Isto pode parecer bom, mas no fundo pode levar a demanda decorrente da saída de recursos do país avolumar-se num período mais estreito de tempo e, desta forma, exercer pressão mais intensa na tendência de apreciação do preço da moeda americana no nosso mercado à vista.
Na Europa, a zona do euro tem economia estagnada no 2º trimestre e inflação baixa, com a Alemanha perdendo força na sua atividade econômica e revelando ocorrência de contração no 2º trimestre.
Nos Estados Unidos dados mais recentes pouco otimistas, com aumento do pedido de seguro desemprego na última semana e vendas no varejo desapontando, embora julho seja mês de férias, por ser um dos indicadores de grande relevância visto que o PIB americano tem expressiva participação do consumo interno. Este fato, em tese, antepõe-se a outros números positivos e gera incerteza sobre as decisões em perspectiva do FED envolvendo a política monetária americana.
A China parece extremamente claudicante repercutindo efeitos do seu tamanho e ausência de mercado interno consumidor expressivo, e com seu mercado imobiliário fragilizando-se e comprometendo seu crescimento.
Mas o Brasil tem um contexto bastante complexo altamente negativo, sendo que sua atratividade de curto prazo está atrelada unicamente na oportunidade de proporcionar ganhos a capitais externos especulativos, tendo incertezas naturais que sugerem atitudes prudenciais neste 2º semestre por parte destes investidores por ser ano eleitoral que criam latente tendência de saída de recursos do país, ao mesmo tempo em há também a tendência de retração de ingressos de recursos externos, inclusive os direcionados à conta de capital, conhecidos como IED´s, já que o “status quo” do país revela baixíssimo crescimento, elevada inflação, política fiscal deteriorada, sinais de desemprego e queda na capacidade de consumo da população no varejo como sinal de corrosão da renda real.
O quadro externo não favorável está dando uma sobrevida na permanência no país de capitais que deverão se tornar retirantes no curtíssimo prazo, visto que já era esperada para este mês de agosto movimento mais intenso que provavelmente está sendo protelado ao máximo, mas que certamente ganhará impulso no mês de setembro próximo.
Houvesse tido inicio neste mês de agosto, a demanda no mercado à vista ocorreria de forma mais diluída, porém agora temos o risco de que este movimento de saída se concentre totalmente no mês de setembro próximo.
Naturalmente o BC se confirmado o contexto posto continuará buscando conter apreciação maior da moeda americana para evitar acentuada pressão inflacionária, mas o tamanho de sua intervenção deverá ser elevado abruptamente num curtíssimo espaço de tempo, e, da mesma forma, os bancos precisarão elevar o montante de suas posições vendidas para gerar liquidez no mercado de câmbio à vista, o que sugere que o BC possa até a retomar as concessões de linhas em moedas estrangeiras aos bancos para lastro destas posições vendidas, zerada neste momento, com os bancos optando por as captarem diretamente junto aos bancos estrangeiros.
Como temos citado ilustrativamente, a diferença entre o remédio e o veneno é a dose.
Portanto, ao ser exigido a desempenhar uma intervenção mais forte no mercado de câmbio à vista focando contrair expansão expressiva do preço da moeda americana, e, ao mesmo tempo, os bancos elevando de forma intensa suas posições vendidas, poderá passar ao mercado o sentimento de que a fragilização da moeda está se acentuando e exigindo esforço maior da autoridade monetária para garantir “confiança na mesma” e que os fluxos de recursos para o país são cadentes e estão provocando a elevação das posições vendidas por parte dos bancos.
Isto poderá fomentar movimentos especulativos sobre o real.
Desta forma, considerando a conjuntura geral mundial e as particularidades do Brasil, entendemos que a volatilidade deva se intensificar e que em perspectiva de curto prazo será inevitável ocorrência de aumento de demanda de moeda americana no mercado à vista, com repercussões de apreciação do seu preço.