Dólar recua a R$ 5,56 e Ibovespa cai ao menor nível em um mês

Expectativa por pacote fiscal impulsiona real e pressiona bolsa

O dólar comercial fechou em forte queda nesta sexta-feira, 6 de junho de 2025, cotado a R$ 5,56, o menor patamar em oito meses, refletindo a expectativa do mercado por um novo pacote fiscal do governo brasileiro. Já o Ibovespa, principal índice da B3, recuou 0,1%, encerrando aos 136.102 pontos, o nível mais baixo desde 7 de maio, pressionado por apostas de nova alta na Selic.

A valorização do real foi impulsionada pela perspectiva de substituição da alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) por um corte de R$ 40 bilhões em benefícios tributários, conforme sinalizado pela equipe econômica do governo. O dólar, que chegou a R$ 5,61 na máxima do dia, recuou ao longo da tarde, atingindo R$ 5,56 por volta das 16h30. Em junho, a moeda acumula queda de 2,63%, e no ano, a desvalorização já alcança 9,6%.

Enquanto o mercado de câmbio reagiu positivamente às notícias fiscais, a bolsa enfrentou um terceiro dia consecutivo de perdas. A possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a Selic em 0,25 ponto percentual na reunião de 17 e 18 de junho pesou sobre as ações, já que juros mais altos favorecem a migração para investimentos de renda fixa, menos voláteis.

Influências externas e internas no mercado

No cenário internacional, dados robustos de emprego nos Estados Unidos, divulgados em 6 de junho, inicialmente fortaleceram o dólar, que abriu o dia em alta. Contudo, a notícia de que representantes comerciais dos EUA e da China se reunirão em Londres na segunda-feira, 9 de junho, trouxe otimismo aos investidores, contribuindo para a queda da moeda americana no Brasil.

Internamente, o mercado financeiro reflete um misto de cautela e esperança. A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, segundo posts recentes, mas a inflação medida pelo IGP-DI registrou deflação de 0,85% em maio, sugerindo alívio nos preços. Esses dados, combinados com a expectativa de ajustes fiscais, mantêm o real valorizado, mas pressionam a bolsa.

Perspectivas para a economia brasileira

A queda acumulada do dólar em 2025, próxima de 10%, sinaliza confiança na condução econômica, mas também expõe desafios. A valorização do real pode beneficiar importadores e aliviar pressões inflacionárias, mas prejudica exportadores, que enfrentam menor competitividade. Além disso, a Selic em 14,75% reforça o aperto monetário para conter a inflação, que, embora em deflação pontual, segue como preocupação.

O Ibovespa, com perdas de 0,67% na semana, reflete a incerteza em torno da política monetária e do ambiente global. Analistas apontam que a reunião do Copom será decisiva para definir o ritmo dos juros e o impacto na bolsa, que enfrenta um momento de baixa volatilidade, mas com viés de queda.

Cenário de transição e desafios à frente

O mercado financeiro brasileiro vive um momento de transição, com o real fortalecido e a bolsa sob pressão. A expectativa pelo pacote fiscal, que pode incluir medidas de contenção de gastos, é vista como um passo para estabilizar as contas públicas, mas a alta da Selic pode limitar o crescimento econômico. Investidores seguem atentos às decisões do Copom e às negociações comerciais globais.

Em suma, o cenário combina otimismo momentâneo no câmbio, com o dólar no menor nível em meses, e cautela no mercado, que enfrenta desafios com juros altos e incertezas externas. A economia brasileira, apesar do crescimento inicial, sofre com desequilíbrios fiscais e gastos elevados do governo.


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