A inflação deu sinais momentâneos de arrefecimento, até com alguma surpresa, registrando 0,67% em abril ante projeção de 0,80%, acumulando no ano 6,28%.
Todavia, este fato não retira a perspectiva de que possa superar o pico alto da meta em junho ou julho, por isso a autoridade monetária tem se manifestado com intensidade sobre o controle das pressões inflacionárias.
O uso da taxa cambial fortemente apreciada sob o argumento de fluxo cambial intenso, o que em termos líquidos não foi intenso como se propaga e com a curva de tendência já apontando para propensão a tornar-se negativo, muito provavelmente a partir deste mês de maio, em especial no segmento financeiro, devemos considerar que a manutenção da apreciação do real ainda se sustenta com a persistente intervenção do BC no mercado promovendo oferta excessiva de “swaps cambiais”.
Notório que a inflação é uma questão central para o governo, até porque este é um ano eleitoral.
A continuidade da forte utilização da taxa cambial com o real apreciado para conter pressões inflacionárias numa combinação com o juro elevado pode estar elevando o risco de forte impacto corretivo na taxa cambial até o final do ano, pondo em risco eventuais vantagens conquistadas nesta fase de real apreciado induzido.
Há uma visão consensual de que grande parte dos ingressos ocorridos ao longo do 1º quadrimestre foram de natureza especulativa, e, a despeito do volume, não foi capaz de gerar um saldo mais expressivo no fluxo cambial face a ocorrência concomitante e nem sempre bem observada de intenso movimento de saída de recursos estrangeiros do país no mesmo período.
Há, também, uma visão consensual de que estes capitais especulativos tendem a se retirar do país no curto prazo, por ser a característica marcante dos mesmos não se fazerem duradouros, buscando ganho rápido e promovendo a reversão.
Como há inúmeros fatores prospectivos que sugerem pressão de alta no preço da moeda americana ao longo do ano, a continuidade da manutenção do preço da moeda americana depreciada pode estar armazenando a ocorrência de um “boom” de alta decorrente de aumento de demanda efetiva no mercado à vista, não controlável com oferta de “swaps cambiais” e sim com oferta de liquidez com moeda efetiva, que a despeito das medidas contemporizadoras que vierem a ser adotadas pelo BC, poderão atingir confirmando as projeções atuais entre R$ 2,45 a R$ 2,60.
Um movimento brusco poderá comprometer todo o esforço do governo com a adoção de taxas de juros elevadas e indução à taxa do real apreciada ante o dólar.
Na realidade os números mais recentes do fluxo cambial divulgados pelo BC já evidenciaram fluxo negativo no segmento financeiro, o que pode ser a sinalização de tendência e a Bovespa vem se mantendo volátil, com as altas decorrentes muito de fatos pontuais, mas com um viés, como pano de fundo de realização de lucros e retirada dos recursos do país.
No nosso entender, o BC deveria interromper a rolagem da posição vincenda em 2 de junho, o que reduziria a apreciação do real, mitigando assim ocorrência de movimentos de alta muito abruptos num curto espaço de tempo até o final do ano.