Copom eleva Selic para 13,25% ao ano e mantém postura de cautela

Reunião do Copom - (© Marcelo Camargo / EBC
Banco Central reforça combate à inflação em meio à volatilidade cambial

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (29), acompanha a necessidade de controle da inflação, pressionada pela desvalorização do real e pela alta dos preços de alimentos e combustíveis.

Em comunicado, o Copom destacou que a política monetária precisa permanecer contracionista para garantir a convergência da inflação à meta de 3% ao ano, dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. “A deterioração do cenário externo e as incertezas fiscais domésticas exigem maior cautela na condução da política monetária”, afirmou o colegiado.

Câmbio e expectativas inflacionárias

A desvalorização do real ao longo de 2024 foi um dos fatores determinantes para a decisão do Copom. Com o dólar cotado acima de R$ 6,00 e acumulando alta de mais de 20% no ano passado, os preços de bens importados subiram significativamente, pressionando os índices inflacionários.

De acordo com o boletim Focus, as projeções para o IPCA em 2025 foram ajustadas para cima, alcançando 5,2%, acima do teto da meta. O cenário preocupa o mercado, que vê uma possível necessidade de novas elevações da Selic caso a inflação permaneça resistente.

Perspectivas para a política monetária

A decisão do Copom sinaliza que a taxa básica de juros poderá permanecer elevada por um período mais longo do que o inicialmente previsto. “O Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pela evolução da inflação e pelo impacto da política fiscal”, diz o comunicado.

Para as próximas reuniões, o Banco Central indicou que acompanhará de perto os desdobramentos da inflação e do câmbio antes de definir novos ajustes na Selic. No entanto, economistas já projetam que a taxa de juros pode superar os 14% ainda em 2025, caso as pressões inflacionárias não diminuam.

A decisão do Copom reflete o desafio de equilibrar o controle da inflação com o impacto dos juros elevados sobre o crescimento econômico. O Banco Central reitera o compromisso com a estabilidade dos preços, destacando que a política monetária continuará sendo calibrada conforme necessário para garantir a ancoragem das expectativas inflacionárias.


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