Câmbio: A realidade é mais forte do que a ficção estimulada

O país segue “atordoado” pela difícil equação que representa o caos em que se encontra a sua economia, agregada a um destempero fortíssimo no campo político, e, pasmem, o que o faz absolutamente desinteressante para os investidores estrangeiros, o que quer dizer os fluxos financeiros tendem a ser cada vez mais cadentes, e o preço da moeda americana, sensor de imediata percepção das situações ruins, sofria depreciação frente a nossa vulnerável moeda nacional, o real.

Evidentemente o preço do dólar no nosso mercado, face à tudo que se passa no país neste momento e que não sugere qualquer chance de planejamento de estabilização, no mínimo, a partir de 2017, já que 2016 deve ser tão ruim quanto 2015 em indicadores econômicos com o agravante do crescimento do desemprego, queda de renda e consumo e inflação resistente, apresentava-se fora do ponto, indiscutivelmente vivenciando uma ficção estimulada que o desvalorizava sem quaisquer fundamentos criveis.

Num cenário prospectivo inteiramente obscuro, uma ameaça à Presidenta da República com um “impeachment” provocou alta nos papéis descabidas face ao “status quo” da nossa economia e os enormes problemas que enfrentam, e uma valorização do real, totalmente incoerentes.

Como já destacamos, a questão do Brasil em sua econômica, independente de quem esteja à frente do governo, ensejará, desde que agindo com acertos, pelo menos uns 2 anos para reconquistar a estabilidade dos seus indicadores econômicos, afora os problemas políticos perturbadores que parecem crônicos por parte do atual Congresso, então não há como afrontar a realidade mutilando-a com atos de ficção estimulada, como precificar já nos ativos, ignorando a realidade, perspectivas longínquas e incertas.

Tem faltado sensatez, pois o momento sugere observação sem menosprezar a realidade dura que o país terá que enfrentar, e não a “escondendo” utilizando perspectivas absolutamente infundadas.

Não há como o país sair do “atoleiro” a que foi conduzida a sua economia sem passar por uma fortíssima recessão e até mesmo depressão, intensificando a perda do dinamismo, gerando em 2016 expressivo grau de desemprego e suas consequências diretas como queda de renda e queda do consumo, inflação persistente ainda durante um longo período em 2016, inadimplência crescente, insatisfação popular generalizada, com ênfase às classes mais baixas, etc….. Será necessário para que os preços livres relativos da economia sejam realinhados a efetiva situação do país, sendo, contudo, necessário que o governo contenha os repasses de altas nos preços administrados, vorazmente corrigidos neste ano de 2015.

Esta é uma parte da realidade em perspectiva, porém pouco considerada e salientada pelo governo, mas bastou a agência de ratings Moody´s colocar o país em linha direta para o “downgrade”, o que tudo indica será replicado pela Fitch e S&P, pois é impossível o pais passar impune com um déficit fiscal de R$ 120,0 Bi, que deve se repetir em 2016, espera-se em menor dimensão, e a ficção estimulada não resistiu.

O “downgrade” do país seria um tranco forte neste momento de absoluto caos na economia, que pode ter como agregado o aumento do juro americano, o que tende a piorar o quadro, e então acentuará a saída de recursos de qualidade do mercado financeiro, ao mesmo tempo em que provoca a contração dos ingressos, mesmo aqueles para o setor produtivo.

Os instrumentos que o governo vem utilizando, contratos de swaps cambiais hoje em torno de US$ 110,0 Bi no mercado futuro para “hedge” e financiamentos de linhas aos bancos para que indiretamente supra, utilizando ditos bancos, a liquidez do mercado de câmbio, são formas sutis de comprometimento das reservas cambiais, visto que os contratos de swaps tem credibilidade pelo fato de existirem reservas e os bancos serem supridos pelo próprio BC para gerar liquidez no mercado à vista, mantendo posições vendidas que não existiriam se a autoridade monetária vendesse efetivamente divisas ao mercado.

As reservas cambiais brasileira estão indiretamente já com um comprometimento destes instrumentos, até porque nada sugere que haverá intensificação de fluxo de recursos estrangeiros para o país.

Então, a realidade vista com amplitude ou setorialmente não evidencia cenário favorável, mas sim tendente a agravamento, e o setor externo não sugere que o dólar fique fora do ponto como atualmente, pois não viabiliza negócios estimulantes para a economia pela incerteza e falta de credibilidade do seu preço e há todo um contexto interno e externo sugerindo a desvalorização do real.

A manifestação da Moody´s a respeito da avaliação da nota do Brasil trouxe de volta a realidade da situação do Brasil, pondo por terra a ficção que estava presente, e hoje, a Moody´s fez nova observação de que vislumbra uma retomada fraca de crescimento do país em 2017, que consideramos já extremamente otimista.

Não há espaço e nem ambiente no momento para otimismos, reações de “torcida organizada”, insensatez, mas sim as realidades devem estar presentes na atenção e observação de todo o mercado financeiro, em especial no câmbio que é o sensor maior do “status quo” do país.

A projeção de preço de R$ 4,00 para o final deste ano permanece válida e fundamentada, e não consideramos exagerada projeção para R$ 5,00 ao final de 2016, pois o cenário econômico interno e os riscos externos, “downgrade” e aumento do juro americano são absolutamente factíveis, são potencialmente mais fortes do que os instrumentos paliativos que o BC dispõe para administrar a taxa, embora provoquem volatilidade, o que também é ruim.

 

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