Mercado reduz projeção do IPCA para 2025 e sobe estimativa do PIB

Sede do Banco Central do Brasil em Brasília - (© Rafa Neddermeyer / Agência Brasil)
Dólar projetado a R$ 5,80 favorece exportadores, mas encarece importações

O mercado financeiro ajustou suas projeções econômicas, conforme o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, 9 de junho. A estimativa para a inflação medida pelo IPCA caiu de 5,46% para 5,44% em 2025, ainda acima do teto da meta de 4,5%, enquanto a projeção para o PIB de 2026 subiu de 1,80% para 1,81%. O dólar, projetado em R$ 5,80 para o fim de 2025, contra R$ 5,57 no mercado atual, encarecerá ainda mais as importações, mas impulsiona exportadores.

Atualmente, o dólar a R$ 5,57, embora ainda super apreciado beneficia importadores, reduzindo custos de insumos e bens de consumo, como eletrônicos, favorecendo setores como tecnologia e varejo. Já a projeção de R$ 5,80, uma desvalorização de 4,1% do real, torna importações mais caras, mas aumenta a competitividade de exportações, como soja e minério de ferro, elevando a rentabilidade de setores agrícolas e industriais.

Inflação em leve recuo e juros estáveis

A revisão para baixo da inflação de 2025, de 5,46% para 5,44%, sugere alívio nas pressões de preços, embora o índice permaneça acima do teto da meta de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual. Para 2026, a projeção do IPCA se mantém em 4,50%, enquanto o IGP-M caiu de 4,24% para 4,16% em 2025, indicando desaceleração nos preços de mercado. Esses números reforçam a cautela do Banco Central.

A taxa Selic, projetada em 14,75% para 2025 pela quinta semana consecutiva, reflete o combate à inflação persistente. A previsão de queda para 12,50% em 2026 sugere um alívio gradual, mas o aperto monetário eleva o custo do crédito, limitando investimentos. Juros altos atraem capital estrangeiro, sustentando a força do real no curto prazo.

Impactos do câmbio no comércio exterior

A projeção do dólar a R$ 5,80 para 2025, com leve correção para R$ 5,89 em 2026, encarece bens importados, como máquinas e eletrônicos, pressionando custos de indústrias e varejo. Em contrapartida, exportadores ganham com a desvalorização do real, que torna produtos brasileiros mais competitivos no exterior, beneficiando setores que respondem por cerca de 20% do PIB.

A balança comercial, com superávit de US$ 20 bilhões no primeiro trimestre de 2025, pode se beneficiar da projeção cambial, já que exportações de commodities agrícolas e minerais ficam mais atrativas. Empresas exportadoras, no entanto, pedem incentivos, como crédito direcionado, para maximizar ganhos. A queda nos preços administrados do IPCA, de 4,57% para 4,55% em 2025, alivia tarifas públicas, favorecendo consumidores.

Perspectivas para crescimento e desafios fiscais

A projeção para o PIB de 2026, ajustada para 1,81%, indica uma recuperação moderada, enquanto as estimativas para 2027 e 2028 permanecem em 2%. O crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025 dá base para otimismo, mas a alta da Selic e os gastos públicos elevados limitam o potencial econômico. O Copom, que se reúne em 17 e 18 de junho, será crucial para definir o rumo dos juros.

O cenário de inflação em leve recuo e câmbio projetado mais alto reflete um equilíbrio delicado. A desvalorização do real favorece exportadores e alivia a balança comercial, mas pressiona importadores, exigindo ajustes na política econômica. O Boletim Focus aponta para uma economia em transição, com inflação sob controle relativo e crescimento tímido.


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