Câmbio News

Volatilidade discreta envolve câmbio e bolsa. Contexto tende a mudar

Transição de tendências dos segmentos do mercado e incertezas crescentes em torno das perspectivas gera volatilidade nos preços.

E, então, a volatilidade se faz presente no sobe e desce descolado de fundamentos, que ficam sujeitos a indicação de várias causas, porém nenhuma efetivamente sustentável.

Como fato novo de influência somente as declarações atribuídas ao Presidente do PT com posicionamento a autonomia do BC e que num segundo mandato da Presidenta Dilma pode-se discutir controles de capitais mais rigorosos, para inibir os investimentos especulativos.

Desta forma, o que se presencia quase que cotidianamente é “mais do mesmo”, um dia a Bolsa sobe devido a um papel ou um fato pontual e outro cai por razões semelhantes, enquanto o real vai se mantendo apreciado amparado pela ainda excessiva oferta de “swaps cambiais”, apesar dos sinais de redução que parecem, no primeiro momento, insuficientes para conter a demasiada apreciação do real, que como “pano de fundo” é equivocadamente atribuída ao pretenso fluxo cambial positivo intenso, que já não ocorre de forma efetiva.

A fala do Presidente do PT é de toda forma preocupante, pois no passado recente o governo impôs controles não tão rigorosos e ficou à mingua para atrair capitais, tendo que revertê-las em caráter de urgência para acolher e motivar o deslocamento de recursos externos especulativos para o país. E ao final ficou faltando recursos para financiar o déficit em transações correntes.

Embora a fala do Presidente do PT possa ser considerada colocação inoportuna em tempos pré-eleitorais, é preciso destacar a falta de simetria com a realidade do país que já não desperta atratividade crescente, podendo não atingir este ano US$ 60,0 Bi, para os IED´s, pois mantém perspectivas de crescimento baixo do PIB, inflação elevada, conceitualmente um país caro face a carga tributária e registra forte intervenção do governo na economia.

O 1º quadrimestre deste ano teve no fluxo de capitais especulativos para o país, até certo ponto surpreendente, a “salvação” do fluxo cambial, pois sem o mesmo o saldo negativo já teria ampliado a insuficiência de fluxo já carreada do ano passado.

Porém, já ocorrem sinais no fluxo financeiro de que estes recursos especulativos podem estar deixando o país, aliás, confirmando sua característica de ser de curta duração no país após obtido o objetivo de ganho rápido.

O Brasil tem crescentes incertezas até o final deste ano, grande parte de origem interna e uma parcela menor do exterior, como as incertezas em torno da politica monetária do FED e suas prováveis mudanças.

Até quando continuaremos com este contexto diário de “mais do mesmo”?

 Consideramos que está próximo o momento em que a reversão  dos grandes fluxos brutos de capital especulativo ingressados no país será intensificada e isto exercerá pressão sobre a formação do preço da moeda americana.

Sabidamente o BC está utilizando a taxa cambial como coadjuvante ao juro na estratégia de contenção das pressões inflacionárias, e se quiser mantê-la assim precisará estimular os bancos a ampliarem suas posições vendidas, concedendo-lhes mais linhas de financiamento em moeda americana, para que gerem liquidez, ou que, diretamente, venda divisas à vista ao mercado gerando liquidez.

O Ministro Mantega falou destacando que voltou tudo ao normal no mercado de câmbio. Parece que passamos a considerar a intervenção do BC reprimindo a taxa cambial como um fato normal, só pode ser isto! Consideramos que foi somente uma declaração no estilo do Ministro, mas desprovida do mais importante, o fundamento, já que basta observar o fluxo cambial para o país com viés de queda e as posições vendidas dos bancos que revelam a dimensão da insuficiência de fluxo, ancoradas parcialmente em linhas concedidas pelo BC para gerar liquidez, e que no todo são equivalentes a 4% das reservas cambiais brasileiras.

Quanto maior for o tempo em que perdurar o preço reprimido da moeda americana no nosso mercado com a intervenção do BC, maior será o risco de ocorrer ao longo do ano mutações de preços com altas abruptas que poderão atingir passivos não protegidos por “hedge” ou mesmo motivar saídas de recursos do país de forma intempestiva para que sejam mitigados os riscos de variação cambial que poderá fazê-los menores em dólares e até anular ganhos.

A realidade da mudança gradual de tendência se evidencia na observação do comportamento do fluxo cambio e que não repercute de imediato na formação do preço da moeda americana, como já salientamos devido a excessiva intervenção do BC com oferta de “swaps cambiais”, que contudo tende a perder eficácia na medida em que a demanda recue no mercado de derivativos e se acentue no mercado à vista de câmbio.

Na semana de 5 a 9 de maio o fluxo cambial teve comportamento negativo de US$ 2,510 Bi. No comercial o fluxo foi negativo em US$ 437,0 M e no financeiro, por entram e saem os capitais especulativos ou não foi negativo em US$ 2,073 Bi.

No mês o fluxo cambial está negativo em US$ 1,737 Bi, sendo US$ 218,0 Bi no comercial e US$ 1,519 Bi no financeiro, o que evidencia que a reversão no financeiro já está em processo de elevação.

No ano o fluxo cambial líquido está positivo em US$ 3,104 Bi devido a melhora havida no fluxo comercial que responde por US$ 2,522 Bi, em razão das exportações agrícolas pontuais nesta época.

Importante observar que a magnitude do fluxo cambial financeiro líquido, ao qual tem se atribuído a apreciação do real, NO ANO É DE TÃO SOMENTE US$ 582,0 M, montante absolutamente incapaz para manter o real apreciado, deixando evidente que o BC está monitorando a taxa cambial com a oferta de “swaps cambiais”, que tende a perder influência.

Os bancos estão com posições vendidas de US$ 15,315 Bi, que representa efetiva insuficiência de fluxo positivo para o país, das quais US$ 10,401 Bi estão ancorados em financiamentos em moeda estrangeira concedidas pelo BC.

As posições vendidas dos bancos revelam a insuficiência de fluxo equivalente a 4% das reservas cambiais brasileiras atuais. Não há perspectiva que sugira que o país obtenha recuperação de fluxo cambial este ano para cobrir este montante faltante.

Como a tendência é de que está situação seja agravada, o BC poderá ser levado a realizar leilão ofertando dólares ou os bancos terão que elevar suas posições vendidas para suprir a liquidez do mercado.

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