Copom sinaliza para duas novas altas de 1 ponto percentual na Selic em 2025

– BC reforça postura contracionista diante do câmbio e cenário inflacionário –

Banco Central intensificou a política monetária para conter a inflação e volatilidade cambial. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu, em sua última reunião de 2024, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, fixando-a em 12,25% ao ano.

A decisão foi influenciada por pressões inflacionárias persistentes e pela recente desvalorização do real frente ao dólar, que no dia de hoje (17/12) ultrapassou a casa dos R$ 6,10. O Copom destacou que a percepção negativa dos agentes econômicos em relação ao pacote fiscal anunciado pelo governo contribuiu para a deterioração do cenário macroeconômico, exigindo uma postura monetária mais restritiva.

“Nota-se que tanto o prêmio de inflação extraído dos instrumentos financeiros quanto as expectativas de inflação se elevaram no período, tornando o cenário de inflação mais adverso e requerendo uma política monetária mais contracionista”, defendeu o Comitê.

Perspectivas para 2025

O Comitê indicou a possibilidade de novos aumentos de 1 ponto percentual na Selic nas próximas reuniões, previstas para janeiro e março de 2025, caso as condições econômicas atuais se mantenham. Essa estratégia visa alinhar a inflação à meta de 3% estabelecida para o próximo ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

“O Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões. A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, disse o Copom.

O Copom também menciona a conjuntura econômica internacional, especialmente as incertezas nos Estados Unidos e a desaceleração da economia chinesa, como fatores que adicionam volatilidade ao mercado cambial brasileiro. Esses elementos reforçam a necessidade de cautela na condução da política monetária doméstica.

Analistas do mercado financeiro já previam a elevação da Selic para 12,25% e estimam que a taxa possa atingir 14,25% ao longo de 2025, dependendo da evolução da inflação e do câmbio. As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram ajustadas para 4,89% em 2024 e 4,6% em 2025, ambos acima da meta estabelecida pelo Banco Central.

Compromisso do BC com a estabilidade

Este aumento marca a terceira elevação consecutiva da Selic, que retorna ao patamar de dezembro do ano anterior. Após um período de cortes e estabilidade, o Banco Central retomou o ciclo de alta dos juros em setembro de 2024, com incrementos graduais que culminaram na atual taxa.

O Banco Central reafirmou seu compromisso com a estabilidade de preços e destacou a importância de políticas fiscais responsáveis para auxiliar no controle inflacionário. A instituição enfatizou que a eficácia da política monetária depende de um ambiente fiscal equilibrado e de reformas estruturais que promovam a confiança dos agentes econômicos.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão [de aumento da Selic] também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz a ata.

Próximos passos

O mercado aguarda as duas próximas reuniões do Copom para avaliar a continuidade do ciclo de aperto monetário e seus impactos na economia brasileira. A comunicação transparente do Banco Central será crucial para alinhar as expectativas e minimizar a volatilidade nos mercados financeiros.


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