COPOM inquieto com cenário novo, mas perspectivas internas persistem otimistas!

O COPOM deixou latente em sua ATA preocupações com o cenário novo do Brasil do juro baixo e menor presença do Estado na economia, já que não existe contexto antecedente que possa ancorar as relações causas/efeitos consequentes e isto aumenta incertezas em relação à transmissão da política monetária.

Deixou praticamente assegurada nova redução 0,50% da taxa SELIC na última reunião do ano, prevista para 10 e 11 de dezembro, levando-a a fechar o ano em 4,5%.

Contudo, sobre a sequência mostrou-se reticente com menção na Ata que “alguns membros do COPOM destacaram que as mudanças no mercado de crédito e na intermediação financeira, como o maior papel desempenhado pelo crédito com recursos livres e pelo mercado de capitais, podem impactar a transmissão da política monetária”.

No entendimento do COPOM num ambiente de SELIC tão baixa  aumentam as incertezas em relação à transmissão da política monetária.

Enfim, há cautela e receios de perda de efetivo controle contumaz e há riscos de ocorrer impactos imprevistos, até porque não há experiência anterior, aguardando algum aquecimento do IPCA no final do ano. Espera fechar o ano com IPCA de 3,4%, para 2020 3,7% e para 2021 3,6%.

Embora tenha trabalhado para seus cálculos o cenário de dólar ao preço de R$ 4,05, acreditamos que as expectativas presentes com fluxos pontuais para o pré-sal e em perspectiva, principalmente, para privatizações, além de ser bastante factível que o PIB atinja 1% em 2019 e havendo já sinalizações de correção da projeção para 2020 para 2,5%,  haverá motivação para o retorno dos investidores estrangeiros ao país.

A colocação de títulos pelo governo brasileiro no exterior neste momento em que o país detém CDS 5 anos em torno de 114 pontos, com viés acentuado de romper o recorde de 111 pontos, é extremamente oportuna para balizar e estimular colocações privadas, invertendo a tendência havida de nacionalizar passivos externos face ao baixo custo local.

Este fato deverá ter impacto bastante favorável sobre a decisão dos investidores estrangeiros focarem com maior acuidade o Brasil

Certamente, o cenário deste bimestre final deverá ser marcante para o Brasil, fortalecendo o otimismo preponderante e fortalecendo a retomada da atividade econômica, com geração de emprego e renda de forma mais consistente, criando um ambiente extremamente positivo para o ano de 2020, com expectativas de aprovações de novas e importantes reformas até meados deste ano.

Há certa inquietação sobre a geração imediata de emprego e renda, contudo é preciso entender que “não há milagres” e que o que impulsiona a recuperação destes itens relevantes e a retomada da atividade econômica, e, não há como inverter a ordem, mas o fato concreto é que a melhora gradual está ocorrendo e é perceptível.

Embora seja plausível admitir-se que os embates comerciais e geopolíticos devam permanecer já que será muito difícil um acordo pleno que atenda a todos os interesses, o Brasil, que havia perdido atratividade, passa se colocar como uma boa opção para investimentos de todas as naturezas, havendo uma vasta gama de oportunidades em todos os setores estratégicos.

Continuamos com a percepção de que o preço do dólar ao final do ano poderá estar no entorno de R$ 3,80, num ambiente ainda permeado por volatilidade visto que há inúmeros posicionamentos que serão afetados e que apresentarão resistência a queda, mas que passará a evidenciar recuperação dos fluxos cambiais.

Neste momento, as perspectivas é que dão sustentabilidade ao otimismo, mas certamente fatos concretos darão fundamento a recuperação do país.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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