A não aprovação da reforma previdenciária neste exercício e a sua postergação para fevereiro do ano que vem, deixou um sentimento de derrota para o governo, e embora procure mostrar um otimismo em relação a sua aprovação futura, nada indica que terá um cenário mais favorável na nova data.
A reforma, ainda que diminuta, certeira no seu foco principal, consensualmente deveria ter apoio político, visto que a situação fiscal do país coloca em risco todo o, ainda modesto, indício de recuperação econômica.
No cenário prospectivo em que se dará a nova votação pela Câmara Federal sugere que as eleições estarão ainda mais no foco dos políticos que não pretenderão conquistar desgastes, e, ainda poderá ser um período conturbado, pois ocorrerá logo após o julgamento de 2ª instância do ex-Presidente Lula, candidato declarado para a sucessão presidencial, e que certamente, se for condenado, vai radicalizar severamente o ambiente político.
O ano de 2018 deverá ser envolvido pelo clima eleitoral intenso e perturbador, e deverão prevalecer muitas incertezas que poderão determinar postura mais defensiva dos empresários nacionais e dos investidores estrangeiros.
A questão fiscal brasileira é relevante e merece especial atenção das agências internacionais de rating, que poderão até ser tolerantes ante a derrota ocorrida, mas que poderão impor um “downgrade” ao Brasil se em fevereiro o governo não sair vitorioso ou, pelas circunstâncias, tiver que postergar mais uma vez.
É importante notar que os indicadores da economia brasileira não são sustentáveis e carecem de fundamentos mais concretos, por isso vulnerável a quaisquer movimentos contrário mais severo ao governo.
Os analistas mais entusiastas e até de certa forma envolvidos em criar o clima de otimismo maior do que os fatos, certamente procurarão mitigar as repercussões da derrota do governo, que assim ficou sem solução para o seu caos fiscal, e, também, não procuram avaliar com rigor a clara tendência de ambiente amplamente hostil em torno das eleições presidenciais e seus reflexos desestabilizadores com impacto nas tomadas de decisões empresariais.
Mitigar cenários prospectivos negativos factíveis com foco nas fragilidades do país é temerário e pode romper abruptamente o clima otimista.
Certamente o clima externo sofrerá mudanças desfavoráveis para os emergentes. O Estados Unidos está muito otimista com a possibilidade de aprovação de sua reforma tributária, que certamente fortalecerá sua moeda, o dólar, e as suas bolsas, sua economia, ocorrendo a necessidade de elevação do juro de uma forma mais frequente, o que poderá impactar no Brasil.
Estes indicadores benignos apurados este ano, críveis ou não, não devem se repetir em 2018, porque não compatíveis com um país com elevado déficit fiscal, tensões políticas decorrentes de falta de base sólida de apoio ao governo, e elevação magnânima de preços de impacto direto nos dispêndios da população, e, tensões desagregadoras em razão da eleição presidencial.
É bem possível que ocorra um “choque de realidade” no país, o que pode determinar que, ao contrário do que se imagina, o ano de 2018 não evolua no alinhamento que vem sendo prognosticado e projetado.
O IBC-Br de outubro divulgado pelo BC surpreende com 0,29% ante projeção pelos analistas de 0,15% e o Boletim FOCUS melhorou a perspectiva do PIB de 0,91% para 0,96% e a inflação de 2,88% para 2,83%, que consideramos um dado sem a sensibilização da realidade efetiva.
Este final do ano deve manter os atuais indicativos, não se espera mudanças relevantes, talvez somente com a visão sobre o PIB que com o IBC-Br de outubro poderá ser elevado para 1,0%.
Contudo, o ano 2018 precisa ser analisado prospectivamente mais com a razão do que com a emoção, pois os cenários tendem a ser diferentes, destacando o que tem sido relutado a não consideração com o devido peso nas análises atuais.
Vamos indo, mas acreditamos que há com o que se preocupar e está havendo relativa desconsideração aos riscos prospectivos.