Momento péssimo. Mercado financeiro deverá repercutir incertezas e desencontros!

Momento brasileiro é altamente desestimulante e, com o cenário de momento, intensificará incertezas e dúvidas e poderá determinar movimentos nos ativos de absoluta atipicidade, repercutindo reação fortemente emocional ante a decepção continuada afastando-se da racionalidade.

Há um claro enfrentamento dos poderes constituídos que em nada contribui para os avanços imprescindíveis que o país necessita no curto prazo, com impressionante perda de foco que acaba por conduzir assuntos absolutamente secundários para discussões prioritárias, pontificando o confronto político e jurídico com o governo, num ambiente que prepondera a gestão governamental “por conflitos”.

Naturalmente, o mercado financeiro, termômetro primeiro da sensibilidade destes desencontros, deverá ter reação péssima impondo, de imediato, ruidosa queda na Bovespa e forte aviltamento no preço do dólar.

Fundamentos? Nenhum, em tese, pois se o principal que é a Reforma da Previdência travar e continuarem as decisões políticas e jurídicas conflituosas com os interesses do governo haverá efetivamente razões fundamentadas.

Neste contexto a tendência poderá se acentuar de forma totalmente desordenada e isto será péssimo para o país.

Evidentemente, parece estar ausente dos debates o fundamental, ou seja, a sensatez.

Toda protelação em decisões e/ou ações em torno da Reforma da Previdência acentuará as perspectivas negativas para o PIB brasileiro nesse ano de 2019, que já é projetado em 1,45% mas acentuadamente tem um viés de baixa tendente a 1,0%, pressionando relativamente a inflação o IPCA, porém não indo muito além devido a inércia da atividade econômica e o expressivo desemprego, que afeta a renda e o consumo.

Porém, o Boletim FOCUS, assim como nossa projeção, continua indicando o preço do dólar ao final do ano em R$ 3,75, que é altamente sustentável pela situação de absoluto conforto que o país dispõe nas contas externas, com reservas substantivas de US$ 382,0 Bi e nenhuma pressão sobre déficit em transações correntes, sem fuga de capitais do país até porque tem sido ínfimo o movimento de ingressos, e com o BC, como temos dito repetidamente, dispondo de mecanismos operacionais para balizar a liquidez do mercado.

Se o preço do dólar superar R$ 4,00 será puramente especulativo, sendo este o item em que a especulação corre elevadíssimo risco, se a Reforma da Previdência não obtiver êxito o impacto deverá ocorrer no juro e na Bovespa, aí sim, com fundamentos, o país não é vulnerável na questão cambial.

O fato é que esta cena brasileira atual afasta cada vez os investidores estrangeiros, seja na conta capital seja no mercado financeiro, e não menos a decisão de investimentos produtivos dos nacionais.

A questão sino-americana que depois de “quase ajustada” ressurge conflituosa e nos parece tem um grande conteúdo de “blefes” por parte do Presidente americano, com reações naturais da China, mas ambos devem ter perfeita noção de que neste embate se não houver alinhamento, ambos tem grande potencial de perda.

O Brasil assiste, até chega estranhamente a se empolgar quando se acentuar o viés de acerto, mas na realidade quando houver o alinhamento os impactos nas nossas exportações de soja e carne deverão ser altamente negativos, afetando a dinâmica da nossa balança comercial.

Em realidade há pouco a se abordar economicamente e tendências e projeções neste momento, pois dada a forte atipicidade resta observar o desenvolvimento destes embates internos.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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