O que significa uma redução da taxa SELIC de 14,25% para 14,00% em termos efetivos?
Muito pouco ou quase nada, a menos que nos permitamos enganar, até porque se prestará a reduzir a taxa de juro de captação do sistema financeiro, sem que, como habitual, não promova redução de custos na oferta e nem mesmo expansão nesta oferta.
A inércia da atividade econômica perdura e em termos efetivos é esta retração resistente que provoca a contenção da inflação e não a taxa de juro, absolutamente inócua no ambiente atual.
O Copom adotou uma medida puramente politica e deu um sinal agradando mais o mercado financeiro do que o setor produtivo.
Nada vai acontecer de grandioso, atendeu os anseios do mercado financeiro, dos quais pode até se levantar dúvidas quanto a efetividade.
A economia não responderá a esta iniciativa, após confirmar sua inércia com a projeção do BC do nível de atividade em agosto, a mais negativa nos últimos 15 meses, com queda de 0,91% em agosto. Este quadro nefasto que continua contraindo a inflação, suportando o desemprego quase irreversível, queda do consumo e a indefinição quanto a politica fiscal, que desta forma não apresenta sinais de recuperação.
O caos na atividade econômica do país perdura imutável tanto quanto no governo afastado, tendo simplesmente havida a intensificação de anseios em manifestações publicas, contudo com enorme dificuldade de alcance. O preço da moeda americana tem sido gerido no sentido de ser contributiva para a contenção inflacionária. Há a propagação não evidenciada de forma convincente nos números de fluxos de recursos.
A despeito do desempenho da Bolsa não mudou muito o perfil da movimentação liquida de recursos externos. Saíram do país no ano até 14 de outubro último US$ 49,1 Bi de capital financeiro, liquidamente US$ 14,6 Bi. Na semana antecedente os números apontavam US$ 48,7 Bi e US$ 15,8 Bi.
Há absoluta clareza de que o país não atrai recursos externos para a conta capital, aquele focando o setor produtivo, mas predominantemente as contas de características especulativas focando a oportunidade de rentabilização.
Este é o tipo de recurso que merece cuidados pelo país, visto que o fluxo pode ser alterado rapidamente.
A queda da taxa SELIC pode ser pouco contributiva para o todo, mas se coincidir com uma alta do juro americano pode provocar movimentos de reversão de fluxos e então o real deixará este preço absurdamente atípico e passar a conduzi-la a parâmetros mais efetivos com a situação econômica do país.
Na realidade “faltam apelo e credibilidade” ao país para que seja foco de capitais externos focando efetivamente investimento, buscando a conta capital.
Portanto, embora esperada por uma “expectativa plantada” pelo mercado financeiro, a alta da taxa SELIC deve ter baixíssima repercussão na economia brasileira.
Não adianta tornar superlativa a decisão, foi só uma forma do COPOM agir politicamente atendendo expectativas não bem fundamentadas do mercado financeiro, para, embora sabendo praticamente nula, demonstrar-se diferente.
Com este tipo, qualidade, de recurso externo e predominando a fragilidade da situação econômica brasileira, haverá sempre a insegurança quanto ao preço do real em relação à moeda americana.
O que se observa tem baixa sustentabilidade e o ano que vem deve ter repercussões amplamente negativas no fluxo comercial, devendo manter o fluxo de saída de recursos financeiros.
Certas práticas do passado não encontram espaço adequado para serem replicadas no ambiente atual, totalmente diferente.