo prazo, e ainda detém capacidade ociosa.

O mercado financeiro aponta cenários de curto prazo, mas o país está sem perspectiva de médio e longo prazo, que é a que motiva a tomada de decisões.

Então, a balança comercial acusa esta realidade, que repercute no aumento do déficit de transações correntes, que destaca o recrudescimento do investimento estrangeiro no país, etc… e na ponta final não há o crescimento da produção industrial, do investimento produtivo, da geração de empregos e renda, etc…

Resultante é que o país está refém do CÂMBIO ALTO, agora sob forte especulação dada a motivação havida por parte do governo e já revelando ser o patamar atual fator de preocupação do BC, que interviu depois de longo período de ausência do mercado, mas que não logrou êxito.

E há a sinalização de possibilidade de mais corte na SELIC, o que já tem se revelado inócuo para incentivar o investimento produtivo e nem expandir o consumo via crédito visto que há um considerável endividamento da população e baixa propensão ao consumo.

Construir este cenário não trouxe os benefícios e reações teóricas esperadas, mas efetivamente tem alterado o comportamento de inúmeros setores da atividade econômica, a rigor para pior, e agora deixa em aberto a questão, se for necessário buscar nova estratégia: “como fazer”?

Esta percepção parece estar sendo captada pelo CDS Brazil 5 years que chegou a rondar os 90 pontos e já deu um salto para 135 pontos.

De outra forma, ficaremos neste marasmo e será necessário “paciência” para conviver com crescimento bem abaixo do projetado, mantendo juro baixo, câmbio alto, inflação baixa e todos os problemas instalados no país, até que seja possível se ter perspectivas novas e críveis num ambiente menos conturbado no cenário internacional, que permita vislumbrar o médio e longo prazo.

ESTAGNAÇÃO E NA MARGEM RISCO DE RETORNO DA INFLAÇÃO GRADUALMENTE DADO O IMPACTO DO CÂMBIO NOS PREÇOS RELATIVOS DA ECONOMIA!


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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