Câmbio News

Não há como deixar de concluir que é preciso rever 2018 com cautela e sensatez!

O mercado pode até dar a impressão de que está tudo bem, mas certamente não está e os fatos concretos revelam esta realidade e a perspectiva precisa ser revista.

A reforma previdenciária impôs ao governo uma notória derrota, e não só isto, houve enormes concessões e nem mesmo assim, e este fato prejudica a perspectiva da relevante questão fiscal. Não há convicção de que em fevereiro venha a ser aprovada.

Adicionalmente, também não logrou sucesso na aprovação de quatro medidas provisórias que lhe permitiria equacionar o cumprimento da meta de déficit primário.

Ficaram então inúmeros riscos apontando para 2018, que parecem vêm sendo ignorados:

  • o não adiamento do reajuste do funcionalismo e da elevação da contribuição previdenciária dos funcionários públicos, prevista na MP 805/2017, que ontem acabou sendo suspensa por decisão do STF definida pelo Ministro Lewandowski;
  • também não aprovação da elevação do IR sobre fundos exclusivos;
  • terá que suportar o custo vindo do atraso na votação da re-oneração da folha de pagamentos.

O resultado primário tende a ter perspectivas, já iniciais, negativas. Ontem, salientamos que é preciso considerar na elaboração das projeções os abalos que estes fatos têm sobre os otimistas prognósticos para 2018, destacando os destemperos que poderão ocorrer à partir de um cenário conturbado em torno da eleição presidencial, com impacto, como dissemos, sobre a tomada de decisão de investimentos dos empresários nacionais e dos estrangeiros.

A economia real poderá sofrer impactos que não estão sendo focados com a devida consideração pelas análises de momento.

A inflação vem tendo inputs muito fortes que não vem sendo adequadamente captados nas quantificações dos indicadores divulgados, e, mesmo com a economia tendo uma enorme capacidade ociosa o “milagre 2017” pode não ser passível de repetição.

A SELIC caiu ao seu piso mínimo histórico, mas, como salienta o jornal Valor de hoje, o crédito para pessoa física é pressionado mesmo com esta SELIC, sob o argumento de que “incertezas políticas e econômicas influenciam taxas finais principalmente no curto prazo”, o que difere muito das manifestações dos analistas econômicos de bancos que vêm tudo ótimo e positivo para 2018. Há um contraditório explicito!

Naturalmente, o cenário externo tende a mudanças que poderão afetar os países emergentes, como já salientamos ontem, e deixar de ser tão benigno como o foi em 2017.

Os mercados mundiais repercutem a reforma tributária americana que está na reta final e que deve valorizar a moeda americana no mercado internacional, com reflexos nos preços das moedas principalmente dos países emergentes, entre os quais o Brasil.

O FED já sinalizou que deve aumentar o juro americano, provavelmente duas ou três vezes no transcorrer de 2018 e a economia americana vem dando sinais de revitalização, o que a fará atrair investidores do mundo inteiro.

O mercado num contexto de perturbações e indefinições naturalmente deverá repercutir nos preços dos ativos, deixando difícil a capacidade do governo de administrar preço do dólar e o mercado acionário poderá perder o ímpeto que tem revelado, por vezes até carente de melhores fundamentos.

A questão fiscal deverá continuar no centro das discussões e se as incertezas perdurarem no entorno da viabilização do seu equacionamento o país poderá vir a sofrer um “downgrade”.

O mix prospectivo para projeções para o país em 2018 exige que haja maior rigor nas análises, pois seguramente não há um tranquilo “céu de brigadeiro” no horizonte, podendo ser um ano extremamente difícil para a economia brasileira e para o cenário político, que pode ser bastante desestabilizador.

 

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