Termômetro Broadcast: Avaliação do BC e economia piora e médias caem ao menor nível desde 2018
A avaliação do mercado sobre a gestão do Banco Central (BC) e do Ministério da Economia teve sensível piora no Termômetro Broadcast de fevereiro, em relação à edição anterior, com as médias sobre a percepção em geral de ambos registrando os patamares mais baixos desde meados de 2018, quando o País ainda estava sob o governo de Michel Temer. No caso da Economia, a nota caiu de 7,2 em janeiro para 6,3 no mês passado, a pior desde agosto de 2018, quando também ficou em 6,3. A do BC recuou de 7,1 para 6,6, menor desde junho de 2018 (6,4). Com isso, a média sobre a gestão em geral do BC voltou a ficar acima da nota da Economia, após terem se invertido no levantamento passado. Participaram da atual edição 40 instituições, que responderam ao questionário entre os dias 19 e 28 de fevereiro.
Termômetro Broad – Médias | ||
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Categorias | Janeiro | Fevereiro |
Nota Geral da Fazenda | 7,2 | 6,3 |
Política Fiscal | 7,1 | 6,7 |
Comunicação | 6,2 | 5,4 |
Nota Geral do Banco Central | 7,1 | 6,6 |
Política Monetária | 7,1 | 6,8 |
Política Cambial | 7,0 | 6,5 |
Comunicação | 6,9 | 6,2 |
Fonte: AE Dados |
Entre as notas do BC, o pior desempenho ficou com a Comunicação, que chegou a 6,2, de 6,9 no último Termômetro. A média da Política Monetária caiu de 7,1 para 6,8 e a da Política Cambial, de 7,0 para 6,5.
Fevereiro foi um mês intenso para o BC, especialmente após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no dia 5. Os diretores confirmaram a aposta majoritária do mercado, reduziram a Selic para 4,25%, e, de forma até surpreendente, indicaram que a partir da próxima reunião o ciclo de cortes seria interrompido. A sinalização gerou grande discussão no mercado, principalmente nos dias subsequentes, quando saíram dados fracos de atividade e inflação no Brasil. A indicação do BC foi colocada ainda mais em xeque a partir da última quinzena do mês, quando o mundo foi surpreendido pela epidemia do coronavírus, que gerou uma onda de revisões em baixa para o crescimento mundial e aposta de atuações dos bancos centrais com estímulos monetários. Vários departamentos econômicos também passaram a cortar suas estimativas de PIB para o Brasil este ano para perto de 2%, com algumas casas, como Banco Safra e JPMorgan, já estimando uma expansão abaixo disso.
Diante dessa pressão, cresceu o debate em torno de um possível ajuste na comunicação do BC para preparar o terreno a um eventual corte da Selic.
O câmbio foi outro desafio para a autoridade monetária. O fortalecimento global da moeda levou o dólar aqui a renovar sucessivas máximas nominais históricas durante o mês, encostando nos R$ 4,50. O BC reforçou sua atuação no câmbio com leilões de swap de novos recursos, colocando somente na última semana US$ 2,5 bilhões.
Economia
As médias do Ministério da Economia também recuaram em bloco. Além do recuo (7,2 para 6,3) da avaliação em geral, houve queda ainda na nota da Política Fiscal, de 7,1 para 6,7. A nota da Comunicação teve forte deterioração, ao passar de 6,9 para 5,4.
O Ministério da Economia esteve envolvido em polêmicas via ministro Paulo Guedes, incluindo rumores de que estaria com o cargo em risco em função da persistência da fraqueza da economia e após declarações controversas. Primeiramente, o ministro disse que o funcionário público “virou um parasita e o dinheiro não está chegando no povo”. Depois, ao defender o câmbio mais desvalorizado, disse que na época do dólar a R$ 1,80 estava “todo mundo indo pra Disneylândia”. “Empregada doméstica indo pra Disneylândia. Uma festa danada. Peraí”, afirmou, durante palestra em Brasília, no último dia 12.
O presidente Jair Bolsonaro saiu em sua defesa, em meio ao noticiário crítico ao ministro. “Este ano mal começou, como vou cobrar 2% de crescimento dele?”, indagou.
A expectativa de que a tramitação das reformas pudesse avançar em fevereiro também foi frustrada. De concreto, houve apenas a instalação da comissão mista que analisará a proposta tributária. O envio da reforma administrativa ficou para depois do carnaval.
Os Termômetros Broadcast são produzidos mensalmente pelos profissionais do AE Dados junto a bancos, corretoras, consultorias, gestoras de recursos, instituições de ensino, departamentos econômicos de empresas e outros com histórico de realização periódica de projeções de indicadores econômicos. A série histórica da pesquisa teve início em fevereiro de 2014.
A divulgação dos resultados é feita nos serviços em tempo real do Broadcast na quarta-feira mais próxima do dia 5 de cada mês. Em caso de feriado, a divulgação ocorre no primeiro dia útil subsequente.
São publicados apenas os resultados consolidados da pesquisa. As respostas individuais das instituições ficam em sigilo. A redação da Agência Estado não tem acesso às respostas individuais. O questionário, enviado por e-mail, deve ser respondido uma única vez por instituição, na última semana de cada mês.
Fonte: Agência Estado