Mercado financeiro ajusta previsões de inflação e câmbio

Banco Central do Brasil - Foto: Agência Brasil
– Pressões externas e internas impactam a economia e mantêm dólar em alta –

O mercado financeiro revisou para cima suas projeções para a inflação e o câmbio em 2024, sinalizando um cenário de desafios econômicos em um contexto de instabilidade global. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve sua estimativa elevada de 4,84% para 4,89% este ano, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central. Ao mesmo tempo, a cotação do dólar, que já acumula alta significativa em 2024, deve encerrar o ano a R$ 5,99, mantendo-se como fator crítico no controle inflacionário.

Impactos do câmbio sobre a inflação

A alta do dólar contribuiu diretamente para o aumento do custo de bens importados e insumos industriais, pressionando a cadeia de produção e, por consequência, o consumidor final. Produtos básicos como combustíveis e alimentos continuam entre os mais impactados. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulado nos últimos 12 meses foi de 4,87%, superando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (4,5%).

Taxa de juros e controle inflacionário

Para conter as pressões inflacionárias, o Banco Central elevou a taxa Selic para 12,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A decisão reflete a estratégia de segurar o excesso de demanda e conter a desvalorização cambial, que tende a amplificar os custos internos. No entanto, juros mais altos encarecem o crédito, afetando diretamente a atividade econômica e o crescimento do PIB.

O Copom sinalizou ainda novas elevações da Selic em janeiro e março de 2025, caso as condições macroeconômicas não apresentem alívio. A meta de inflação para 2024 permanece em 3%, mas a expectativa do mercado indica que o índice deve fechar acima desse patamar.

Perspectivas para o dólar e o crescimento econômico

As previsões para a cotação do dólar refletem tanto os desafios externos, como a instabilidade dos mercados globais, quanto os internos, como os riscos fiscais e a percepção de fragilidade nas contas públicas. Para 2025, espera-se que a moeda norte-americana atinja R$ 5,85, indicando um período prolongado de câmbio elevado.

Apesar das dificuldades, a economia brasileira mostrou resiliência em 2023, com crescimento acumulado de 3,3% até setembro e uma alta de 0,9% no terceiro trimestre. Para 2024, no entanto, a expansão deve desacelerar, com projeção de crescimento do PIB em 2,01%, segundo as expectativas das instituições financeiras.

O cenário econômico para 2024 é marcado pela necessidade de um equilíbrio delicado entre o combate à inflação e a promoção do crescimento. Com o dólar em patamares elevados e o mercado financeiro ajustando constantemente suas previsões, o Banco Central enfrenta o desafio de alinhar a política monetária a uma conjuntura interna e externa de alta complexidade.


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