Crise fiscal determina movimento pendular que afeta dólar e Bovespa pontualmente!

O Brasil tem um quadro bastante positivo em importantes pontos, como inflação baixa, juro baixo, excelente quadro das contas externas que o deixa absolutamente imune a qualquer risco de crise cambial, além da autoridade monetária dispor de instrumentos operacionais eficientes para prover liquidez ao mercado de câmbio, lastreados no expressivo volume de reservas cambiais.

Porém, tem um relevante problema carente de equacionamento, sem o que não consegue criar perspectivas mais favoráveis para a retomada da atividade econômica sustentada, geração de emprego, renda e consumo e fomentar investimentos para superar fragilidades de infraestrutura e no setor produtivo, qual seja a CRISE FISCAL.

Há ideias inúmeras focando atenuar este problema crucial para o país, tais como Reforma da Previdência, Reforma Tributária, redução da Dívida Pública para redução dos encargos financeiros expressivos através programa intenso de privatizações, etc. etc….

Mas o fato é que a CRISE FISCAL impõe ao país um prêmio de risco que afeta o preço da moeda americana no nosso mercado e no comportamento da Bovespa, e ambos os segmentos refletem as expectativas eivadas de incertezas no curto prazo e assim influencia o ânimo em torno dos seus comportamentos, impondo movimento pendular na medida em que os humores se alteram com os fatos imediatos.

O mercado global passa por momento de certas perturbações oriundas de embates comerciais, que já permitem antever perda de dinamismo no crescimento em 2019.

Convive com dúvidas e incertezas em torno da economia americana que tem tido comportamento forte, mas que tem merecido por parte de alguns analistas mais conservadores sinais de que pode desacelerar, e à margem deste contexto há o FED determinado a elevar o juro americano independente das críticas contumazes do Presidente Trump, o que impacta nos países emergentes, que tendem a perder atratividade.

Ainda, adicionalmente, há as questões envolvendo o Brexit e a União Europeia, que tem impactos também relevantes.

Mas, embora o Brasil não seja uma ilha, consideramos que o comportamento da formação de preços no nosso mercado de câmbio e no mercado acionário é consequente das incertezas internas ainda presentes no país.

A CRISE FISCAL é um entrave fortíssimo a todos os bons propósitos que vem sendo manifestados pelo novo governo, pois é um problema paralisante das iniciativas mais relevantes e necessárias para o redirecionamento do país na linha de retomada da atividade econômica e a capacidade do governo realizar sua parte de forma eficiente.

Este estado de coisas tem forte capacidade estressante e assim acaba por determinar movimentos oscilantes, que provocam a alta e a baixa continua de forma pendular, tanto no preço do dólar quanto no índice Bovespa.

No nosso entender há efetivas “bandas” para esta flutuação, visto que na realidade não há fundamentos limitantes que não permitem exacerbações maiores nem para cima e nem para baixo.

No nosso entender, como vimos destacando, o preço do dólar tem como intervalo para oscilações, após o que para baixo ou para cima não tem sustentabilidade, o preço entre R$ 3,70 a R$ 3,80, enquanto na Bovespa está entre 80 e 90 mil pontos.

Não nos surpreenderá se estes parâmetros predominarem até o momento em que o novo governo, já empossado, consiga implementar medidas eficazes e críveis para equacionamento da CRISE FISCAL.

Há, em perspectiva, projeções de que o preço do dólar posteriormente assuma outro patamar, no nosso ponto de vista em torno de R$ 3,40/3,50, e a Bovespa possa ultrapassar os 100 mil pontos, mas por enquanto acreditamos que as variações estão contidas dentro do que mencionamos.

Há um fator relevante a ser considerado para pressão pontual sobre o preço da moeda americana aos finais de mês que é o ambiente do mercado futuro, onde “comprados” e “vendidos” tem posições substantivas em confronto, sendo que os “comprados” que tinham postura considerada especulativa, em grande parte, sofreram, em tese, perdas ainda não consolidadas com a depreciação do preço do dólar, mas ainda nutrem expectativa de que o novo governo possa vir a ter dificuldades com as medidas corretivas focadas na CRISE FISCAL, em especial a Reforma da Previdência, e assim ocorrer fator oportuno para apreciar o dólar e atenuar o prejuízo.

Este contexto pontual pode determinar volatilidade do preço do dólar ao final do mês, mas sem ser efetivamente reversivo à continuidade de variação no intervalo de R$ 3,70 a R$ 3,80.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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