Termômetro Broad: Notas do Banco Central recuam em dezembro, com política monetária no foco
São Paulo, 22/12/2016 – A avaliação do mercado financeiro sobre a gestão da equipe econômica piorou em dezembro, mês em que as propostas de reformas fiscais enfrentaram maior resistência no Congresso, os sinais de fraqueza da atividade econômica se acentuaram e provocaram uma certa decepção com a decisão do Banco Central em manter a redução da Selic em 0,25 ponto porcentual e, por fim, as medidas anunciadas para reativar a economia não empolgaram. De acordo com o Termômetro Broad, as notas do Ministério da Fazenda caíram ante novembro, mas foram as do Banco Central que mostraram queda mais expressiva, principalmente a de Política Monetária, que recuou quase 1 ponto.
Em dezembro, 49 instituições participaram da pesquisa, realizada entre os dias 13 e 20. Neste mês, o prazo de coleta das avaliações foi antecipado em razão das festas de fim de ano.
Termômetro Broad – Médias | ||
---|---|---|
Categorias | Novembro | Dezembro |
Nota Geral da Fazenda | 6,4 | 6,4 |
Política Fiscal | 6,3 | 6,2 |
Comunicação | 6,5 | 6,3 |
Nota Geral do Banco Central | 6,6 | 5,9 |
Política Monetária | 6,6 | 5,8 |
Política Cambial | 6,7 | 6,2 |
Comunicação | 6,6 | 6,2 |
Fonte: AE Dados |
Com relação ao Banco Central, a média para a avaliação da gestão em geral caiu de 6,6 para 5,9, enquanto a nota para a Política Monetária ficou em 5,8 em dezembro, de 6,6 no mês anterior. A média da Política Cambial caiu de 6,7 para 6,2 e a da Comunicação, de 6,6 para 6,2.
Em sua última reunião de política monetária de 2016, no dia 30 de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) voltou a cortar a taxa básica em 0,25 ponto, como feito no encontro anterior, de 14,00% para 13,75%. Embora esta fosse a aposta majoritária dos economistas, parte do mercado acreditava haver condições para acelerar o compasso de flexibilização para queda de 0,50 ponto, uma vez também que o câmbio voltou a ficar abaixo de R$ 3,40 após um overshooting em reação à eleição de Donald Trump.
Em boa medida, a percepção de que uma redução maior da Selic já caberia agora teve respaldo na piora das estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 – algumas casas já esperam recuo também no ano que vem -, após resultados frustrantes do terceiro trimestre deste ano (-0,8% na margem) e previsão de outro resultado negativo no quarto. Na visão dos analistas, um aceleração no processo de distensão monetária contribuiria para reanimar a atividade num prazo mais curto.
E como a ata da reunião foi considerada bastante “dovish” ficou a sensação de que o BC reconheceu ter sido conservador em excesso, pois, para muitos analistas, o tom do documento parecia mais explicar um corte de 0,5 ponto do que de 0,25.
Fazenda
As notas da Fazenda recuaram de forma mais discreta, com exceção da média para a gestão em geral, que permaneceu em 6,4. A média para a Política Fiscal, ficou em 6,2, de 6,3, e a da Comunicação cedeu de 6,5 para 6,3.
A aprovação das matérias fiscais no Congresso este mês foi bem menos tranquila do que o previsto, com placares apertados. No dia 13, o governo aprovou em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto dos Gastos por 53 a 16. Na primeira votação no Senado, o placar havia sido mais folgado, com 61 votos a 14.
O parecer da PEC da reforma da Previdência passou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara também com placar apertado, de 31 a 20, com votos contrários de deputados da oposição e também da base aliada.
As medidas voltadas ao crescimento, anunciadas na semana passada, foram consideradas positivas, mas incapazes de trazer impacto de curto prazo, com foco, por exemplo, na desburocratização de processos que possam acelerar o comércio exterior, reduzir os juros e reanimar o crédito, entre outras.
O Termômetro Broad é produzido mensalmente pelos profissionais do AE Dados junto a bancos, corretoras, consultorias, gestoras de recursos, instituições de ensino, departamentos econômicos de empresas e outros com histórico de realização periódica de projeções de indicadores econômicos.
A divulgação dos resultados é feita nos serviços em tempo real do Broadcast na quarta-feira mais próxima do dia 5 de cada mês. Em caso de feriado, a divulgação ocorre no primeiro dia útil subsequente.
São publicados apenas os resultados consolidados da pesquisa. As respostas individuais das instituições ficam em sigilo. A redação da Agência Estado não tem acesso às respostas individuais. O questionário, enviado por e-mail, deve ser respondido uma única vez por instituição, na última semana de cada mês.
.
Fonte: Agência Estado / Autor: Marcelo Augusto – Analista de Base de Dados e Indicadores • Dados