É extremamente prematura a formação de juízo imediato sobre a eficácia da medida normativa estabelecida pelo Banco Central do Brasil, na semana passada, criando o compulsório de 60% sobre as posições “vendidas”, mantidas pelos bancos, no…
É extremamente prematura a formação de juízo imediato sobre a eficácia da medida normativa estabelecida pelo Banco Central do Brasil, na semana passada, criando o compulsório de 60% sobre as posições “vendidas”, mantidas pelos bancos, no mercado de câmbio à vista, superiores a US$ 3,0 Bi ou a média aritmética do patrimônio de referência, o que for menor.
A medida terá impacto não só no mercado à vista, mas em toda a cadeia de operações envolvendo câmbio no mercado futuro, e que, naturalmente, afetarão a formação dos preços da moeda americana nos inúmeros segmentos do mercado financeiro.
Os “ruídos” maiores foram naturalmente amortecidos pela prudência com que a medida foi estabelecida pelo BC, ao conceder prazo elástico para o ajuste e permitindo, ainda, um montante não desprezível de “posição” vendida por parte dos bancos.
Houvesse o BC determinado um prazo menor, digamos 30 dias, e reduzido o teto não sujeito ao depósito compulsório para algo como US$ 2,0 Bi, e certamente o preço da moeda americana teria sofrido forte apreciação, mas a ação da autoridade monetária é impor disciplina e não provocar a ocorrência de riscos expressivos às instituições do mercado de câmbio.
Como salientamos, há movimentos e posicionamentos que vão muito além do fluxo cambial que afetam a formação do preço da moeda americana no país, combinando-o com taxa de juros, etc., e, num primeiro momento, não se pode aferir com exatidão os impactos dos desmontes consequentes, sabendo-se, contudo, que rigorosamente devem ocorrer.
É preciso, portanto, dar tempo, e não perder de vista, que a norma que estabeleceu estes limites de valores e prazo, vigente a partir de 4 de abril próximo, pode ser uma fase inicial da ação deste governo no sentido de desatrelar o preço da moeda americana como parte integrante do controle inflacionário, e que acaba, ao assim utilizá-la, proporcionando a fomentação de operações derivativas, que levam ao desvirtuamento daquele preço, afastando-o do ponto de equilíbrio. Nada impede que gradualmente o “torniquete” seja apertado.
Entendemos, também, que não se pode considerar retrocesso na política cambial medidas deste tipo, mas sim corretivas, “profiláticas”, pois o Brasil, neste novo governo sinaliza que buscará reverter desconformidades relevantes presentes, como taxa de juro elevado incompatível com conceito de risco a nível internacional. Tendo um mercado de derivativo muito ativo, esta distorção é oportunamente explorada. Coibir “nichos” de cunho especulativo pode contrariar os especuladores, mas não pode ser visto como retrocesso.
Se mantiver o “status quo” antecedente, o Brasil continuará praticando o oposto ao que o Ministro Mantega costuma denominar como “guerra cambial”, visto que continuaremos sendo um país que pratica elevada taxa de juro e real apreciado, ou seja nós mesmos inviabilizamos nosso comércio exterior.
Mantega, como salientou em entrevista ao Financial Times, continua preconizando novas medidas no mercado futuro. Mantém, assim, firme o propósito de ir efetivamente as causas de distorção da formação do preço da moeda americana.
Indo por este “caminho”, certamente desta vez alcançará resultados no câmbio, se bem que não devemos esperar um preço de moeda americana “explosivo”, mas tão somente equilibrado, com uma queda substantiva dos movimentos especulativos.
Porém, a grande expectativa presente, para completar os sinais de mudança da matriz de controle inflacionário no país, passando a focar os custos e não mais as consequências, impõem que o governo dê sinais de austeridade fiscal e anuncie os objetivos iniciais de corte orçamentário.
O rigor fiscal como determinação e sinalizado de forma efetiva consolidará a credibilidade nos propósitos deste novo governo.
O BOLETIM FOCUS divulgado na última sexta-feira, dia 7, aponta projeções medianas ainda considerando o continuísmo das práticas, não sancionando percepções das mudanças que vêm sendo sinalizadas. IPCA para final do ano em 5,34% e para os próximos 12 meses em 5,35%. Dólar a R$ 1,75 e SELIC a 12,25% ao final do ano.PIB com crescimento de 4,50%. IED´s em US$ 40,0 Bi. Balança Comercial superávit em US$ 8,75 Bi e Déficit em transações correntes em US$ 67,44 Bi.
Consideramos que indicadores atuais precisarão ser revistos no 2º trimestre, e, poderão afastar- se dos projetados no momento.
A FGV divulgou a 1ª prévia do IGP-M de janeiro com alta de 0,42%, pouco acima do consenso do mercado de 0,40%, com destaque para o avanço observado no INCC.
A balança comercial brasileira registrou na 1ª semana de janeiro (1º a 9) déficit de US$ 486,0 MM. Em 2010 o superávit foi de US$ 20,278 Bi, 19,7% menor que em 2009, tendo sido observado crescimento expressivo no intercâmbio com a China, exportamos US$ 30,8 Bi e importamos US$ 25,6 Bi.
No cenário externo, a China divulgou que em 2010 obteve superávit comercial de US$ 184,5 Bi ante US$ 198,1 Bi em 2009. As exportações cresceram 1,3% e as importações 38,9% em relação a 2009.
Os Estados Unidos continuam gerando números oscilantes, enquanto na Europa renovam-se as preocupações com os países periféricos da zona do euro, acentuando-se as preocupações a respeito de Portugal.
O Euro estava sendo cotado a US$ 1,2908 .