O início das discussões políticas em torno da Reforma da Previdência ficou para depois do carnaval, e assim, deve ser reduzido o burburinho entorno do assunto, e então as “fakes News” serão minimizadas pelas notícias em torno de blocos, ranchos e marchinhas, afinal ninguém é de ferro!
O BC realiza hoje um leilão de linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra no montante de US$ 3,0 Bi, o objetivo é a rolagem parcial do vencimento de US$ 6,05 Bi que ocorrerá em março. Sabidamente, a data por ser véspera da fixação da Ptax do mês, para ajuste dos contratos atrelados à variação cambial, não é a mais recomendada por interferir ainda que de forma não sustentável na formação daquele preço que é relevante.
O preço do dólar que na realidade está sem motivos e razões para apreciação ou depreciação que o afaste do intervalo entre R$ 3,70 a R$ 3,75, tende a revelar maior volatilidade nestes 2 dias finais do mês, impulsionado pelo confronto entre comprados e vendidos e com reflexos secundários da rolagem dos contratos de financiamentos em moeda estrangeira programada pelo BC.
Nada demais, já faz parte do contumaz perfil de comportamento do preço da moeda americana, num ambiente repetitivo de fluxo cambial bastante discreto e bem aquém das melhores expectativas, mas que por si só não enseja preocupações ao país que tem uma situação de conforto com as contas externas, que de toda forma acentua a percepção de recuo dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil e, desta forma, retiram “fôlego” da Bovespa que ameaça mais não atinge os 100 mil pontos.
Sabidamente os investidores estrangeiros no mercado financeiro somente tendem a mudar de postura quando observarem materialização das propostas contidas na Reforma da Previdência, que consideram, como todos nós, vitais para a viabilização de solução da severa crise fiscal que assola o país e “destravar” a retomada das atividades econômicas.
Na realidade a economia permanece com o mesmo “status”, embora cercada com ambiente otimista, mas há o agravante da percepção de que a Reforma da Previdência demande muito mais tempo do que o previsto para sua finalização, e também, que pode ser desidratada no percurso.
O país tem urgência e ocorre então mais dúvidas e incertezas quanto às perspectivas de curto prazo, visto que um retardamento mais acentuado das definições pode comprometer seriamente o desempenho esperado na economia neste ano, provocando uma brusca redução das projeções para o PIB, ensejando até redução na taxa SELIC visto que o IPCA, dada a letargia da atividade econômica, deve acentuar viés cadente.
Este período que envolverá as discussões em torno da Reforma da Previdência tende a ser desalentador para um país que tem urgência em restabelecer seu dinamismo e entrar numa fase efetivamente promissora.
Por isso é que entendemos que teremos mais do mesmo com volatilidade, não somente por ser carnaval, mas por ter potencial para se tornar o perfil do comportamento do mercado financeiro na formação dos preços e seus indicadores até que se vislumbre o conteúdo efetivo dos termos da Reforma Previdenciária.
O mundo global está sujeito a inúmeras nuances mutantes em torno das principais economias. USA-CHINA, BREXIT, FED E SUA POLÍTICA, ETC…, mas tudo isto ficará ao largo, visto que o problema brasileiro requer soluções efetivas e eficazes a partir do próprio país, somente o Brasil poderá conduzir o Brasil para uma nova perspectiva, não perdendo de vista que no momento esta é binária.
A tendência, se assim podemos definir, será a inexistência de tendências sustentáveis tanto na Bovespa quanto no câmbio até que a Reforma da Previdência tenha condições de “revelar seus alinhamentos finais”, e isto, que certamente demandará tempo, provocará a repetência de mais do mesmo, num enfadonho percurso de tramitação.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO