O Banco Central do Brasil sinalizou que a média das concessões de crédito, no mês de abril último, recuou 9,8% em comparação a novembro do ano passado, com o prazo médio para pagamento recuando de 47,5 meses para 38,1 meses, enquanto na…
O Banco Central do Brasil sinalizou que a média das concessões de crédito, no mês de abril último, recuou 9,8% em comparação a novembro do ano passado, com o prazo médio para pagamento recuando de 47,5 meses para 38,1 meses, enquanto na comparação abril frente a março deste ano a queda nas concessões foi de 3,4%.
O comportamento está em linha com o objetivo, porém a intensidade da queda certamente não, pois a economia precisa desaquecer mais para poder fazer frente à inflação, que continua mostrando força. O IPCA-15 do IBGE relativo a este mês de maio apontou alta de 0,70%, abaixo dos 0,77% apurado em abril, mas acumula no ano 6,51%, suplantando o piso alto da inflação planejada pelo governo.
O crédito cedeu, mas a percepção é que continua bastante disponível para fomentar o consumo, provavelmente o fator de maior peso tenha sido a indução à redução de prazo que impacta mais forte na renda familiar, do que elevação de juro.
Ainda há muito fluxo, principalmente do exterior, operacionalizado pelo sistema financeiro através de captações para geração de liquidez, e, enquanto o governo não cercear normativamente a exposição dos bancos às operações com variação cambial e elevar os compulsórios com indução a novo encurtamento dos prazos para o crédito, numa segunda rodada de medidas prudenciais, a retração do consumo será menor do que o necessário para reduzir as pressões inflacionárias.
A despeito do BC afirmar que o país está em processo de desaceleração, os próprios dados divulgados pelo órgão evidenciam que a atividade econômica no 1º trimestre do ano foi superior no último trimestre de 2010.
Outro dado relevante é que a arrecadação federal cresceu em abril no confronto com março expressivos 19% e na comparação com abril de 2010 algo como 10,34%, comportamento extremamente elástico em relação ao crescimento do país, que denota estar persistente. No ano o crescimento da arrecadação já atinge 11,5%.
A ambiguidade de desejar conter a inflação mantendo ritmo firme de crescimento coloca sempre um risco de insucesso numa das pontas.
Esta é a incerteza presente, que neutraliza em parte a capacidade de estabelecer-se projeções, que assim acabam sendo manifestadas na pior hipótese, contaminando a economia.
O humor no mercado internacional é negativo com os últimos dados da economia americana divulgados ontem; problemas persistindo na Europa em relação à situação da Grécia e sucessão no FMI em disputa e no Japão em recessão, o Banco Central manteve a taxa de juro inalterada em “zero”.
As “commodities” perdem preço. O petróleo recua para US$ 96,61 o barril. Os T-Bills sofrem valorização e para 10 anos fecham a curva de juros “yeld” para 3,16% aa.
O dólar, a despeito dos dados pouco favoráveis da economia americana, valoriza-se ante Euro US$ 1,4148 Libra US$ 1,6186 e Yen 81,7450 p/US$, como consequência da queda dos preços das “commodities” e também por, aparentemente, estar menos ruim do que a Europa e o Japão.
Na realidade pouca coisa muda, volatilidade num segmento provoca volatilidade, noutro, altas e baixas, sem “sair muito do lugar” e sem estabelecer tendências, mas sim repercussões de curtíssimo prazo.
No Brasil não é diferente, muito embora tenhamos situações pontuais internas que interferem na formação dos preços dos ativos, por vezes, mais intensamente do que fatores externos.
O dólar parece “confortável” entre R$ 1,61 a R$ 1,62, com o giro no interbancário, ontem, tendo recuado a tão somente US$ 1,8 Bi, o que deixa evidente a baixa liquidez.