As conclusões do FMI podem pesar mais do que se imagina nos emergentes

E muito mais rápido do que se espera!

O Brasil vive um momento confuso no comportamento dos preços dos ativos no mercado financeiro, o mundo o observa com desapontamentos, urge que transite da soberba nas contestações aos que apontam as suas fragilidades e vulnerabilidades para uma postura mais humilde já que a realidade não o favorece neste debate.

Há, também presente, um excessivo peso concedido ao fator eleitoral que conflita com a realidade presente no país que envolve sua economia e perspectivas cada vez piores.

 Poderemos ter surpresas desagradáveis com deslocamentos bruscos de fluxos de recursos retirantes do país com destino ao mercado americano como atitude preventiva ante as conclusões expostas pelo FMI sobre crescimento mundial em 2015.

O Brasil tem problemas que são somente seus e criados e desenvolvidos aqui dentro consequentes da política econômica errática que conduziu o país a uma recessão técnica, crescimento do PIB extremamente nanico e uma política fiscal absolutamente deteriorada, confrontando esforços do BC em conter uma aquecida inflação com uma política de gastos de governo absolutamente expansionista.

O modelo de incentivo ao consumo que proporcionou que no período do governo Lula se obtivesse crescimento expressivo já não obtém desde então os mesmos resultados. Havia àquele tempo um mercado consumidor com enormes demandas reprimidas e bastou liberar o alcance ao crédito para impulsionar fortemente o consumo, ao mesmo tempo em que ocorreu o “boom” das commodities que conquistaram elevados preços e forte demanda mundial, até pela ocorrência de problemas em países produtores, e tudo parecia prospero e sustentável, embora houvesse pouca preocupação com investimentos na infraestrutura arcaica e onerosa do país.

Atualmente, a economia dá transparência que está estagnada por falta de investimentos que estão muito aquém do minimamente desejável, e o consumo em massa está arrefecido porque a demanda reprimida foi exaurida e trocada por elevado endividamento, fato que leva os agentes financiadores ao recuo na concessão do crédito. Não faltam recursos nos bancos, mas a propensão a conceder empréstimos caiu drasticamente.

O Brasil precisa ser mais previdente, está fragilizado e vulnerável, e quando o investidor, mesmo o especulativo, opta por considerar o risco e não a rentabilidade, o país não reúne condições de reter os capitais externos aqui investidos.

É preciso deixar de atribuir as causas a crise internacional, etc..

O Brasil é vitima de si mesmo e de mais ninguém, e agora age com certo desdém às observações do FMI sobre o crescimento global e em especial a seu próprio respeito.

Mas os mercados globais consideraram as observações do FMI relevantes e se o crescimento global será menor haverá maiores riscos e isto afeta os emergentes em especial, na medida em que os recursos financeiros passam a ser geridos com foco no risco e não na rentabilidade.

E, então, rapidamente os capitais passam a ser direcionados para os T-Bills americanos em detrimento de outras aplicações, mesmo nos Estados Unidos, e impulsionam as retiradas em especial dos mercados emergentes, como atitude nova e inesperada, com tanta força quanto se houvesse sido alterada a politica monetária americana, que neste contexto não deve ocorrer no curtíssimo prazo.

O fato é que há um desafio dantesco para redirecionar a economia do Brasil à retomada do crescimento, e, o país precisa “fazer a sua lição de casa” e ter em mente que não é o exterior que nos prejudica, mas sim a nossa fragilidade e vulnerabilidade é que nos retirando oportunidades.

Não adianta neste momento confundir o argumento de que temos reservas cambiais em torno de US$ 376,0 Bi, pois isto, dado o “status quo” da economia do país, tem pouco influência na decisão dos investidores.

As declarações do FMI podem provocar no curto prazo efeitos tão intensos quanto o que se espera para quando o FED altere sua política monetária, porém como um fato novo imprevisto com impacto altamente negativo para os emergentes, provocando saída de recursos externos em direção do mercado americano, como segurança, prevalecendo o conceito risco e não rentabilidade.

A Bovespa segundo o jornal Valor perdeu R$ 2,3 Bi de investimentos estrangeiros até o dia 8 deste mês, e esta parece ser uma tendência sustentável.

O Boletim FOCUS desta semana mantém a projeção conservadora para o preço do dólar ao final do ano de R$ 2,40, porém melhora discretamente a projeção para o PIB passando da elevação de 0,24% para 0,28% e intensificando a projeção negativa para a indústria passando de queda de 2,14% para 2,16%.

O FMI novamente alertou para a realidade de que com qualquer Presidente que seja eleito, o crescimento do Brasil continuará sendo baixo, o que parece evidente dado que o “status quo” é de extrema deterioração do desempenho da economia e da política fiscal.

O que está em linha com o que temos colocado em relação a tendência do preço do dólar. Não se devem nutrir expectativas sobre mudanças consideráveis no curtíssimo/curto prazo na política cambial, que dependerá totalmente da mudança do contexto Brasil perante os grandes investidores nacionais e internacionais. Isto demandará tempo e a política cambial estará no final da consolidação da nova política macroeconômica para o país e seu sucesso.

Embora possa ocorrer movimentos especulativos fomentados pelas pesquisas eleitorais, a questão é que o viés do preço da moeda americana continuará sendo sustentável de alta, dentro do nosso entendimento de que ainda piorará muito para posteriormente no médio/longo prazo permitir vislumbrar melhoras, desde que ocorram acertos.

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