– Estimativa do dólar permanece em R$ 6,00 ao final do ano –
O mercado financeiro ajustou suas expectativas para a economia brasileira em 2025, conforme o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 27 de janeiro. A projeção para o IPCA subiu de 5,08% para 5,5%, marcando a décima quinta alta consecutiva e posicionando-se acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central.
A meta de inflação para 2025 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, situando o limite superior em 4,5%. Com a nova projeção, o IPCA ultrapassa esse patamar, indicando pressões inflacionárias persistentes na economia.
Impacto no câmbio
Paralelamente, as expectativas para a taxa de câmbio mantiveram-se estáveis, com o dólar estimado em R$ 6,00 ao final de 2025. Essa estabilidade nas projeções cambiais sugere que, apesar das pressões inflacionárias, o mercado não antecipa depreciação adicional significativa do real frente ao dólar neste ano.
A relação entre inflação e câmbio é intrínseca. Uma inflação elevada tende a corroer o poder de compra da moeda nacional, podendo levar a uma depreciação cambial. No entanto, a manutenção da projeção do dólar indica que o mercado acredita em medidas compensatórias ou em fatores externos que possam equilibrar essa dinâmica.
Perspectivas para a Selic e o PIB
Em resposta às expectativas inflacionárias, o mercado projeta que a taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano, possa atingir 15% até o final de 2025, recurso que possivelmente o BC utilizará para conter a demanda aquecida e controlar a inflação.
Quanto ao PIB, a estimativa de crescimento para 2025 foi ligeiramente ajustada de 2,04% para 2,06%. Para 2026, entretanto, houve uma revisão para baixo, de 1,77% para 1,72%, refletindo preocupações com o impacto de juros mais altos na atividade econômica.
Desafios e considerações futuras
O cenário atual apresenta desafios significativos para a política monetária brasileira. A desancoragem das expectativas de inflação em relação à meta preocupa o Banco Central, que deve equilibrar medidas de controle inflacionário sem comprometer o crescimento econômico.
Além disso, a estabilidade projetada para o câmbio sugere que fatores externos, como o desempenho da economia global e os preços das commodities, serão determinantes para a trajetória futura da inflação e do crescimento no país.
Em suma, o aumento na projeção da inflação para 5,5% em 2025, aliado à manutenção da estimativa do dólar em R$ 6,00, indica um cenário econômico desafiador, que exigirá atenção redobrada das autoridades monetárias e dos agentes econômicos.
Fonte: BC