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Mercado global continua otimista, mas há receios internos próprios e externos

Os mercados financeiros globais, incluindo os dos emergentes que são beneficiários do “status quo” predominantes sem serem protagonistas efetivos, e,  portanto, envolvendo o Brasil, mantém o “ritmo do jogo” com otimismo, mas já sinaliza que tem receios pois o FED americano pode provocar impactos com as suas decisões ainda inconvictas mas bastante prováveis.

A divulgação da ATA da mais recente reunião do FOMC causou e continuará causando receios, pois os movimentos em torno da economia americana e as decisões do órgão gestor de sua política monetária impactam no cenário global.

A reação inicial, ontem, provocou volatilidade, com a remuneração do T-Bond 10 anos subindo para 2,94% e as bolsas recuando, e por aqui a Bovespa perdeu um pouco do ímpeto altista e o dólar ganhou terreno.

Hoje, o otimismo é retomado e deixa transparecer que por enquanto prevalece a ideia do gradualismo, sendo necessário observar-se melhor a sequência e as tendências, em especial da inflação. Contudo, os dados de salários e emprego colocaram no radar a hipótese de que o FED possa ser mais contundente ao subir o juro neste ano.  A curva de juros de curto prazo induzia a crença de que ocorrerão três elevações do juro americano este ano.

A volatilidade poderá se revelar em vários momentos, principalmente quando surgirem dados da economia americana, e é absolutamente necessário que os países emergentes estejam atentos, pois em caso de movimentos reversivos poderão ser os primeiros, antecedendo inclusive os que venham a ocorrer nos mercados protagonistas, em especial Wall Street.

O preço do dólar americano no nosso mercado parece um pouco arredio, embora seja clara a interferência do BC com rolagens de swaps cambiais tradicionais, garantindo que a liquidez será mantida.

Os bancos operam com posições vendidas de US$ 13,136 Bi data base 16 e tem mais US$ 5,0 Bi em linhas com recompra fornecidas pelo BC, totalizando US$ 18,136 Bi.

As reservas cambiais brasileiras pelo conceito de liquidez internacional estão no entorno de US$ 382,877 Bi e se deduzirmos o total de posições vendidas dos bancos de US$ 13,136 Bi, liquidamente data base 16 estão em US$ 369,741 Bi.

Em perspectiva, há um saldo de US$ 13,726 Bi a ser consolidado e agregado com cambio contratado (exp. US$ 22,123 Bi – imp. US$ 8,397 Bi)

O fluxo cambial do mês, até 16, está liquidamente em US$ 1,920 Bi e no ano US$ 9,983 Bi, sendo US$ 4,730 Bi de origem comercial e US$ 5,252 Bi de origem financeira.

Há muita expectativa sobre perturbações de natureza política afetando a dinâmica da economia, mas esta está reagindo de forma marginal positivamente com a inflação, ainda que haja uma percepção contestatória face à alguns aumentos relevantes que vem ocorrendo, oficialmente se mantém comportada e abaixo das expectativas do governo, ao mesmo tempo que as perspectivas para crescimento do PIB melhoram para este ano. Espera-se que haja melhora no emprego e na renda, até porque o crescimento do PIB está muito dependente do consumo das famílias.

Mas não são desprezíveis as preocupações em torno da crise fiscal que o país atravessa agravada em perspectiva pela inviabilização, para não dizer derrota, da proposta de reforma da previdência. Neste ano o impacto será de R$ 5,0 Bi no dispêndio que seria economizado e para o orçamento de 2019, que deverá ter abordagem até agosto/18 o impacto será de R$ 14,0 Bi, agravando mais o quadro que já sugeria a necessidade da quebra da regra de ouro.

O Ministro da Fazenda falou na possibilidade de “brutal” aumento de impostos, velha prática de governantes que não conseguem conter os gastos como prioridade e isto é altamente negativo para uma economia que busca sair de seus escombros. É desestimulante aos empreendedores.

As alternativas “requentadas” postas pelo governo deverão ter forte oposição tanto no Congresso, postura motivada pela disputa de pretensos candidatos à eleição presidencial.

Não há como a economia ser poupada dos impactos nefastos advindos da cena política, que deverá ter forte acirramento na disputa pela disputa entre os pleiteantes a candidatos, e que poderá travar a dinâmica da economia, visto que sem perspectiva de quem será o próximo presidente poderá ocorrer uma retração nas decisões de investimentos, etc.

À margem o país ainda conviverá com as incertezas em torno da pretensa candidatura do ex-Presidente Lula, já condenado mas que deverá utilizar todos os recursos jurídicos possíveis, com o apoio dos seus seguidores que poderão causar distúrbios perturbadores.

Este quadro nebuloso em torno da política e da solução para os problemas fiscais do Brasil, agravado pelas dificuldades de soluções críveis, poderá causar reações das agências de rating e de investidores externos quanto ao apetite pelo risco Brasil.

Receios, incertezas e muitas dúvidas existem tanto interna quanto externamente, e o Brasil emergente estará ao longo do ano sujeito aos humores que prevalecerem, por isso é preciso atenuar o destemido ímpeto que se verifica no mercado financeiro brasileiro para uma postura mais precavida.

É bastante recomendável que se observe a perspectiva e seus imbróglios e não somente o momento eufórico que pode conduzir a equívocos irreparáveis.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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