Junho deverá marcar de forma contundente inflexão dos mercados para o otimismo!

Tudo leva a crer que iniciamos o exato mês da relevante evolução na tramitação da Reforma da Previdência e, na esteira desta percepção, ocorrerá de forma contundente a tão esperada inflexão nos segmentos do mercado financeiro brasileiro, sendo retomado o clima de otimismo.

Esperamos de forma bastante positiva o retorno gradual do investidor estrangeiro direcionando recursos para a Bovespa, bem como para a renda fixa antes que ocorra por aqui redução da SELIC e redução do juro no mercado americano, e, concomitantemente a despressurização especulativa sobre a formação do preço do dólar no mercado futuro, o retorno gradual, porém consistente da recuperação do real frente a moeda americana, dada a fragilização inevitável do movimento ante a nova perspectiva.

É inquestionável que aumentou o foco político em torno da aprovação da Reforma Tributária, sendo crescente a percepção de que avançará com baixo grau de desidratação no percurso, sendo que este sinaliza que poderá ser mais curto em tempo do que estava sendo sinalizado.

Enfim, ao que tudo indica e acreditamos, Junho será marcante na mudança fundamental do comportamento dos preços e indicadores do mercado financeiro, evidentemente que poderá ter momentos de volatilidade, porém deverá acentuadamente manter viés positivo.

O preço da moeda americana já iniciou a forte correção prevista no último dia do mês de maio, contrariando inclusive as previsões de resistência dos especuladores posicionados “comprados” por ser o dia da fixação da Ptax, referencial para ajustes dos contratos e posições atreladas ao preço da moeda americana.

Esta tendência deverá se acentuar ao longo do mês de Junho, já que há muito que ser expurgado do preço, ainda que já em R$ 3,92, devendo seguir célere rumo aos R$ 3,80/R$3,75, quem sabe na virada deste mês para Julho.

Não se pode descartar a presença de movimentos esporádicos voláteis, pois como há fortes posicionamentos especulativos “comprados” no mercado de câmbio futuro, poderão ocorrer momentos de resistência à queda mais abrupta, porém este fato não deve conter o viés de desvalorização do preço da moeda americana.

A alta do preço do dólar, que era fundamentalmente especulativo, perdeu o suporte.

Este é um ajuste que deve passar ao longo do ambiente do dólar no mercado internacional, visto que o preço prevalecente no Brasil tem estado absolutamente fora da curva, incompatível, como temos enfaticamente destacado, com a situação das contas externas do país e do seu déficit em transações correntes, que, conforme salientamos, nos torna neste quesito um país emergente diferenciado, a despeito dos inúmeros demais problemas com que se defronta o país neste momento.

A rigor, não deveria nem ocorrer especulação sobre o preço do dólar no nosso mercado, sendo razoável que ocorresse no mercado de juro, pois a crise no país é de ordem fiscal, sem qualquer sinal de saída de recursos do país.

Com sinalização mais confiável de tramitação rápida da Reforma da Previdência, tudo sugere que os investidores estrangeiros, assim como os nacionais, intensifiquem o direcionamento de recursos para Bovespa, com foco na perspectiva, sem considerar fato relevante o PIB negativo do país apurado no 1º trimestre deste ano.

E, embora as sinalizações do BC tenham sido de extrema sensatez no trato do juro, nos parece bastante viável que havendo a evolução da tramitação da Reforma, o COPOM acabe por decidir por um corte na taxa SELIC, com o claro intuito de incentivar a retomada da atividade econômica, e assim, impulsionando o emprego, a renda e o consumo.

O Boletim FOCUS de hoje mantém a projeção do US$ em R$ 3,80 e da SELIC em 6,50% para o final do ano, mas ao sinalizar projeção revisional do IPCA de 4,10% para 3,98%, fortalece a probabilidade de eventual redução da taxa SELIC, já que a inércia da atividade econômica por sí só está contendo a pressão inflacionária.

Nós comungamos do entendimento de que o problema do Brasil é o Brasil, e desta forma, somente após ter havido as correções assertivas compatíveis com o nosso “status quo” e perspectivas é que as razões e motivos externos passarão a ter reflexos diretos no país, e nem tudo será tão ruim como sempre é prognosticado, pois somos grandes produtores agrícolas e outros alimentos e isto pode nos colocar em vantagem já que somos parceiros, mas também expressivos concorrentes em quesitos pontuais, e estes são quesitos presentes no embate sino americano.

O Boletim FOCUS, aliás como todos os analistas, reduz a projeção do PIB para 2019. Evidentemente que esta é uma tendência que vem sendo ratificada por quase todos os analistas, contudo é preciso haver mais sensatez, pois se a Reforma da Previdência vier a ocorrer de forma rápida, será possível conter parte da queda que vem sendo projetada de forma severa para este ano e para o próximo ano.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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