Os organismos internacionais como FMI, OCDE, Banco Mundial e até mesmo o G-20 parecem atônitos com a cena mundial e notoriamente falham neste momento, visto que deveriam ser os tentativos organizadores da desorganização que se observa crescentes, onde cada um se defende como pode e há pouca unidade nas ações.
A crise atual que impõe absoluto descompasso entre os movimentos das moedas e que fomenta a geração de visões prospectivas todas sem fundamentos críveis, visto que não é possível minimamente se saber qual a perspectiva do dia seguinte, já sinaliza um chamamento a uma atitude mais coesa e assertiva conjunta destes organismos.
Portanto, menos “achismos” e mais “contundência”, e é inevitável que se avalie algo semelhante a um retrocesso à medida semelhante ao Acordo de Bretton Woods ampliado, isto mesmo, pois a grande realidade é que nem as grandes economias têm condições de superar por si sós os desafios, já que o mundo é globalizado em seus interesses e a interdependência é notória.
A China, é um bom exemplo, cortou hoje inesperadamente a taxa de recompra reversa para dar suporte à sua economia, e a reação não foi a esperada visto que a preocupação central é de que os compradores de seus produtos estão em crise e isto impacta inibindo na sua atividade.
Não adianta produzir se não houver consumidor, e isto vale para todos os níveis da economia, até a economia doméstica, e se não produzir pode haver desabastecimento que poderá gerar outro tipo de crise desestabilizadora, se não houver renda não há consumo, e por aí vai…
Contraditórios não faltam, e desta forma agravam-se as dificuldades de decisões, por isso é imperativo que haja coalizões.
Nenhuma economia é bastante por si só, por isso é necessário atenuar a competição e ordenar a convivência estabelecendo regras, pois uma coisa é absolutamente certa, nesta crise todos sairão perdedores.
No Brasil, o quadro é complexo, o governo convive com uma crise fiscal expressiva e, no nosso entendimento, tem feito muito além de sua efetiva capacidade para atender e socorrer a população, e há uma perda de tempo com projeções, absolutamente empíricas neste momento, para a derrocada certa do PIB, produção industrial, etc…
Há poucas informações objetivas e muitas notícias, muitas mesmas, mas com perda de foco no que é o principal, e no Brasil perdendo-se em disputas ideológicas e políticas num momento que sugere união de propósitos, além de serem excessivamente repetitivas.
O isolamento da população é o entendimento fundamental para que não haja incremento à proliferação do contágio do coronavírus, mas ainda não se destaca o risco de desabastecimento que pode motivar perturbações sociais.
Enfim, neste momento que significado efetivo tem alta ou baixa da Bovespa com a economia em frangalhos e sem perspectivas, pois não sabemos com que estágio está convivendo da crise.
O mesmo sobre o preço do dólar, onde ao governo sobrou o espaço para profilaticamente suprir de liquidez o mercado a vista com moeda efetiva, liquidez dos bancos em suas demandas de linhas externas com leilões específicos e leilões de recompra compromissados de títulos soberanos nominados em dólares em poder das instituições financeiras, e eventualmente no mercado futuro de dólar para “hedge efetivo” visto que no momento atual o especulador recuou.
Que fundamento existe concreto para projeções do tipo dólar a R$ 4,50 ou PIB em -0,48% , etc…. todos desprovidos de credibilidade e altamente sujeitos a erros crassos?
Está faltando um passo de ações mais coesas entre as economias globais!
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO