Exclusivamente para jogadores profissionais e que tenham a disposição de correr o mesmo risco de perder ou ganhar, este é o ambiente do mercado de câmbio balizado por especuladores que encontram nas pesquisas eleitorais motivos para impor movimentos voláteis absolutamente insustentáveis.
O câmbio no Brasil atravessa período bastante desfavorável em consequência da forte deterioração da sua economia, que retirou-lhe a atratividade e credibilidade, mas a visão eufórica do mercado financeiro com as pesquisas eleitorais encobre esta realidade e se revela excessiva.
O consolo de que temos US$ 376,0 Bi de reservas cambiais pouco contribui para que a situação absolutamente desfavorável da economia brasileira nos coloque como risco agravado, o que se reflete na queda acentuada dos fluxos de recursos externos para o país.
Temos as reservas, mas sabemos que não devemos utilizá-las neste momento, sendo necessário resistir ao máximo, para não expor o real a possível especulação por sua fragilidade, que está ancorada em um estoque “em ser” de swaps cambiais em torno de US$ 100,0 Bi no mercado futuro e mais US$ 16,0 Bi de posições vendidas dos bancos que se prestaram a geração de liquidez no mercado à vista, tudo isto por falta de fluxos cambiais externos suficientes, e que certamente não serão recompostos no curtíssimo/curto prazo.
E mais, não há como o BC interromper este processo de oferta de contratos de swaps cambiais sob o risco de, então, ter mais pressão especulativa a partir do mercado futuro.
O BC está refém da colocação continua na forma de rolagem e um adicional de contratos de “swaps cambiais”, até o momento em que o país consiga recompor a sua atratividade e credibilidade perante os investidores externos e seja beneficiário de fluxos cambiais positivos líquidos intensos. E não se vê esta possibilidade atualmente no curto prazo.
O jornal Valor Econômico divulgou ontem interessante artigo da jornalista Tainara Machado, tendo como base levantamento da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transacionais e da Globalização Econômica) que conclui que o capital estrangeiro reduz apetite por novos investimentos produtivos no país e que não descarta como tendência uma queda dos IED´s nos próximos anos.
O cenário para exportações ainda deixa o país muito à mercê da China e com baixa capacidade para recuperar mercados para produtos industrializados, com a indústria retrocedendo e realizando baixos investimentos, tornando-se cada vez mais importadora, tendo em vista que o preço administrado do câmbio pelo governo retirou-lhe a competitividade, já muito afetada pelo Custo Brasil.
Há muito que ser feito e há um longo período para uma trajetória de implementação de nova política econômica e o alcance do seu sucesso.
O país depende de novas políticas e de forma otimista a política cambial poderá ser revista a partir de 2016, depois de todos os vetores da economia terem dado certo.
O risco deste movimento presente fortemente especulativo é de apreciar o preço da moeda americana de forma desprovida de fundamentos, sujeitando-a a movimentos de ajustes bruscos quando o país começar a viver o novo período presidencial, com a reeleição da situação ou eleição da oposição, o que parecerá um paradoxo.
No quesito câmbio não há mágica que permita a passagem do momento desfavorável para o favorável de forma direta e rápida. O país terá que conviver com atropelos e turbulências e certamente haverá piora no preço do dólar antes que consiga melhorar.
A reversão depende das novas políticas e do sucesso das mesmas e não será fácil a reconquista da atratividade e credibilidade, estando o país, atualmente em termos concretos, mais próximo do risco de rebaixamento de rating, que poderá tornar as correções mais difíceis do que se vislumbra na atualidade, do que da recuperação da atratividade perante investidores estrangeiros.
Há muitas questões em torno do câmbio e um cenário difícil de recuperação de fluxos pelo Brasil, e isto não se supera sem praticas de novas políticas recolocando o país na rota de crescimento, para na ponta final haver a revisão da política cambial.
O que se observa no câmbio neste momento nada tem a ver com a realidade e os fundamentos.
Pura especulação com foco único nas pesquisas eleitorais.